No primeiro debate entre os postulantes ao Governo do Distrito Federal em outubro, sete pré-candidatos se reuniram para debater frente a frente e apresentar aos brasilienses as propostas para os próximos quatro anos da capital do país. Por enquanto, o Palácio do Buriti é disputado por 11 políticos, anunciados durante o período das convenções partidárias, concluído na última sexta-feira. O registro oficial das candidaturas deve ser feito até 15 de agosto.
Estão na corrida eleitoral ao GDF o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB); o senador Izalci Lucas (PSDB); a assistente social Keka Bagno (PSol), da federação PSol-Rede; o deputado distrital Leandro Grass (PV), da federação PT-PV-PCdoB; a senadora Leila Barros (PDT); o professor Lucas Salles (DC); o ex-vice-governador e ex-senador Paulo Octávio (PSD); o especialista em educação Rafael Parente (PSB); o professor Robson Raymundo (PSTU); o servidor público Renan Rosa (PCO); e Teodoro da Cruz (PCB). Os políticos do PSTU, PCO, PC e DC não participaram do debate, promovido pelo Grupo Bandeirantes.
Dividida em cinco blocos, a discussão foi marcada por críticas a Ibaneis e citações aos dois principais pré-candidatos à Presidência da República, o ex-presidente Lula (PT), líder das pesquisas, e o presidente Jair Bolsonaro (PL). O senador José Antônio Reguffe também foi lembrado pelos colegas, citado por três deles. Ele chegou a anunciar que disputaria o Buriti, mas acabou fora da corrida, devido a divergências internas no partido do qual faz parte, o União Brasil. Agora, o apoio de Reguffe tem sido disputado pelos pré-candidatos. Izalci foi o primeiro a se referir ao senador, a quem prestou solidariedade. "Era para ele estar conosco. Sempre cumpriu os compromissos, mas, lamentavelmente, não pôde concorrer."
Paulo Octávio também mencionou Reguffe e destacou pontos de concordância entre os dois, a isenção de impostos em medicamentos e o mutirão de cirurgias. O empresário se reuniu, no sábado, com lideranças regionais de partidos alinhados ao senador para discutir apoio à candidatura. Rafael Parente foi quem mais citou o político, de quem é amigo. O nome do PSB chegou, inclusive, a alfinetar os colegas que também falaram do senador, chamando-os de "interesseiros". Parente elogiou Reguffe, a quem se referiu como "íntegro". Por enquanto, o senador não anunciou apoio a nenhum pré-candidato.
Orcamento secreto
Leandro Grass, nome de Lula no DF, deixou clara a ligação com o ex-presidente durante o debate, mas quem mais se referiu ao petista foi Keka Bagno, mesmo sem associação oficial no DF. O Psol, nacionalmente, decidiu apoiar Lula logo no primeiro turno, e a pré-candidata relacionou suas propostas às bandeiras defendidas pelo ex-presidente. Ibaneis foi o único que mencionou Bolsonaro, de quem é aliado. A chapa do governador, formada por Celina Leão (PP) de vice e Flávia Arruda (PL), recebeu o aval do presidente. O chefe do Executivo local foi questionado por Leandro Grass a respeito dos valores que o DF recebeu do chamado orçamento secreto, escândalo do governo federal. O senhor recebeu R$ 22 milhões e R$ 7 milhões foram para o Piauí", colocou o distrital, apontando que os valores foram usados em obras próximas à fazenda que o governador tem, no interior do estado.
Visivelmente incomodado, Ibaneis afirmou que "o DF foi muito beneficiado pelo governo do Jair Bolsonaro. Estou tranquilo em relação às minhas propriedades. Um dos piores períodos foi quando o Lula governou porque não tinha comunicação entre o DF e a União". Destacando as mais de 680 mil vidas perdidas para a covid-19 no Brasil e a aliança entre o governador e Bolsonaro, Keka Bagno perguntou a Ibaneis se é possível resolver a crise na saúde do DF até o fim do ano. "Não tenho a menor dúvida de que podemos fazer muito pelo DF ainda. O presidente comprou o maior número de vacinas da história", elogiou.
Leila Barros destacou a importância do ensino profissionalizante e a busca ativa pelas crianças e adolescentes em evasão escolar. A pré-candidata do PDT afirmou, ainda, ser a favor do aumento do diálogo entre os governos do DF e do Entorno, e propôs a criação de uma agência de desenvolvimento ligada ao BRB. "São os pequenos e médios empresários que geram empregos. Vamos preparar os jovens para as áreas de tecnologia e saúde e apoiar o setor de construção civil", apontou, acrescentando o baixo alcance do metrô no DF. "Vamos expandir (as linhas)."
A gestão do BRB também foi criticada por Leandro Grass, que defendeu a ampliação do microcrédito pela instituição. "Não podemos ter o banco da cidade tratando mal a própria cidade. O BRB poderia ser o banco do desenvolvimento, que apoia os agricultores familiares, expulsos das terras por grileiros e que não têm recursos para comprar máquinas e insumos. O BRB deveria apoiar a inovação, as startups e os pequenos e micronegócios. Era para ser o banco de Brasília, não do governador nem do time do governador."
A crise na assistência social que o DF enfrenta foi muito comentada pelos candidatos. Rafael Parente avaliou que a população distrital foi a que mais empobreceu nos últimos anos e denunciou a desassistência aos pobres, "apesar de a gestão atual dizer que cuida das pessoas." "Precisamos integrar e aprofundar as políticas de atendimento. São muitas, mas não chegam nem à metade de quem precisa." Keka Bagno, que é assistente social, criticou a indicação de Ibaneis para a Secretaria de Desenvolvimento Social, a primeira-dama Mayara Noronha, que, para a pré-candidata do Psol, "nunca trabalhou com assistência." "Atendi nos últimos meses mães que davam farinha e água para seus filhos. Os assistentes sociais adoeceram pela falta de responsabilidade de sua gestão. Queria que o senhor conhecesse mais as pessoas, quem tem fome, tem pressa", manifestou-se.