No primeiro bloco do debate, jornalistas do Correio Braziliense questionaram os seis candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) presentes no debate promovido pelo jornal e pela TV Brasília nesta quinta-feira (18/8). Cada político teve um minuto e meio para responder. E e a outro concorrente ao Buriti foi dado o tempo de 30 segundos para comentar a resposta do adversário, que teve, também, 30 segundo de tréplica. Os candidatos foram unânimes em comentar a ausência do governador Ibaneis Rocha (MDB), que foi convidado e não compareceu ao debate.
O editor de Política, Carlos Alexandre de Souza, perguntou a Leandro Grass (PV) sobre saúde pública, destacando que a área enfrenta grave crise na capital. “Em 2020, a cúpula da Secretaria de Saúde foi presa sob denúncias de corrupção. Desde o início da atual gestão, cinco titulares da secretaria foram trocados e, ontem (quarta-feria), uma mulher morreu na fila de atendimento do Cras. O que o senhor pretende mostrar, explicar ao eleitor brasiliense para mudar e acabar com tanto desmando? O seu programa de governo fala em reforço no atendimento familiar, de saúde da família. A minha pergunta é: isso é suficiente?”, questionou o jornalista.
Grass usou o tempo, primeiramente, para lamentar a ausência de Ibaneis Rocha, candidato à reeleição. “A saúde pública vive o pior momento, aqui, no DF. Ibaneis mentiu em 2018, criou o Iges que é um fracasso, que tem matado tantas pessoas. Nosso programa de governo aponta para o que é mais importante: a cobertura da saúde básica. Isso resolve cerca de 70% dos problemas de saúde da população”, disse ele. “Há problemas nos hospitais que precisamos reformar, extinguir o Iges, reaproveitando o quadro existente. Vamos reconstruir o SUS aqui no DF”, continuou.
Paulo Octávio (PSD) comentou a resposta, mas não entrou em confronto com o adversário. O empresário usou o tempo para criticar a gestão da área no DF. "É triste o quadro, até porque temos o maior orçamento do Brasil, e cinco médicos para cada mil habitantes. A solução é gestão, a solução é ter um secretário de Saúde que comece o primeiro dia do governo e vá até o final. Faltam metas, faltam projetos e falta gestão", reforçou.
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A subeditora de Opinião, Rosane Garcia, questionou Izalci Lucas (PSDB) sobre os projetos do candidato para a educação. “Hoje, aqui, no Distrito Federal, apesar de ter uma rede grande, é insuficiente para atender a demanda, e as salas de aula estão superlotadas, com 40, 45 alunos ou mais. Isso compromete o aprendizado dessa população, crianças e adolescentes. O senhor, se eleito, o que vai fazer?”, disse, e emendou: “Qual é o seu plano para a educação?”.
O candidato aproveitou para exaltar a própria trajetória. “Entrei na vida pública pela educação. Estudei no Guará. Na época, tínhamos qualidade, inclusive uma educação profissional, o que não temos hoje”. Em seguida, começou a comentar dos planos de governo para o setor. “Nós vamos implantar educação integral, com laboratórios de ciências, esporte, cultura e lazer, além de colocar internet banda larga, para torná-las um atrativo para quem estuda. Atualmente, é um sacrifício ir para a escola”, afirmou.
Izalci lembrou que criou o projeto Cheque Educação, com 100 mil alunos beneficiados, o que teria inspirado o Prouni. “Vamos investir muito na educação profissional, para que os jovens possam sair do ensino médio trabalhando. A atual geração é a do 'nem nem': nem estuda, nem trabalha”, finalizou.
Quem comentou a resposta de Izalci foi a candidata Keka Bagno (PSol). “Se a gente entende que a educação é universal e pública, no meio de uma crise que estamos vivendo, muitas famílias recorrem às escolas públicas. Elas (escolas) não têm como atender. Para responder o que traz a Constituição Federal, é urgente a sua ampliação, não só das escolas de ensino fundamental e médio, como também zerar as filas das creches. Essa é a nossa proposta”, disse.
