Aquecido no Distrito Federal, o mercado imobiliário apontou alta no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019, último ano antes da pandemia. A pesquisa do Índice de Velocidade de Vendas (IVV) é uma iniciativa do setor construtivo e imobiliário, levantada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no DF (Sinduscon-DF) e pela Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi-DF), em parceria com o Sebrae-DF.
Brasília fechou a primeira parte do ano com 8,1%, contra 7,6% de 2019. O mês com o melhor desempenho foi o de março, com 10,1%. Em seguida vem fevereiro — 9,0%. A pior taxa registrada foi em janeiro — 5,2%. De acordo com o Sinduscon-DF, a partir desses dados, é possível criar um panorama do mercado imobiliário, identificando tendências no comportamento dos preços praticados, tipologias das unidades residenciais e características, destacadas por região, apontando a velocidade de absorção dos imóveis na cidade.
As Regiões do DF que mais venderam imóveis nos períodos analisados foram Noroeste e Samambaia, seguidas de Águas Claras. De acordo com o presidente da Ademi-DF, Eduardo Aroeira Almeida, esse aumento se dá, principalmente, por causa dos efeitos da pandemia na população. "Durante a pandemia os imóveis passaram a ser vistos como um bem que traz qualidade de vida. Com o isolamento, as pessoas começaram a se preocupar com o local que passavam muito tempo, que eram suas casas. Muitos passaram a buscar um imóvel pela segurança e pelo conforto. E isso fez com que o mercado imobiliário se movimentasse", explicou.
Além disso, ele ressalta que nos dois últimos anos, durante a pandemia, as taxas de financiamento para aquisição do imóvel estavam no seu mínimo histórico. "Isso impulsionou bastante as vendas. Faz com que a prestação do imóvel seja mais baixa e, assim, caiba no bolso do nosso consumidor. Então, isso estimula a compra de imóveis principalmente novos. Até quem não tinha a compra de um imóvel como prioridade, adquiriu", completou Eduardo.
A gerente de loja Sara Priscila de Lima, 39 anos, comprou um imóvel em Águas Claras em fevereiro. Durante a pandemia ela teve dificuldades para manter o aluguel e quase foi despejada. A situação a motivou a investir na casa própria. "Esse nunca foi o meu sonho, mas quando me vi numa situação em que estava sem emprego e tudo fechado, sem nenhuma possibilidade de fonte de renda, percebi que ter o meu lugar era uma necessidade", contou.
A mineira, que mora em Brasília há 23 anos, aproveitou os juros baixos e, assim que conseguiu uma renda, financiou o imóvel. "É uma segurança para mim e para o meu filho. Se alguma coisa acontecer, sem teto a gente não fica. E hoje eu vejo que foi um bom investimento, sei que as parcelas são para algo. Diferente do aluguel, que você paga e no fim, saí sem nada", completou Sara.
Oportunidade
O presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Júnior, compartilha a percepção, mas acrescenta que a movimentação de investidores, que passaram a focar no mercado imobiliário, também responde pelo aumento. "A taxa de juros, nesse período, ficou bastante reduzida, então, facilitou demais a compra de novos imóveis. Isso fez com que o investidor, que tinha seu dinheiro aplicado, mas não estava rendendo por conta das taxas de juros altas, migrasse para o mercado imobiliário", explicou.
O empresário José Aurélio Lages, 52 anos, foi um dos que viu uma ótima oportunidade de investimentos no ramo imobiliário. "Eu tinha receio em investir em imóveis. Mas durante a pandemia, nada estava rendendo. Aproveitei as taxas baixas e resolvi arriscar. Comprei dois apartamentos e como as taxas de juros hoje estão mais altas, as pessoas estão alugando ao invés de comprar, o que me beneficia", contou.
Cuidados
Apesar de ser o sonho de muita gente, a compra de um imóvel é uma decisão que precisa ser muito bem analisada, para que o sonho não vire pesadelo. O economista César Bergo, professor da Universidade de Brasília (UnB), orienta mais atenção na compra de imóveis na planta.
"Com a inflação do índice nacional de construção civil, que está bem elevado, os contratos acabam sendo reajustados por ele. Então, às vezes, o salário não acompanha. E o que ocorrer é a pessoa assumir um compromisso e a prestação vai subindo acima do salário. Então, o cuidado que tem que ter é esse", apontou.