O álcool, depressor do sistema nervoso central, prejudica as capacidades necessárias para a condução de veículos automotores, como a atenção, a coordenação motora, a velocidade de reflexos, a capacidade de cálculo, a visão, a audição e tantas outras. Apesar de a ciência indicar que o consumo de álcool, ainda que em pequenas quantidades, diminui a capacidade para dirigir, a maioria das pessoas, em qualquer grau de intoxicação alcoólica, tem a sensação de que suas habilidades, num passe de mágica, ficam superiores. Quem nunca viu alguém que mal consegue falar, por estar embriagado, dizer que está bem? Que conseguiria dirigir sem problemas? Este é o maior problema, a inconsciência por parte de quem bebeu de que houve efetiva perda das capacidades básicas para dirigir. Foi só uma latinha! Qualquer "gole" aumenta o risco de acidentes de trânsito. Qual seria a solução para este problema social que mata, quando não aleija, milhares de pessoas? A resposta existe e consiste em ações coordenadas de educação, fiscalização e efetiva punição. A lei é clara, o jargão é famoso: "se beber, não dirija". Só falta incutir na cabeça das pessoas que quem beber e dirigir será flagrado, condenado e preso, pagará multas estratosféricas e perderá efetivamente a licença para dirigir. A imprensa tem um papel muito importante no sentido de esclarecer e publicizar os danos causados por este mal que assola nosso país e também cobrar das autoridades um aumento efetivo nas ações educativas, fiscalizatórias e punitivas, pois, ao abrir o jornal, todos os dias, percebemos que falta muito para que inocentes não paguem pela imprudência de quem dirige alcoolizado.
Perito Médico Legista aposentado do IML-PCDF e professor de medicina legal da UnB