ELEIÇÕES 2022

Candidatos aproveitam debate para reforçar propostas

Sem Ibaneis Rocha (MDB), cuja a ausência foi criticada pelos concorrentes, os postulantes ao Buriti apresentaram aos eleitores ações que pretendem adotar, como combater a crise na saúde e fazer do BRB um banco de fomento

Arthur de Souza Pablo Giovanni*
postado em 20/08/2022 00:01 / atualizado em 20/08/2022 07:34
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)

Passados dois dias do debate entre os candidatos ao governo do Distrito Federal (GDF), promovido pelo Correio Braziliense, em parceria com a TV Brasília, os postulantes ao Palácio do Buriti repercutiram sua participação, destacando os principais pontos do encontro. A crise na saúde pública foi o principal tema do encontro e vai centralizar os embates durante toda a campanha. Além de ressaltarem as propostas, enfatizaram a ausência do atual governador e candidato à reeleição, Ibaneis Rocha (MDB).

Um dos que abordaram o assunto foi o empresário e candidato do Partido Social Democrático (PSD), Paulo Octávio. "A se lamentar, apenas a ausência dele (Ibaneis), para que pudesse responder aos questionamentos feitos pelos jornalistas do Correio e os que seriam feitos pelos demais candidatos", comentou. Ele também destacou a importância da realização do debate. "Todos os candidatos presentes tiveram tempo para apresentar suas metas", observou.

O político do PSD também avaliou que conseguiu passar sua mensagem ao público, já que pôde falar de todos os assuntos pertinentes à população do DF. Além disso, Paulo Octávio elogiou a dinâmica do confronto durante o segundo e terceiro blocos do debate. "Os candidatos tiveram chance de fazer perguntas e comentários, esclarecendo, com isso, a população", ressaltou.

Força da democracia

Para a candidata do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a senadora Leila Barros, a sabatina foi muito produtiva. "(Foi) um espaço fundamental para expor as nossas ideias para a cidade e destacar que, no meu governo, as pessoas estarão em primeiro lugar", avaliou. "Debates como esse — promovido pelo Correio — fortalecem a democracia e permitem ao eleitor reconhecer quem tem (as melhores) propostas e garra para governar o Distrito Federal", frisou Leila.

A senadora ressaltou que, no tempo que lhe coube no encontro, conseguiu apresentar pontos importantes de seu programa de governo. "Entre eles, as melhorias na área da saúde e a definição do BRB como banco indutor do desenvolvimento do DF", detalhou. Leila concluiu destacando um dos pontos centrais de seu plano de ação: a preocupação com o transporte público. "Representado não apenas pela Rodoviária, mas por outras propostas como a ampliação do metrô, do VLT e criação do monotrilho", argumentou.

Duras críticas

O senador Izalci Lucas, candidato ao GDF pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Cidadania, acredita que conseguiu passar para os brasilienses suas principais propostas. "Também procurei mostrar que vivemos um caos na cidade, com pessoas morrendo em filas de atendimento dos Cras (Centro de Referência de Assistência Social) porque não há gestão", afirmou o tucano, destacando que o governo atual, a cargo de Ibaneis Rocha (MDB), é cruel com a população.

Em relação ao embate com outros candidatos, Izalci Lucas avaliou que foi excelente, e destacou o momento que ficou frente a frente com o empresário, e também candidato ao governo do DF, Paulo Octávio. "A pergunta que fiz (sobre Paulo Octávio ter renunciado ao cargo de governador, em 2010) teve a intenção de alertar a população que nós precisamos saber o que cada um dos postulantes já fez no passado", ressaltou.

Respeito ao eleitor

O deputado federal Leandro Grass (PV), candidato ao GDF pela federação PT-PV-PCdoB, acredita que a sabatina com os candidatos foi proveitosa para levar ao eleitor os projetos e intenções de governo dos candidatos. O parlamentar também lamentou a não participação de Ibaneis no debate, considerando um desrespeito com o Correio Braziliense e os demais candidatos. "Demonstra que ele não tem compromisso com a democracia, não respeita os eleitores e não respeita nem os próprios candidatos que estão ali para confrontar as suas ideias", salientou.

