Conhecidos como fiéis escudeiros e melhores amigos do homem, os cachorros têm ganhado cada vez mais espaço no Distrito Federal. A demanda para espaços voltados para pets está em alta, já que, de acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021, 49,7% dos domicílios do DF têm um bichinho. Os tutores lotam os parcães, espaço exclusivos para pets, em busca de áreas para a diversão e interação entre os animais.
O analista tributário Paulo Braga, 60 anos, descobriu o parcão do Bosque do Sudoeste por meio de vizinhos e, desde então, leva o vira-lata Freddie ao local três vezes por semana. "No parcão, além de brincar, correr e conhecer outros pets, o Freddie pode aprender com os cães mais velhos. É importante ter esse espaço de socialização dos cães. É onde eles gastam toda energia, uma vez que ficam muito solitários nos apartamentos", defende. Segundo Braga, as idas ao parcão ajudam na rotina de sono de Freddie, fazendo com que o animal durma melhor.
A consultora de relações governamentais Ágatha Braga, 23, também tem o costume de levar os pets Rubi, mistura de american bully com red nose, e o shih tzu Brad aos parcães do DF. Segundo a consultora, os parques são um bom espaço para a troca de experiência com outros tutores e oferecem uma certa independência aos animais. "Os parcães dão a liberdade para o cachorro se movimentar livremente e interagir com os outros, mas dentro de um espaço controlado e cercado", avalia Ágatha, que, por morar em apartamento, foi motivada a levar Rubi e Brad a esses espaços abertos.
Saiba Mais
Os moradores de casas também procuram os parcães para promover a socialização dos pets. É o caso do designer Vinícius Medeiros, 23, dono do vira-lata Nico, de dois anos. "O Nico é um cachorro muito tímido e medroso. Nesse contato com outros cães, ele acaba se soltando mais e perde um pouco dessa timidez. Em casa ele tem um certo espaço para se movimentar, mas, mesmo assim, não dá para correr e gastar energia suficiente para um cachorro do tamanho dele. É importante ele ter um espaço assim, para não virar um cachorro ansioso e agressivo. Nos parcães, o Nico fica solto sem coleira, bem livre em um espaço bem amplo, coisa que ele não tem em casa", complementa.
Cuidados
A médica veterinária Karinne Nogueira, clínica geral de pequenos animais, apoia a existência dos parcães e afirma que a socialização é um processo importante na vida dos cachorros, melhorando a relação com outros animais e com o tutor, além de interferir diretamente na saúde física e mental dos cães. "Por mais que nós tenhamos os nossos pets como membros da família, é importante que o tutor tenha ciência de que, antes de tudo, o cachorro é um animal e precisa agir como tal. Rolar na terra e cheirar o bumbum de outro cão faz parte da vida de um cachorro feliz", garante.
No entanto, a veterinária reitera que certas precauções devem ser tomadas nos parcães. Segundo Karinne, os espaços são seguros e recomendados aos cães, desde que a estrutura esteja adequada para recebê-los. "O parcão precisa ser cercado e de difícil fuga, relativamente limpo e com grama sempre aparada. Nesses lugares, não é recomendado instalar pisos lisos, pois estes podem causar lesões ortopédicas", detalha. Os animais precisam estar com as vacinas em dias, protegidos de carrapatos e pulgas e vermifugados, para evitar problemas de saúde.
A veterinária recomenda que os tutores não levem brinquedos, a fim de evitar disputas e brigas entre os cachorros, e comida humana, para que não exista risco de algum cão ingerir alimentos tóxicos. Sacolinhas para coletar as fezes do animal, água potável para hidratação e ter a coleira e guia sempre a mãos são outras atitudes necessárias para o bom aproveitamento de espaço com segurança.