ELEIÇÕES 2022

Corrida ao Senado pelo DF não tem representantes pretos; 9 de 11 são brancos

Se comparada a 2018, a falta de representantes pretos em 2022 pode ser considerada sistêmica: no último pleito, Marivaldo Pereira (PSol) foi o único candidato ao Senado a se declarar preto

O Distrito Federal não tem nenhum representante preto na corrida para conquistar uma vaga no Senado Federal e representar a população distrital na casa legislativa. Dos 11 candidatos que se registraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a disputa, nove se declaram brancos e dois se consideram pardos.

Alexandre Bispo (PSDB), Damares Alves (Republicanos), Elcimara (PSTU), Expedito Mendonça (PCO), Joe Valle (PDT), Marcelo Hipólito (PTB), Pedro Ivo Mandato Coletivo (Rede), Rosilene Corrêa (PT) e Tenente Cel Souza Júnior (DC) se autodeclararam brancos (81,8%). A deputada Flávia Arruda (PL), que disputa neste pleito uma vaga no outro lado do Congresso que já ocupa, e o candidato Dr. Carlos Rodrigues (PSD) se autodeclararam pardos (18%).

Se comparado a 2018, a falta de representantes pretos em 2022 pode ser considerada sistêmica na capital federal: no último pleito, Marivaldo Pereira (PSol) foi o único candidato ao Senado a se declarar preto. Ele concorria com outras 13 pessoas, das quais nove se declararam brancas (64,2%) e quatro disseram ser pardas (28,5%).

O cenário não faz jus ao percentual de pessoas pretas na população do Distrito Federal. Em 2018, data do último levantamento da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), a unidade federativa registrava 289.710 pessoas que se autodeclaravam pretos. O grupo representava quase 10,1% do total da população à época, de 2.881.854 habitantes.

Cinco de 22 suplentes ao Senado se consideram pretos

Cada candidato ao Senado Federal precisa apresentar, no mínimo, dois suplentes que substituirão o senador em caso de licença. Neste ano, portanto, são 22 que se colocaram nessa posição. Destes, apenas cinco se declararam pretos (22,7%); quatro se definiram como pardos (18,1%) e 13 como brancos (59%).

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Exceto pelos suplentes de Rosilene Corrêa (PT) — ambos se declaram pretos —, todos os outros três de cor preta estão como segundos suplentes — ou seja, estão no fim da fila de substituição para representar o DF na casa de senadores.

Os suplentes exercerão o mandato no caso de licença — o primeiro suplente é convocado primeiro e, caso não possa, é acionado o segundo suplente — e poderão fazer uso de todos os benefícios e direitos do senador eleito, como o salário proporcional ao tempo de exercício, carro oficial, gabinete, auxílio-moradia, plano de saúde, entre outros.

Mulheres são minoria e mulher preta é única entre candidatos e suplentes

Ainda há um dado sobre as candidaturas ao Senado que revela um desequilíbrio entre a participação por gênero. Entre os candidatos, quatro são mulheres, ante sete homens. Em relação aos suplentes, apenas cinco são do gênero feminino e 17 são do masculino.

Em linhas gerais, ao todo, o DF tem 23 representantes homens ao Senado, contra nove mulheres. Ao falar de representatividade preta, apenas uma suplente é uma mulher preta, Mariana Rosa (PT), que está como primeira na fila de substituição de Rosilene Corrêa (PT).

A produção desta reportagem usou recursos da ferramenta Pinpoint, do Google. Confira a coleção de arquivos analisados.

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