Para o postulante ao Buriti, a troca de ideias antes, durante e depois do debate com os demais candidatos ao Palácio do Buriti, presentes no estúdio da TV Brasília, foi muito produtiva, com temas sensíveis que precisam ser discutidos, como saúde, educação e assistência social. "Colocamos ideias para melhorar a situação que as cidades vêm enfrentando. Estamos assistindo até crianças que não vão à escola por falta de ônibus escolar. Ibaneis fugiu (do debate) porque não têm condições de explicar o fracasso do governo dele", pontuou.

Encontro produtivo

Graduada em ciências políticas pela Universidade de Brasília (UnB), Camila Santos considera que o debate foi "morno", sem grandes acusações ou polêmicas entre os candidatos. "Isso fez com que os participantes conseguissem expor suas ideias e planos para o DF", analisa. De acordo com a especialista, um possível motivo para essa moderação pode se dar pela ausência do atual governador. "Ele (Ibaneis Rocha) seria, provavelmente, o candidato mais questionado. Mesmo assim, foi alvo de muitas críticas (no debate) por conta de políticas do seu governo", disse Camila.

De forma geral, a cientista política afirma que foi um debate produtivo. "Deu para entender as pautas dos candidatos, que focaram bastante em problemas que são estruturais, como educação e saúde, além de trazerem outras questões, como infraestrutura, moradia, e problemas que tem incomodado a sociedade brasiliense, como feminicídio", destacou. Para os eleitores, Camila ponderou que o debate foi essencial para eles terem a percepção de quem dos participantes os representa e têm sinergia com o seu posicionamento.  "Acredito que o debate foi essencial e deixa de lição ao público o que é importante para cada candidato, e que pode ser o foco de um eventual mandato deles", conclui a especialista.

A reportagem tentou contato com Keka Bagno (Psol) e Rafael Parente (PSB) — que também participaram do debate —, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

 

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  • Ana Maria Campos e Denise Rothenburg: uma análise profunda sobre a importância do debate
    Ana Maria Campos e Denise Rothenburg: uma análise profunda sobre a importância do debate Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Os advogados Carlos Mário Velloso Filho, Miguel Jabour Júnior 
e Sidney Neves acompanharam o debate para garantir as regras
    Os advogados Carlos Mário Velloso Filho, Miguel Jabour Júnior e Sidney Neves acompanharam o debate para garantir as regras Foto: Minervino Junior/CB
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acompanhou em tempo real o programa
    Equipe de jornalistas das redes sociais do Correio acompanhou em tempo real o programa Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press

O jogo vai esquentar

 (crédito: Reprodução)
crédito: Reprodução

As colunistas de política Ana Maria Campos e Denise Rothenburg analisaram, ontem, no programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, o debate entre os candidatos ao governo do Distrito Federal e destacaram que a questão da saúde foi um dos temas mais discutidos entre os postulantes ao Palácio do Buriti, como Paulo Octávio, Izalci Lucas e Leila Barros. Leandro Grass e Leila foram mais críticos e disseram que pretendem extinguir o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), alvo de diversas denúncias de corrupção. 

Ana Maria Campos analisou que a decisão do governador Ibaneis Rocha de fugir do debate, pode prejudicá-lo entre os eleitores. "Ibaneis poderia aproveitar os momentos que ele tinha para perguntar ou para responder questões e mostrar o que ele fez, apresentar realizações", destacou.

Sobre o embate entre os candidatos que apoiam o ex-presidente Lula, Denise Rothenburg ressaltou a relação "amável" entre Rafael Parente, Keka Bagno e Leandro Grass. Eles não bateram de frente na sabatina de quinta-feira. Os candidatos preferiram fazer perguntas sobre o que cada adversário pensa sobre saúde, educação e segurança. "Uma hora, vão ter que parar com esse joguinho, porque eleição não é jogo de comadre", afirmou a colunista "O governador Ibaneis está na frente, porém, num segundo turno, eles terão que disputar essa vaga para ver quem vai enfrentá-lo", completou Ana Maria Campos.

 

*Estagiários sob a supervisão
de José Carlos Vieira

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