Em seguida, foi a vez de o colunista de Política Luiz Carlos Azedo perguntar para a candidata Leila Barros (PDT) sobre a atuação dela no Senado. “A senhora votou contra o orçamento secreto, mas votou a favor da PEC das Bondades. Nós temos informações de que os senadores que votaram na eleição do atual presidente do Senado, muitos deles estão recebendo até R$ 50 milhões em recursos do orçamento secreto para os seus estados”, contextualizou o jornalista. “A pergunta que eu lhe faço é a seguinte: o que a senhora, como senadora, obteve de recursos e investimentos para o Distrito Federal e que tipo de parceria foi possível fazer com o GDF para que esses recursos tivessem uma destinação adequada?”, questionou.
Leila detalhou alguns valores e salientou o compromisso com a transparência. “Na verdade, com relação a recursos nós trouxemos para o DF bastantes recursos, mais ou menos R$ 1,5 bilhão para acudir o DF na Saúde. Como parlamentar, destinamos mais ou menos R$ 115 milhões em emendas parlamentares”, começou a candidata. “Mas, em relação às emendas de relator eu tenho muita tranquilidade e certamente meu nome não vai constar nessa lista, porque quem me conhece no Senado sabe do meu trabalho e do meu comprometimento com a transparência. Estou muito tranquila em relação a isso”, garantiu Leila.
"No ano passado, fui coordenadora da bancada. Nós tivemos um trabalho muito interessante junto aos parlamentares e, com relação ao que você falou da execução desses recursos, nós tivemos muitas dificuldades por causa da transparência”, disse que a candidata, que aproveitou para falar da experiência compartilhada com o colega de bancada no Senado, Izalci Lucas. “Temos problemas de diálogo justamente questionando a transparência, principalmente na área da saúde, e que se refletiu nos resultados que vimos no desastre da gestão no que foi a pandemia no DF.”
Rafael Parente (PSB) aproveitou os 30 segundos para comentar a resposta de Leila Barros sobre emendas parlamentares para criticar a ausência do candidato à reeleição Ibaneis Rocha. “Me sinto frustrado, pois o governador amarelou. Vamos levantar a hashtag ‘governador amarelão’”, convocou. Sobre a fala da senadora, ele confirmou que os recursos chegaram, mas que “mas não houve diálogo”.
A editora de Política local e titular da coluna Eixo Capital, Ana Maria Campos, perguntou à candidata Keka Bagno se as forças de segurança do Distrito Federal terão os seus vencimentos reajustados, assim como prometeu o governador Ibaneis Rocha, na campanha de 2018.
Antes de começar a responder, a assistente social também lamentou a ausência do emedebista no debate, a quem se referiu como “perverso”, e destacou o aumento da violência como um dos principais problemas enfrentados pela população do Distrito Federal, sobretudo pelas mulheres. “Acredito que todos os servidores e servidoras do DF, que estão em uma situação que não têm os seus salários reajustados e não têm dignidade no seu trabalho, não só na sua estrutura, mas na sua supervisão técnica e na formação continuada, precisam ter essa equiparação e cuidado”, declarou.
“Quem cuida de quem cuida de todos nós? Enquanto população, isso é muito importante. Tenho certeza de que as polícias querem servir a comunidade, e estarem nos territórios no sentido de preservação e de proteção das vida das pessoas. Não só a PMDF ou a PCDF, quanto todas as demais categorias que não têm sido valorizadas, que não deixaram de trabalhar nesse momento tão crucial das nossas vidas, que é a pandemia. Estamos querendo ter um diálogo franco, aberto e necessário, onde todos possam voltar a se sentir vivos e vivas no DF”, finalizou Keka.
