Está nas mãos do União Brasil criar as condições para a candidatura do senador José Antônio Reguffe (União) ao Palácio do Buriti ou encerrar a discussão. Depois de um dia de incertezas, na beira do prazo final de definições, a direção do partido se reúne nesta sexta-feira (5/8) para, enfim, encerrar a novela. Reguffe disse nessa quinta-feira (4/8) que só entrará na disputa com autonomia total para disputar os votos de 2,2 milhões de eleitores do DF (confira quadro).
Saiba Mais
O pré-candidato fez a exigência e aguarda a resposta. Quer liberdade para definir os aliados na chapa e comandar a própria campanha, escolhendo o nome para a coordenação e para a tesouraria. O senador assegura que houve um compromisso da direção nacional, feito pelo presidente do União Brasil, Luciano Bivar, de que teria a prerrogativa de fazer essas escolhas.
E esse compromisso estaria sendo descumprido. O União Brasil fechou uma aliança com o Republicanos que deve anunciar nesta sexta-feira (5/8) a candidatura da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves ao Senado. O projeto foi intermediado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que levou o presidente do União Brasil no DF, Manoel Arruda, ao presidente Jair Bolsonaro. Assim, o partido ganhou a cara da campanha bolsonarista.
Abatido
Reguffe começou a quinta-feira (4/8) com um pronunciamento nas redes sociais. Disse que o União Brasil estava negando a legenda para a sua candidatura e garantiu que não participaria de negociações com outros candidatos, como o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Em tom de desabafo e abatido, Reguffe deixou claro que enfrenta resistência do partido. "Eu não vou participar de negociações subterrâneas. Eu não vou participar de conversas que vão levar a um projeto diferente do que eu acho que é melhor para a nossa população", disse no vídeo postado nas redes sociais.
Horas depois veio a reação. Manoel Arruda reuniu integrantes do partido e fez um discurso defendendo-se da versão de que estaria impedindo o projeto de Reguffe. "O União Brasil, maior partido do Brasil, cumpriu com lealdade todos os compromissos firmados desde a filiação do nosso senador José Antônio Reguffe", disse Manoel Arruda.
O presidente do União Brasil-DF reafirmou que Reguffe "sempre teve total apoio para ser candidato ao Governo do Distrito Federal". E assegurou: "O nosso União Brasil lança no dia de hoje a candidatura oficial do senador Reguffe ao Governo do Distrito Federal".
À noite, houve a convenção do partido. Reguffe foi, fez discurso e foi aplaudido como candidato a governador. Mas não houve confirmação de candidatura. A ata da convenção ficou aberta para as últimas conversas hoje ao longo do dia.
Entre os candidatos do partido, há um desejo de que Reguffe concorra ao GDF. "Achei a decisão acertada do Reguffe de aguardar, conversar com outros partidos e com o próprio União. Meu nome segue à disposição, e se for do entendimento do meu partido que eu venha como federal, vai ser ótimo. Mas sigo à disposição caso a ambição seja maior", disse a deputada distrital Júlia Lucy (União), que se colocou como candidata a vice na chapa de Reguffe.
Desejo
O deputado distrital Eduardo Pedrosa (União) fala em tom de conciliação. "O partido e Reguffe estão tentando tomar uma decisão correta. Acredito que existam conversas bem adiantadas para compor um grande grupo, para que possamos ter uma vitória. É o desejo do Reguffe, e também é o desejo do Manoel Arruda", afirmou.
No pronunciamento nas redes sociais, Reguffe disse que, se não conseguir a autonomia para a candidatura, deixará o partido e não será candidato a nada. Não aceita concorrer a um mandato de deputado federal, como já foi proposto pela direção do União Brasil. Seria um possível puxador de votos para a eleição de outros candidatos.
Reguffe disse que também não topa concorrer ao Senado. Mas esse caminho tem sido oferecido para que ele integre alianças. O senador já disse que não vai.