Violência

Briga entre alunos de escola no DF motiva transferência de estudantes

Vídeo mostra briga em frente a escola de Taguatinga Sul, após saída dos estudantes do turno da tarde. De acordo com a Secretaria de Educação, os alunos envolvidos na confusão deverão ser transferidos para outras instituições

Um vídeo mostra uma briga generalizada entre vários estudantes em frente ao Centro de Ensino Médio Asa Branca (Semab), em Taguatinga Sul. O caso ocorreu na saída dos alunos do turno vespertino, na última sexta-feira (26/8). Nas imagens é possível ver dois estudantes sendo agredidos por um grupo de mais de 10 alunos. Todos são da escola e deverão ser transferidos para outras instituições de ensino do DF.

Apesar do caso ter ocorrido na última sexta, a situação ganhou repercussão somente nessa segunda-feira (29/8). De acordo com estudantes que presenciaram a confusão em frente ao colégio, alguns alunos envolvidos na briga já se estranhavam há algum tempo e o motivo foi uma provável rivalidade entre dois jovens que queriam conquistar uma adolescente. A disputa teria causado a briga. Veja o vídeo.

Em determinado momento das imagens dois alunos levam chutes e socos dos rivais, que estavam em um grupo de dez. Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF), todos os estudantes envolvidos na confusão foram identificados e os próprios responsáveis solicitaram a transferência deles para outras instituições de ensino.

O Correio esteve no colégio na tarde desta segunda-feira (29/8) no Cemab e constatou a presença de uma viatura com dois policiais militares em frente à escola, além de um pequeno princípio de confusão após às 18h. Estudantes ouvidos pela reportagem relataram que é a primeira briga no colégio neste ano e que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não é tão presente nos arredores da escola.

Em nota, a PMDF afirmou que foi acionada para a ocorrência na sexta-feira (26/8), mas que quando chegou os estudantes já não estavam no local. Ainda de acordo com a corporação, viaturas fazem policiamento na localidade com rondas periódicas e que, nos próximos dias, uma viatura fixa permanecerá nas proximidades da escola. A mãe de um dos alunos agredidos, que não quis se identificar,  disse que vai fazer o boletim de ocorrência na delegacia. O Correio não conseguiu falar outras mães, cujos filhos estavam envolvidos na briga.

Violência nas escolas (memória)

18 de março

Um jovem foi esfaqueado por outro estudante em uma escola pública em Ceilândia Sul. Ao tentar defender um colega em outra briga, ele levou socos, chutes e facadas no quadril. Os dois envolvidos eram menores de 17 anos.

22 de março

Durante uma discussão em frente ao Centro Educacional São Francisco, em São Sebastião, uma jovem tirou da bolsa um revólver e apontou para a cabeça de outra estudante. A PM informou que ela era uma “velha conhecida” da corporação.

23 de março

Na Escola Fundamental do Bosque, em São Sebastião, uma adolescente de 14 anos recebeu socos e facadas. O autor, um jovem de 15 anos, acertou a vítima pelas costas, enquanto ela bebia água na quadra de esportes.

30 de março

Foi preso um estudante de 20 anos por planejar massacres em escolas de Brasília. Morador da Asa Sul, o jovem foi preso com uma arma de airsoft, facas, canivetes, um taco de beisebol e uma máscara do personagem Jason Voorhees, personagem de Sexta-Feira 13.

5 de maio

Em uma briga generalizada na frente do Centro de Educação Fundamental 4 (CEF 4), de Planaltina, três alunos foram conduzidos para a delegacia. Um facão e um soco inglês com ponta de canivete foram apreendidos com os menores.

14 de junho

Na escola militarizada Centro Educacional 01 (CED), na Estrutural, duas estudantes trocaram chutes, socos, tapas e puxões de cabelo. Na época, a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) afirmou que foi um “caso pontual”.

28 de junho

Dois alunos, de 13 e 16 anos, foram esfaqueados na mão e nas costas, em uma escola no Recanto das Emas. O canivete, usado por um adolescente de 16 anos, foi emprestado por um colega da escola.

Palavra de especialista

Welliton Caixeta Maciel, professor de Antropologia do Direito na UnB e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança da Universidade de Brasília (UnB).

"Temos observado uma escalada da violência nas escolas do DF e no país, o que evidencia que a violência tem sido cada vez mais utilizada não apenas entre estudantes, mas também enquanto código moral compartilhado de sociabilidade, o que, certamente, tem sido influenciado pela conjuntura social e política de acesso facilitado a armas de fogo, de difusão do ódio, pelo estímulo da conflitualidade e da intolerância, pela ideologia de resolução de conflitos interpessoais utilizando métodos ilegais e ilegítimos uma vez extremamente violentos".

Questionado se o período da pandemia pode influenciar, principalmente porque os alunos ficaram fora da sala de aula por um grande período, o especialista acredita que sim, mas que outros fatores podem influenciar violência dentro do ambiente escolar. "Sucateamento das escolas, salas abarrotadas, professores lidando com o limite do real da profissão. Mas também não podemos fechar os olhos para as violências que os estudantes sofrem em outros espaços, como o da casa e da rua. Com isto, o espaço das escolas acaba se tornando o locus para extravasamento dessas violências, desencadeando outras violências, tais como: depredação do espaço físico, pichações, brigas, bullying e cyberbullying, insultos, discriminações, indisciplina, além de atitudes criminosas, como furtos, vias de fato, uso e porte de substância entorpecente etc", pontua.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 

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