Revolta e comoção marcaram o enterro da mais recente vítima de feminicídio no Distrito Federal este ano. Deisielle dos Santos, 29 anos, foi assassinada com dois tiros no tórax, no fim da tarde do último domingo, no conjunto 6, quadra 508, do Recanto das Emas. O principal suspeito é o companheiro da vítima, Allisson da Silva Porto, 26, que foi preso na noite de segunda-feira. Este é o 12º caso de feminicídio em 2022 no DF.
Familiares e amigos puderam se despedir da mulher na tarde de ontem, no cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Cinco dos oito filhos de Deisielle, com idades entre 11 meses e 11 anos, estavam presentes no enterro da mãe, ainda muito traumatizados.
Ex-cunhada da vítima, Fernanda Priscila falou sobre a tragédia que tirou a vida de Deisielle. "Muito triste o que aconteceu. Uma mulher muito nova. A mãe dela está desolada e os filhos estão desesperados porque não têm mais mãe", disse ao Correio.
Segundo Priscila, uma das crianças parou de falar desde que recebeu a notícia. "Todos estão revoltados, sem acreditar no que esse homem fez com a mãe deles. A de 10 anos não para de chorar e o menino de 11 anos quer justiça pela mãe. É um trauma muito grande", contou.
Deisielle e Alisson estavam juntos há cerca de dois anos e não tinham filhos juntos. Das oito crianças da vítima, sete já moravam com parentes dela, e apenas uma, de 11 meses, vivia com o casal. A família de Deisielle tenta, agora recuperar a guarda do bebê que, de acordo com Priscila, está com parentes do acusado pelo crime. "Não deixaram a gente pegar eles e estamos revoltados. Vamos brigar na justiça", afirmou.
Suspeito preso
Allisson da Silva Porto, companheiro de Deisielle e suspeito do crime foi preso na noite de segunda-feira, no Recanto das Emas, com a ajuda de denúncias anônimas. O investigado estava escondido em uma casa, na Quadra 302. Ele foi detido por policiais militares em cima do telhado do imóvel e levado para a delegacia de polícia da região administrativa, a 27ªDP. Ele irá passar por audiência de custódia hoje.
Segundo o delegado Diogo Carneiro, adjunto da 27ª DP, o suspeito portava uma arma calibre 32, que passará por perícia para verificar se foi a mesma usada no assassinato. A polícia trabalha com a hipótese de que o motivo do crime foi ciúmes por parte do agressor. O relacionamento do casal era conturbado, com episódios de violência anteriores, segundo a polícia. No entanto, Deisielle não chegou a fazer boletim de ocorrência. Além disso, o suspeito tinha, ao menos, 10 ocorrências criminais registradas pela polícia, como homicídio, roubo, tráfico de drogas e ameaça.
Alisson era monitorado por tornozeleira eletrônica desde que foi preso, há cerca de um mês, por porte ilegal de arma de fogo. À época, agentes da 27ª DP encontraram um revólver calibre 40 com numeração raspada embaixo da cama dele. No domingo, após cometer o crime, Alisson quebrou a tornozeleira e fugiu.
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