Nesta quarta-feira (24/8), o Podcast do Correio recebeu Cristovam Buarque, que já foi reitor da Universidade de Brasília, ministro da educação, governador do DF e senador. Em conversa com Denise Rothenburg e Ana Maria Campos, colunistas do Correio Braziliense, Cristovam explicou sobre a decisão de se afastar da política para se dedicar à literatura e declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT), de quem foi ministro em 2003, uma década antes de votar pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) — atitude que, segundo ele, causou um “divórcio traumático” com o Partido dos Trabalhadores.
Após anos de vida pública, o ex-governador do DF disse que apenas mudou de dedicação profissional. “Em vez de buscar eleitor, agora busco leitor”. Apesar de não ser candidato nestas eleições, ele ressalta que participa do contexto político e que mantém contato com candidatos, especialmente os do Distrito Federal. Após sair do Senado em 2019, Cristovam publicou três livros, entre eles O mundo é uma escola - o que eu aprendi em viagens, lançado no início de abril deste ano.
Ao todo, o ex-governador tem, ao menos, 33 livros publicados sobre variados temas, como educação, história, economia e sociologia, sendo três infantis - A borboleta azul, A rebelião das bicicletas e outras histórias e O tesouro na rua, uma aventura sobre a história econômica do Brasil.
O ex-senador explicou que o afastamento da política se deu por diversas razões, como a convicção de que ele está na idade de fortalecer a carreira de escritor, já ter contribuído com os mandatos que exerceu e não ter visto nenhum partido que o entusiasme. Filiado ao Cidadania, Cristovam disse que desaprovou a federação que o partido fez com o PSDB.
"Lula ainda é o melhor candidato"
Cristovam Buarque foi ministro da educação no governo do ex-presidente Lula, em 2003. Sobre a relação com o PT, o ex-senador e escritor disse que o voto favorável ao impeachment da Dilma gerou um “divórcio traumático”, mas que a relação vem sendo restabelecida.
Sobre o impeachment, ele ressaltou que considera que seria incoerência não votar a favor. “Se eu for olhar do ponto de vista de uma análise, eu não poderia fazer diferente, pois passei dois anos dizendo que a presidente Dilma estava cometendo crime de responsabilidade. Fiz audiência pública no Senado, escrevi um relatório em que dizia isso. Acho que votar contra seria incoerência. Do ponto de vista do custo pessoal, digo ‘será que valeu a pena?’”, disse.
Saiba Mais
No entanto, apesar dos desentendimentos que teve com o partido, Cristovam declarou apoio a Lula, candidato à presidência da República. “Com toda a polarização que existe, o Lula ainda é o melhor dos candidatos para fazer uma coesão nacional , é o que tem mais capacidade de colocar empresários e trabalhadores, agronegócio e ambientalistas, analfabetos e universitários”, avaliou o escritor.
Acerca da chapa Lula-Alckmin, Cristovam destaca que a presença do ex-tucano na candidatura é positiva, pois demonstra que o petista percebeu “que foi um equívoco o conflito PT e PSDB entre 1992 e 2018”. “Em vez de se unirem para dar coesão e rumo ao Brasil, se dividiram”, diz. Na perspectiva do escritor, o PT e o PSDB são “paulistanos” demais e “ficam pensando quem vai ser o próximo prefeito de São Paulo e brigam no Brasil inteiro”.
Sobre os casos de corrupção nos governos do PT, ele destaca ser necessário que o Lula assuma os acontecimentos. “Dizer que o outro é pior e também faz não deve ser explicação para o que houve, deveria ter outra explicação que é a falha, falhou”, diz. Ele ainda sugeriu a criação de um comitê especial de luta contra a corrupção formado por pessoas escolhidas pela sociedade civil, e não pelo presidente.
O podcast do Correio
O podcast está disponível no Spotify e no Apple Podcasts, além do estar disponível em formato de vídeo no canal do Correio Braziliense no YouTube. Com apresentação das jornalistas Denise Rothenburg e Ana Maria Campos, ambas colunistas de Política do jornal e membros da bancada de entrevistadores do programa CB.Poder, realizado em parceria do Correio com a TV Brasília.