No segundo bloco do debate promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília nesta quinta-feira (18/8) houve embates diretos entre os seis candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) presentes. Cada político teve um minuto para fazer a pergunta a outro candidato escolhido por ele. Este, por sua vez, teve um minuto e 30 segundos para a resposta, com direito a réplica de 45 segundos. O tempo de tréplica foi também de 30 segundos.
Estiveram presentes o senador Izalci Lucas (PSDB), pela Federação PSDB-Cidadania; a assistente social e conselheira tutelar Keka Bagno (PSol), da Federação PSol-Rede; o distrital Leandro Grass (PV), da Federação PV-PT-PCdoB; a senadora Leila Barros (PDT); o empresário e ex-vice-governador do DF Paulo Octávio (PSD); e o ex-secretário de Educação Rafael Parente (PSB). Candidato à reeleição, o governador Ibaneis Rocha (MDB) não compareceu.
Sorteado, o ex-vice-governador do DF Paulo Octávio (PSD) escolheu a senadora Leila Barros (PDT) para o primeiro embate. Antes de fazer a pergunta, ele comentou que apesar de Brasília ter o maior orçamento de saúde do Brasil e cinco médicos para cada mil habitantes, a capital deixa a desejar. "As pessoas estão nas filas, nos precisamos fazer mutirão de saúde, nós temos um desafio enorme. Mas o que mais me preocupa, na gestão de saúde, é o carisma do secretário de Saúde, que precisa estar na ponta e saber o que está acontecendo", afirmou. Em seguida, emendou: "Leila, o que você pensa sobre a saúde do DF?".
A senadora concordou com Paulo Octávio ao afirmar que a saúde em Brasília preocupa. "Queria dizer que nos últimos 16 anos o senhor está certo. Brasília vem sofrendo com essa prestação de serviço de política pública para a população. No meu governo vamos investir em rede física. Nós comentamos aqui e vi alguns comentários a respeito da rede física, (é preciso) investir em UBS, mas também temos carência de hospitais. Os hospitais hoje estão envelhecidos, as estruturas estão sucateadas e nós sabemos que algumas regiões necessitam, de fato, de um hospital", afirmou.
Quando Paulo Octávio comentou sobre a fila de mais de 22 mil pessoas aguardando atendimento no DF, Leila novamente concordou com a urgência na saúde. "É necessário, sim, um mutirão, é necessário, sim, uma parceria com a rede privada. E concordo, acho que o servidor da saúde anda sobrecarregado e que nós temos que dar condição de trabalho para eles, equipar os hospitais, as UBSs, as UPAS, os insumos e acima de tudo, concordo com você, valorizar (o secretário de Saúde). O governo precisa estar próximo desses servidores que são os que estão na ponta, fazendo a prestação de serviço para a população, que está sofrendo há 16 anos com a saúde do DF."
Transporte público
Em seguida, Leila comentou sobre o encontro com Keka Bagno (PSol) na rodoviária do Plano Piloto, onde "se esbarraram" recentemente, e aproveitou para pedir à candidata que comentasse a situação precária do local e do transporte no DF. “Foi maravilhoso te encontrar (na rodoviária do Plano Piloto), e a gente reafirma o nosso compromisso enquanto mulheres candidatas ao GDF. Se o governador Ibaneis Rocha tivesse qualquer compromisso com o DF, estaria hoje aqui, mas não está. A rodoviária do Plano Piloto é um grande desafio para todos os governos, (porque) não tem interesse nem no investimento nos transportes públicos, nem na estrutura que elas estão, porque são dezenas e milhares de trabalhadores (que precisam). Se a gente tivesse o interesse em governança, a gente teria possibilidades e modais de acessibilidade, de inclusão, de segurança para mulheres. É um bem-estar digno."
Ainda segundo Keka, é preciso fazer "um debate mais profundo sobre as tarifas do transporte público, que são elevadas e não correspondem aos modelos de transporte hoje, que são precarizados. Precisamos compreender que, sem transporte público, não há trabalho, educação com dignidade. As pessoas sofrem muito com a rodoviária, mas o transporte público em geral."
Saiba Mais
Governo Lula
Depois seria a vez de Ibaneis. Como ele não compareceu, Leandro Grass escolheu Paulo Octávio para o embate. "Ibaneis fugiu, vou perguntar a você remetendo ao último debate que Ibaneis disse que o governo Lula foi o pior para o DF porque não tinha sintonia. Você viu de perto essa relação, eu queria saber se de fato foi um governo ruim para o DF ou se Ibaneis mentiu."
Paulo Octávio afirmou ter aprovado o primeiro mandato do governo Lula, mas não ao segundo, se dizendo contra a reeleição. "Importante reconhecer que o governo Lula fez muito pelo DF, foram quase 90 mil que saíram da linha da pobreza, quase 50 creches construídas, gerou quase um milhão de empregos novos, ampliação dos campus da unb, campus da Ceilândia, Planaltina, Gama. Infelizmente Ibaneis enganou mais uma vez, que não sabe da história. Reafirmo a necessidade de ter um governo alinhado com o governo federal, enquanto candidato apoiado pelo presidente Lula, vamos nos comprometer a fazer o melhor pelo DF", finalizou Grass.
