O terceiro bloco do debate eleitoral dos candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) promovido pelo Correio Braziliense, em parceria com a TV Brasília, esquentou a discussão sobre a parceria milionária entre o Banco de Brasília (BRB) e o Clube de Regatas do Flamengo, time do coração do governador Ibaneis Rocha (MDB), que não compareceu à sabatina. Desde junho de 2020, o acordo entrou no rol de investigação do Tribunal de Contas (TCDF).
O tema foi levantado pelo deputado distrital Leandro Grass (PV), que indagou a ex-jogadora de vôlei Leila Barros (PDT) sobre a parceria. O candidato fez questão de frisar a estranheza pelo fato de o ocupante do Buriti ser dono de franquias do clube carioca na capital. "Sabemos que o BRB e o Flamengo tem uma relação estranha, que vai além do patrocínio. Sabemos também que o Ibaneis é dono de duas lojas e, durante a pandemia, (ele) autorizou o jogo do Flamengo com público e decretou sigilo a esse contrato de R$ 32 milhões", frisou.
Leila Barros também criticou a proximidade e defendeu a separação nas "relações". "Torço para o Flamengo e joguei para o Flamengo com muito orgulho. Mas uma coisa é ser torcedora e gostar de uma agremiação e outra coisa é governar uma cidade com tantas responsabilidades e dificuldades. E um banco que deveria fazer o seu papel, atuar no fomento para incentivar a economia da cidade é o que não estamos vendo no BRB", pontuou.
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Para Grass, fica claro o conflito de interesse por parte de Ibaneis, já que, segundo disparou, o mesmo ganha dinheiro e aumenta o patrimônio com a venda nas lojas. "O BRB tem que ser o banco de Brasília de novo, para os pequenos e microempresários, do microcrédito. Mas a direção e orientação do banco está desvirtuada do que nasceu para ser", defendeu.
Desemprego
O desemprego foi outro ponto amplamente discutido. No embate, que por vezes deu espaço a uma conversa entre amigos, Izalci Lucas questionou ao ex-aliado Paulo Octávio o que faria, caso eleito, para solucionar o problema. Como resposta, o empresário garantiu que já assinou cerca de 50 mil carteiras de trabalho e que se esforçará para gerar 100 mil empregos nos quatro anos em que estiver à frente do Executivo local. "A minha missão foi gerar empregos", disse.
O número, no entanto, foi contestado por Izalci, que fez questão de dizer que o DF tem mais de 300 mil desempregados. "Vamos precisar de muito mais. Precisamos gerar mais empregos", pontuou. O tucano garantiu que, em 2004, lançou o maior programa de inclusão digital do país, com quase 600 mil certificações. O senador sinalizou para o incremento de cursos técnicos e o fomento da tecnologia. Atribuiu, ainda, o desemprego à falta de investimentos no DF. "Não temos governantes que colocam Brasília com potencial de investimento e o que mais temos é recursos para isso." Como promessa, acrescentou que, se eleito, investirá nos jovens empreendedores.
Habitação
O parcelamento irregular do solo no Distrito Federal e as constantes invasões, assim como as moradias precárias, também foram discutidas. Uma das propostas apresentadas pelo ex-secretário de Educação Rafael Parente (PSB) é o incremento do aluguel social, uma medida que, segundo ele, será oferecida a pessoas que vivem em áreas de risco, por exemplo. "Além do aluguel social, precisamos construir mais habitações. Precisamos fazer com que o crescimento populacional não esteja à frente do planejamento urbano", destacou.
Leila Barros completou e afirmou que a oferta de habitação não é um compromisso da gestão atual. "No nosso governo, pretendemos construir 40 mil habitações e vamos atuar com a parceria da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), com relação às moradias precárias". Leila prometeu reformar ao menos 30 mil unidades habitacionais e estimular a autoconstrução qualificada.
Saúde
Os problemas no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges) também voltaram a nortear a discussão. Questionada por Rafael Parente sobre o que classificou como "caos na saúde pública", Keka Begno definiu a atuação de Ibaneis como "ineficiente". A candidata acusa a falta de transparência nos recursos investidos no instituto, o que gera crise para a política pública de saúde. "É muito complicado quando temos um governador milionário, que não compreende as dores da população. É importante que tenha gente como nós, que trabalhamos na ponta e sabemos o que é enfrentar as filas. Eu sou usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e utilizo a Unidade Básica de Saúde perto da minha casa. Quando fui no atendimento, a maca que sentei quase caiu. As enfermeiras e a médica ficaram constrangidas, e disseram que são elas que pagam para utilizar o material", desabafou.
Como forma de solucionar o problema, a representante do Psol defende o controle social de modo que os profissionais também possam gerir a pasta, a participação ativa da população e, principalmente, o resgate da estratégia de saúde da família.
Sobre a crise nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), a assistente social falou sobre a precarização dos serviços. "Em julho, servidores e servidoras da assistência social tiveram, mais ou menos, 63 mil atendimentos. Isso mostra a condição, capacidade e compromisso desses trabalhadores com a população do DF, mas infelizmente são profissionais que estão no adoecimento da sua saúde mental, não tem segurança e não tem adequação dos seus locais de trabalho". Na madrugada de quarta-feira uma mulher de 44 anos morreu enquanto esperava por atendimento em frente ao Cras do Paranoá. Sem conseguir emprego, ela tentava atendimento há oito dias.
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