ELEIÇÕES 2022

Postulantes a cargos proporcionais fortalecem candidaturas majoritárias

Pesquisa do Correio/Opinião mostra que a atuação de candidatos a deputado distrital e federal pode ajudar a levar a disputa ao Palácio do Buriti para o segundo turno

Ana Isabel Mansur
postado em 24/08/2022 05:52 / atualizado em 24/08/2022 05:53
 (crédito: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR        )
(crédito: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR )

A indicação de um provável segundo turno no Distrito Federal, apontada pela pesquisa Correio/Opinião divulgada nessa terça-feira (23/8), ressalta a importância de candidatos a cargos proporcionais — deputados distrital e federal — se vincularem ainda mais às campanhas dos cabeças de chapa, inclusive no cenário nacional. Os resultados sugerem a necessidade de estreitamento das pontes de quem pleiteia uma cadeira nas câmaras Legislativa e dos Deputados com aliados postulantes ao Palácio do Buriti e ao Senado Federal — cargos majoritários. A avaliação é de dirigentes locais de partidos ouvidos pela reportagem.

O levantamento do Correio/Opinião mostrou Ibaneis Rocha (MDB) à frente nas intenções de voto, com 38,6% na pesquisa estimulada — quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados. Em seguida, aparecem Paulo Octávio (PSD), com 11,2%; Leila Barros (PDT), com 8,1%; Leandro Grass (PV), da federação PT-PV-PCdoB, com 5,6%; Izalci Lucas (PSDB), da federação PSDB-Cidadania, com 5,2%; Rafael Parente (PSB), com 2,3%; e Keka Bagno (PSol), da federação PSol-Rede, com 2%.

Pesquisa Correio/Opinião sobre candidatos ao Governo do Distrito Federal
Pesquisa Correio/Opinião sobre candidatos ao Governo do Distrito Federal (foto: CB)

A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Os resultados demonstram que o crescimento do desempenho do atual governador nas próximas pesquisas tende a ser inferior ao dos adversários. "Acreditamos que Ibaneis está no teto. De agora para frente, ele deve sofrer muito ataques, e isso tende a afetar o desempenho dele", destaca Alexandre Garcia, CEO do grupo Opinião.

O estreitamento das relações entre candidatos majoritários e proporcionais, e, também, no sentido inverso, devem se intensificar daqui em diante para terem melhor desempenho nas próximas sondagens de intenção de voto e até conseguirem chegar ao segundo turno. "Quem lidera as pesquisas eleitorais pode puxar, indiretamente, votos para os demais cargos de diversas formas. Por vezes, os candidatos menos conhecidos acabam pegando 'carona' nas campanhas dos líderes", observa a cientista política Júlia Ferreira de Cássia.

Mesmo com a folga de Ibaneis nos resultados da pesquisa, aliados do governador buscam ampliar essa margem. "É o que estou tentando fazer", argumenta o deputado distrital Hermeto (MDB), líder do governo na Câmara Legislativa e que tenta a reeleição. "Principalmente com a Polícia Militar. Também sou PM e sei que eles estão um pouco chateados (pois a equiparação salarial das forças de segurança do DF com a Polícia Federal foi uma promessa de campanha de Ibaneis, em 2018, mas não foi cumprida). Existe um projeto para mandar a proposta de reestruturação (para a CLDF) no ano que vem. Então, acredito que os PMs votarão nele (Ibaneis)", avalia o parlamentar.

Pesquisa Correio/Opinião sobre candidatos ao Governo do Distrito Federal
Pesquisa Correio/Opinião sobre candidatos ao Governo do Distrito Federal (foto: CB)

Palanque nacional

Apesar do apoio declarado por Ibaneis Rocha ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a campanha do chefe do Executivo local não precisa, por enquanto, vincular-se explicitamente à atual do ocupante do Palácio do Planalto. Isso porque o governador está à frente nas pesquisas apesar da liderança de Lula (PT) com leve vantagem as intenções de voto para presidente na capital do país. No levantamento Correio/Opinião, o petista aparece com 39% na consulta estimulada, tecnicamente empatado com Bolsonaro (36,7%).

Enquanto isso, os aliados do ex-presidente fortalecem a ligação entre nomes do "time de Lula", do qual Leandro Grass é o candidato oficial no DF, chancelado pelo político, segundo o dirigente regional do PT, Jacy Afonso. "Lula está na frente no Distrito Federal, o que demonstra que nossa campanha aqui tem gerado resultados eleitorais. Na pesquisa espontânea para governador, Leandro está em segundo lugar (com 3,6%, atrás de Ibaneis Rocha, que aparece com 27,4%), o que significa que o trabalho de conhecimento dele entre o eleitorado está surtindo efeito. Nossa estratégia de colar o time do Lula (com a candidata ao Senado na chapa, Rosilene Corrêa) à figura dele tem sido efetivo."

Eduardo Brandão, presidente do PV-DF, confirma a estratégia. "Posso afirmar que o Leandro Grass estará no segundo turno. Ele é o único candidato que tem um grande puxador, Lula, e a federação tem candidatos a federal e distrital muito fortes", argumenta.

A expectativa de enfrentar Ibaneis em um eventual segundo turno também permeia outras candidaturas. "A pesquisa mostra que Izalci Lucas está nessa disputa, e com toda perspectiva de vitória", analisa Maione Dias, vice-presidente do PSDB-DF. A estratégia de usar o cabeça de chapa como trampolim é a mesma de outros partidos. "Izalci tem todas as condições de ajudar nossos candidatos proporcionais a conseguir vagas na Câmara Legislativa, na Câmara dos Deputados e vice-versa. É um trabalho recíproco, porque, à medida que os candidatos proporcionais levarem o nome do senador às ruas, eles mesmos se beneficiarão com isso."

A percepção se repete em siglas como o PSB, do ex-secretário de Educação do DF Rafael Parente, e o PDT, da senadora Leila Barros. "Rafael Parente cresce nas pesquisas, e isso torna nossa união ainda mais forte", aponta Rodrigo Dias, presidente do PSB-DF. "A presença dele é essencial. Ele demonstra nas ruas que está pronto para governar. Nossos candidatos a federal e distrital são e serão essenciais na estratégia de alavancar a campanha", completa o político. Na mesma linha, Georges Michel, presidente do PDT-DF, avalia que a pesquisa "reflete o momento, bem como ajuda o partido a analisar o processo e a força política dos candidatos majoritários, que influenciarão nas votações da legenda e dos candidatos proporcionais".

A vice-liderança de Paulo Octávio na pesquisa — apesar de ter sido o último candidato a ingressar na corrida eleitoral — foi vista com bons olhos pela equipe do político. "Temos uma candidatura forte, o que conduz para uma perspectiva de segundo turno e ajuda a alavancar a votação dos deputados federais e distritais", observa Roberto Giffoni, secretário-geral do PSD-DF. "Em uma eleição, o inverso também alcança a (disputa) majoritária, pois uma nominata forte irradia o alcance ao candidato ao governo." 

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Nota técnica

Pesquisa registrada no TSE sob o número DF-07838/2022, encomendada pelo Correio Braziliense. Correio/Opinião foi a campo entre 18 e 20 de agosto, com 1.111 entrevistas presenciais. A margem de erro estimada é de 2,9 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%. 

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