Educação
Em seguida, o candidato Parente perguntou a Izalci sobre as propostas na área da educação, citou problemas de violência e indisciplina dentro das escolas e questionou quais ações Izalci tomará para que profissionais de educação e estudantes sintam-se seguros e aplicados nas escolas. O candidato respondeu que é necessário trabalhar a questão psicológica dos alunos e professores e aproveitou para alfinetar Ibaneis Rocha.
“Educação é o único instrumento de transformação. Lamentavelmente, o governo Ibaneis não aproveitou o tempo da pandemia para fazer a reestruturação da infraestrutura. Metade dos alunos não teve acesso à internet. Nós temos jovens no quinto ano que não sabem ler e escrever. As escolas não têm nenhuma atração. É um desafio muito grande. Ibaneis disse que o grande investimento foi a compra de carteiras. Uma coisa absurda. Vamos fazer, de imediato, algo para trazer os alunos de volta. Também temos que trabalhar a questão psicológica dos alunos e professores”, alegou.
Parente lembrou ainda as ações que realizou quando ainda era secretário da Educação. “Quando fui secretário, distribuímos 30 mil notebooks para os educadores do DF. Mas não basta entregar, se não existe uma estrutura. Na educação, é preciso prazer, para ir às escolas. Vamos colocar esportes e música nas escolas. Dar autonomia aos professores, além de melhorar as merendas que são oferecidas.”
Bolsa de R$ 400
O candidato, então, devolveu a pergunta a Parente que respondeu destacando a necessidade de valorização dos profissionais da educação, citou uma eventual oferta de bolsa para estudantes por bom comportamento e a distribuição de laptops para alunos da rede pública.
“Precisamos valorizar os profissionais de educação, cumprindo o plano distrital de educação, reajustes, revisão plano carreira. Boto fé na ciência, dar laptop no primeiro ano e quando o aluno conclui o terceiro ano médio, pode levar para casa. Daremos bolsa de R$ 100 ao aluno desde que ele apresente bom comportamento. Também teremos clubes de ciência e programação com bolsas de R$ 400 aos alunos”, relatou.
Segurança
Na área de segurança pública, a candidata Keka Bagno perguntou a Parente sobre os planos de seu eventual governo para a prevenção de crimes contra as mulheres. Ele rebateu que é preciso leis mais duras e maior qualificação policial para atender casos envolvendo o público feminino.
“Casos de violência contra as mulheres têm crescido muito no DF. Temos que ter medidas efetivas na prevenção, saúde, educação e pensar em qualificar policiais para que atendam às mulheres vítimas de violência. Precisamos de punições mais exemplares a quem comete crime contra a mulheres. No final das contas, caso não tenha punição, a mensagem é a de que o crime contra a mulher compensa”, comentou Keka.
Já o candidato Leandro Grass em pergunta a Paulo Octávio questionou sobre o governo Lula no DF. “Vou perguntar a você remetendo ao último debate, quando Ibaneis disse que o governo Lula foi o pior para o DF porque não tinha sintonia. Você viu de perto essa relação. Eu queria saber se de fato foi um governo ruim para o DF ou se Ibaneis mentiu?”
Paulo Octávio avaliou que a gestão petista “fez muito pelo DF” e que é preciso um governo local alinhado com o governo federal. “Foram quase 90 mil que saíram da linha da pobreza, quase 50 creches construídas, gerou quase um milhão de empregos novos, ampliação dos campus da UnB, campus da Ceilândia, Planaltina, Gama. Infelizmente, Ibaneis enganou mais uma vez, que não sabe da história. Reafirmo a necessidade de ter um governo alinhado com o governo federal, enquanto candidato apoiado pelo presidente Lula, vamos nos comprometer a fazer o melhor pelo DF”, rebateu Grass.
CPI da Covid
Em seguida, Izalci pediu que Grass comentasse a importância da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. "O trabalho da comissão foi muito importante, revelador de muitos problemas. Em abril de 2020, eu encaminhei as denúncias dos testes superfaturados que foram vendidos por empresas de brinquedos e alimentos. Depois da denúncia dos hospitais de campanha, Ibaneis escolheu o quinto melhor preço, um diferença de R$ 2 milhões. Só quem perdeu alguém para a covid-19 sabe a dor e a incompetência que foi esse governo, foi criminoso, ele se orgulha em dizer que foi o primeiro a promover o isolamento social, mas também tivemos as maiores denúncias, assim como no governo federal. Ibaneis, com a sua atitude incompetência, fez do DF um dos polos de morte, se não fosse o trabalho do ministério público, dos parlamentares seria muito pior", criticou Grass.