Leandro Grass comentou dizendo ser necessário um amplo debate sobre reestruturação das carreiras. “No caso da segurança pública, foi mais uma promessa mentirosa de Ibaneis. Com apoio do presidente Lula, vamos buscar a equiparação da polícias civil com a polícia federal, valorizar nossas forças de segurança, para que elas possam promover justiça e paz no DF”, disse, citando pela primeira vez o candidato à presidência que compõe a federação de Grass.
A colunista de Política Denise Rothenburg questionou o ex-vice-governador, um dos maiores empresários na construção civil do Distrito Federal, sobre os problemas relacionados à regularização fundiária e o parcelamento irregular do solo na capital do país. A jornalista ressaltou o crescimento do Loteamento 26 de Setembro e do Setor Habitacional Taquari e o que o candidato fará, caso eleito.
Paulo Octávio destacou o crescimento de Brasília, originalmente projetada para 500 mil habitantes e que, hoje, ultrapassa 3 milhões. Segundo o ex-senador, um dos impasses refere-se ao deficit habitacional. “Nós temos um deficit habitacional muito grande. Brasília é a cidade que mais cresce no Brasil. Agora, existe uma responsabilidade muito grande até hoje, que são as terras, essas terras pertencem ao governo do DF”, afirmou.
Para Paulo Octávio, a Terracap não faz a gestão dos recursos arrecadados de forma eficiente. “A Terracap tem um papel importante de proteger esse patrimônio, que é o do futuro. A Terracap investe milhões, mas investe mal. O que cabe à Terracap é proteger a cidade, e não deixar crescer na desordem. Eu sou totalmente à favor de regularizar, da legalidade, da escritura definitiva, do patrimônio da família”, defendeu.
Leila Barros foi a escolhida para comentar e disse defender a regularização “com responsabilidade com compromisso sustentável com o meio ambiente”. Aproveitou para falar do projeto aprovado no Senado que trata do tema. “Dentro do relatório, tivemos o compromisso das questões ambientais. Na Flona, tem a Área 1 e a Área 2, e, nesse relatório, temos esse compromisso”, disse. O tempo de réplica acabou antes que ela terminasse.
A última pergunta do bloco foi, mais uma vez, da editora Ana Maria Campos, agora, sobre geração de empregos. Rafael Parente foi o candidato escolhido para responder. A jornalista contextualizou que Brasília depende muito do comércio de serviços e do funcionalismo público, mas que esses setores não têm dado conta do número de pessoas que busca uma colocação. “Iniciativa privada é um caminho para essa geração de empregos. Minha pergunta é se você, eleito governador, vai adotar programas de incentivo fiscal, de concessão de terras, como já houve no Pró-DF”, questionou, ponderando como fazer isso sem beneficiar algumas empresas em detrimento de outras.
A principal proposta de Parente é incentivar a formação de jovens empreendedores para investir em empresas de tecnologia. “Nós temos um ecossistema de inovação, pois há muitas empresas ‘tech’ que nascem aqui, mas não ficam, porque não temos, aqui, o compromisso com o crescimento delas. Muitas vezes essas fintechs e startups não conseguem obter mais rodadas de investimentos no DF”, argumentou. “Proponho, então, fazermos um vestibular para dois mil jovens, sendo que mil serão oriundos daqui do DF. Esses jovens serão formados pela UnB e por faculdades privadas. Assim, eles serão incentivados a criar suas empresas techs. O recurso de qualificação dos jovens para essa política virá do poder público, também faremos parceria setor privado. Também proponho incentivos fiscais para desonerar tributos para pequenos e médios negócios, principalmente das empresas tec”, concluiu o candidato.
Ao comentar a resposta de Parente, Izalci Lucas destacou que participou da aprovação de uma lei que permitia ao DF oferecer incentivos semelhantes aos dados por estados do Centro-Oeste ao setor empresarial. “Hoje, temos uma disparidade muito grande. Não houve efeito (da lei), pois nenhum governante trouxe empresas para cá”, criticou o tucano.
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