Segundo familiares da técnica de enfermagem Danyanne da Cunha Januário da Silva, 35 anos, tinha medo de morrer porque temia deixar os filhos de 11 e 13 anos sozinhos. As crianças já haviam perdido o pai, há cerca de dois anos. Ramon, 26 anos, um dos três suspeitos de cometer o crime, teria se sentido ameaçado pela vítima depois de criar falsos clientes e pegar dinheiro emprestado em seu próprio benefício. Por isso ele teria planejado o crime.
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A delegada-chefe da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo 1), Valma Milograna, contou que a família da técnica relatou aos policiais que ela tinha muito medo da morte e falava muito no assunto. “Talvez por isso ela tenha dito para ele (Ramón) ‘Como você está com uma quantia muito grande emprestada, eu quero saber quem são essas pessoas para quem você emprestou, porque vai que acontece alguma coisa comigo ou com você, e eu não vou saber’", comenta a delegada, sobre uma conversa da vítima com o principal suspeito do crime, Ramón, 26 anos.
Ainda segundo as investigações, após essa conversa, Ramon começou a pensar no homicídio de Danyanne. “Ele se sentiu ameaçado, mas eu acredito que ele realmente não queria pagar o valor. Acho que isso seria uma justificativa dele para dizer que estava se sentindo ameaçado e praticar esse crime hediondo contra ela”, acrescenta a delegada.
Valma destaca que há indícios de que Ramón e os comparsas planejaram o crime há duas semanas. “Realizaram algumas viagens até o Incra, onde o corpo foi localizado”, ressalta a delegada. De acordo com uma testemunha ouvida pela polícia, Danyanne e Ramon trabalhavam juntos com o esquema de agiotagem há dois anos.
A delegada conta que a mãe de Danyanne ficou extremamente abalada com a notícia e se preocupava com os netos. Um dos irmãos também ficou bastante consternado e ainda tinha esperança de encontrá-la com vida.
Motivação
O corpo da técnica foi encontrado na madrugada desta quarta-feira (3/8), no Incra 8, em Brazlândia, após um dos envolvidos no crime confessar o homicídio. Danyanne estava desaparecida desde o dia 27 de julho. Ela foi vista pela última vez saindo de casa para se encontrar com um dos suspeitos.
De acordo com a delegada-chefe da 29ª DP, as investigações apontam que Danyanne e Ramon praticavam agiotagem. Ele seria o responsável pela captação dos clientes. Em determinado momento, Ramon e Manoel passaram a pegar dinheiro alegando que seria para terceiros, mas o empréstimo era para eles próprios.
A motivação do crime seria o fato de a dupla saber que não conseguiria quitar a dívida com a vítima. Danyanne, a princípio, não suspeitava que estava sendo enganada. Os dois simularam um assalto no dia do sumiço e levaram a vítima para uma emboscada. Um terceiro envolvido, que seria o assaltante e é conhecido pelo apelido de “nego”, ainda é procurado pela polícia. Imagens da câmera de segurança teriam captado o suspeito.
Ramon trabalhava como chapeiro em uma hamburgueria no Riacho Fundo e residia na região. Já Manoel, morador do Recanto das Emas, era entregador de gás e motorista de aplicativo.