A servidora do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Maria Lucia Paternostro, 46 anos, morreu durante uma trilha que fazia na Cordilheira Branca, no Peru, local em que passava férias. Ainda não se sabe a dinâmica do acidente. Malu, como era conhecida, deixou uma filha de 12 anos.
Familiares e amigos informaram que o corpo de Malu foi encontrado, mas ainda está em processo de resgate do local do acidente. Por esse motivo, ainda não se sabe quando voltará ao Brasil. De acordo com amigos, o ministro e presidente do STJ, Humberto Martins, tem feito esforços para que o processo ocorra o mais rápido possível.
Formada em letras e em direito e pós-graduada em direito público, ela era a assessora-chefe do Núcleo de Gerenciamento de Precedentes e Ações Coletivas do STJ. Nas redes sociais, Malu documentava as férias no Peru. Nos últimos sete dias, ela visitou o Parque Nacional Huascaran e observou a Laguna Parón, conhecida pela cor azul-celeste e escondida entre os nevados Huandoy e Paria.
Em outro registro, ela mostra a mochila e escreve: "bora ali ver umas montanhas branquinhas", em referência às montanhas cobertas de gelo, comuns no país peruano. A empolgação vista nas redes sociais revelava a alegria de viver um dos maiores prazeres de Malu: o de viajar. É o que afirma Mariana Altoé, amiga da brasiliense há 18 anos, quando se encontram no STJ.
“Ela amava viajar. Já fomos juntas ao Rio, à Croácia, aos Estados Unidos e tínhamos muitos planos ainda”, compartilha Mariana. “Ela era amante da natureza e era nas montanhas que ela recarregava suas energias. Por vezes saía de Brasília na sexta à noite, chegava no Rio, começava as trilhas de madrugada e na segunda já estava de volta ao trabalho, que exercia com muita seriedade”, acrescenta a amiga.
As duas eram grandes companheiras e dividiram não só viagens como várias fases da vida. “Malu é uma pessoa generosa, atenciosa, intensa. Tudo que fazia era com amor e seriedade. Sua filha Betina é sua maior alegria e motivo de orgulho”, define Mariana. “Ela gostava das pessoas, era agregadora, tinha muitos e grandes amigos, todos devastados com a notícia”, lamenta Mariana.
Amiga de Malu desde 2014, quando a conheceu no STJ, a analista Marísila Aguiar lembra que a amiga “enchia o ambiente” quando chegava. “Não lembro como ficamos próximas, mas rapidamente eu comecei a sentir uma admiração por ela. Além de muito competente e inteligente, Malu era muito generosa com os amigos e colegas, seja nos auxiliando e orientando nas nossas tarefas, seja trazendo quitutes preparados por ela”, lembra Marísila.
“Ela tinha uma energia e um alto-astral que contagiavam a todos. Ela enchia o ambiente o qual ela estava. Sempre muito carinhosa, era a única que me chamava de Marizinha no ambiente de trabalho”, conta, emocionada.
Marísila também lembra que Malu era apaixonada por aventuras. “Ela era fã de CrossFit, me convenceu até a fazer aulas com ela! Nos últimos anos estava apaixonada por fazer trilhas”, contou. Juntas, as duas colecionam momentos e Marísila agora guarda com carinho as fotos que lembram Malu.
Presidente e ministros do STJ homenagearam legado de Malu
A morte de Malu foi lamentada pelo presidente do STJ, ministro Humberto Martins. "O Tribunal da Cidadania está de luto! Expressamos nossa absoluta tristeza pela partida da nossa valorosa servidora Maria Lucia Paternostro Rodrigues. Ela honrou e dignificou não apenas o STJ, mas também todo o Poder Judiciário e o sistema de Justiça', declarou, em nota.
"A sua história de vida é um exemplo de entrega com excelência e amor à causa da cidadania brasileira. Que Deus, em sua misericórdia infinita, conforte e fortaleça todos os familiares e amigos", acrescentou. O ministro disse, durante a sessão desta terça-feira (2/8) do tribunal, que recebeu a notícia pouco antes de entrar no plenário. Ele falou sobre o ocorrido e se emocionou.
Maria Lucia estava no órgão desde 2003, quando ingressou como analista judiciária. O empenho de Malu foi reconhecido, também, pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, que disse que a servidora era "extremamente inteligente, diligente, competente e dedicada".
O ministro Moura Ribeiro afirmou que a atuação de Malu como assessora-chefe do Nugepnac foi essencial para o fortalecimento da gestão de precedentes do STJ.
"Pude testemunhar sua competência e sua dedicação ímpar durante todo o expediente – e fora do expediente também", complementou o ministro Rogerio Schietti Cruz. Os magistrados Ricardo Villas Bôas Cueva e Marco Aurélio Bellizze também lamentaram o falecimento de Malu.