Na semana passada, fui fazer compras no mercado e levei um susto: a moça do caixa me entregou os produtos comprados sem estar acondicionados pelos sacos de plástico. Mas é um susto bom. Nós precisamos acordar para os estragos que impomos, todos os dias, ao meio ambiente.
Não são apenas os que desmatam a Amazônia, liberam o garimpo em terras indígenas ou promovem a monocultura os responsáveis pela degradação das condições de vida em nossa aldeia, em nosso país e no planeta.
Claro que as excelências têm mais responsabilidade pelo poder de decisão que enfeixam. No entanto, existem muitas coisas simples que podemos fazer para preservar a qualidade de vida para nós e para as gerações futuras. Reduzir o uso do plástico é uma dessas medidas cruciais. Ele está tão presente em nosso cotidiano que nem nos damos conta dos danos enormes que causa.
É impressionante: o plástico pode levar 400 anos para se decompor. Enquanto isso, provoca um acúmulo de lixo nos aterros sanitários. O pior é que esse material é jogado no mar, tratado como um lixão. Segundo artigo da revista Science, são 8 milhões de toneladas de plástico descartados nos oceanos, o que provoca grandes desequilíbrios no ecossistema marinho.
Nós assistimos, frequentemente, matérias na tevê, sobre a presença de resíduos de plástico em peixes. É porque o plástico se decompõe em resíduos menores, ingeridos por peixes e outros animais e aves marinhas. Muitos morrem ou se tornam impróprios para o consumo do homem. Quando é jogado em grandes quantidades no mar, o plástico veda a penetração de oxigênio nos sedimentos, comprometendo também o ciclo bioquímico da flora marinha.
A quantidade avassaladora de lixo produzida no mundo compromete o meio ambiente. Cerca de 91% do plástico utilizado no planeta não é reciclado. A reciclagem poderia atenuar o problema, mas ocorre que somente 9% passam por esse processo. Mas ele ainda é feito de maneira insuficiente. Haja aterros sanitários. A consequência é o alastramento dos lixões a céu aberto, que contaminam a água dos rios e a água que bebemos.
Além disso, os cientistas estimam que o plástico é responsável pela morte de 100 animais marinhos por ano. É uma ruptura preocupante no ciclo reprodutivo das espécies marinhas. Calcula-se que pelo menos 15% delas estejam em extinção. Segundo projeções dos cientistas, até 2050 haverá mais plástico nos oceanos do que peixes.
Só será possível mudar esse panorama dramático se os governantes tiverem a coragem de propor mudanças na maneira como consumimos o plástico e outros materiais que agridem o meio ambiente.
Eliminar o saco plástico e substituí-lo por sacolas biodegradáveis ou biocompostáveis, sacolas de pano ou por caixas de papelão é um passo importante. Separar o lixo orgânico do lixo seco é outra providência relativamente simples e eficaz.
Existe uma discussão sobre se suprimir o plástico implicará na sobrecarga de outros materiais e nos efeitos colaterais. No entanto, isso não pode nos levar à inação. Não adianta fingir que o problema não existe e enfiar a cabeça em um buraco, num ardil de avestruz. É preciso tomar decisões inadiáveis em defesa do meio ambiente de uma maneira articulada e fazer os ajustes necessários.
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