Os brasilienses que não conseguiram aproveitar as festas juninas, ainda podem vivenciar o festejo cultural no 51ª Arraiá da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e São José que começa hoje. O evento, além de garantir comidas que não podem faltar nessas comemorações como cachorro-quente, canjica e pastel, também é considerado uma tradição em Ceilândia. A primeira edição foi realizada em 1971, quando a comunidade Sagrado Coração de Jesus era uma capela e surgia na região administrativa. Desde então, a festa se enraizou nos costumes dos moradores e dos fiéis da igreja.
Um dos organizadores do arraiá, Nicolai Furtado, detalha que a festividade é de grande peso em Ceilândia. "Temos alguns integrantes que fazem parte da igreja desde o começo. Na edição deste ano faremos apresentação de quadrilhas, teremos comidas típicas, espaço para as crianças e também os pais aproveitarem, além de sorteios de vários eletrônicos e muita alegria. O foco é tirar um pouco o estresse que todo mundo acumula durante a semana e trazer essa animação dos arraiais", pontua.
Na edição de 2019, nos três dias de evento, a Igreja recebeu aproximadamente 25 mil visitantes. A expectativa desta edição, depois de dois anos sem o evento presencial devido a pandemia, é de um público entre 30 e 35 mil pessoas. "A entrada tem um valor simbólico de R$ 2 ou de 1kg de intens de alimentação não perecíveis, mas estamos focando principalmente nos alimentos, que serão entregues para famílias carentes", afirma Nicolai.
Moradora de Ceilândia, Maria Luiza dos Reis, de 76 anos, é uma das participantes que viu a festa nascer e a acompanha até hoje. "Desde 1971 que a gente participa. Começou com uma experiência, com o padre da época e a irmã Paulina, que era uma freira que liderava. E a gente vê a importância porque reúne o povo, as pessoas que estão dispersas voltam para a igreja, é uma festa de família", opina a dona de casa.
Ela afirma que a celebração é muito bonita. "O Padre Nei Nelson (atual padre da Paróquia) gosta muito da festa, se empenha muito na realização do evento e fica parecendo uma criança no meio desse povão. E este ano, depois da pandemia, isso vai ser ainda melhor para o retorno das pessoas à igreja", declara. Maria Luiza se alegra também com a participação da família. "Amanhã (hoje) a minha família vai ser responsável por uma das barraquinhas, a do achocolatado. O padre sorteou cada dia para as famílias cuidarem de uma barraca, e isso aproxima todo mundo, às vezes tem um membro que está mais afastado e assim ele retorna", assegura.
Acolhimento
Padre da Paróquia Coração de Jesus e São José há nove anos, Nei Nelson salienta que a festa é uma celebração e um símbolo de fraternidade entre as pessoas. "No começo, a comunidade se reunia para construir o templo, e todo mundo, com sua simplicidade, vinha prestar culto a Deus. E hoje, depois que passamos por períodos tão difíceis, que distanciou as pessoas, a nossa intenção este ano é reunir as famílias, para celebrar a partilha."
Padre Nei acha essencial resgatar a festa neste momento. "Muito foi perdido durante a pandemia, muitas pessoas tiveram as vidas ceifadas, idosos se isolaram, jovens se afastaram, casais se separaram. A festa é um momento de se voltar, de ser acolhido. Para as pessoas perceberem que aqui elas podem buscar ajuda", enfatiza o padre.
O evangelizador também destaca a importância da arrecadação dos alimentos não perecíveis. "Desde quando começou a pandemia, tivemos um aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade. Antes, tínhamos mais de 70 famílias assistidas pela paróquia, agora são cerca de 180 a 200 famílias. Para nós, isso é uma forma de atender a nossa comunidade, de ajudar as pessoas do Sol Nascente, do Pôr do Sol e das demais regiões que estejam precisando", garante.
Moradora do Noroeste, Marcela Araújo, 30 anos, é administradora e há cinco anos usa os conhecimentos para ajudar na organização da festa. "Faço a busca por patrocinadores, no auxílio dos gastos, divulgação e nas redes sociais do arraiá. Em edições passadas trabalhei na parte de estoque das barracas e é sempre muito gratificante", admite.
Na avaliação de Marcela, o retorno presencial da festividade adiciona um peso a mais para a edição. "Nessa época que estamos voltando o contato social, acho importante ter essa tradição junina, a cultura do nordeste é muito forte em Ceilândia, e temos essas características da festividade, das comidas típicas, das danças, e rememorar isso, em família, é fundamental. Toda a nossa festa é principalmente isso: uma comemoração familiar", finaliza.
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Não perca:
Arraiá da Sagrado Coração
de Jesus e São José
Entrada: R$ 2 ou 1kg de alimento não perecível
Data: 12 a 14 de agosto
Horários: Hoje: a partir das 18h; sábado e domingo a partir das 17h30
Endereço: Área do Estacionamento da Paróquia Sagrado Coração de Jesus — QNM 30 Módulo A A/E — Ceilândia Norte — Rua da Faculdade Projeção
51 anos de história
A Paróquia Sagrado Coração de Jesus e São José foi criada em 21 de janeiro de 1994. Antes disso, desde março de 1971, a Sagrado Coração era uma capela. A comunidade conta hoje com cerca de 40 mil pessoas na comunidade.