Depois de duas semanas de recolhimento e longe da disputa eleitoral, Damares Alves volta ao cenário político e muda as estratégias traçadas nos bastidores. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos anunciou, ontem pela manhã, que concorrerá ao Senado pelo Distrito Federal. A candidatura de Damares saiu pelo Republicanos, que articulou uma aliança com o União Brasil, após encerrado o episódio de incerteza com José Antônio Reguffe (UB), que deixou a disputa pelo Palácio do Buriti. As decisões das duas legendas, no entanto, podem colocar em risco uma série de articulações traçadas no gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ex-ministra havia deixado de pleitear a vaga ao Senado quando o chefe do Executivo federal fechou um acordo pela reeleição de Ibaneis Rocha (MDB) com o governador e com José Roberto Arruda (PL), que pretendia se candidatar ao Palácio do Buriti. O combinado entre os políticos era de que a deputada Flávia Arruda (PL) concorreria ao Senado pela chapa, no lugar de Damares, pois isso não dividiria a base eleitoral bolsonarista.
Por um curto período, Damares ficou de fora da concorrência, mas afirmou que Bolsonaro não havia pedido a saída dela da corrida eleitoral. "Eu me retirei porque imaginei que seria melhor para o presidente. Mas, nas duas semanas em que estive longe da disputa, não vi nenhum candidato falar de políticas para crianças, para os idosos ou em combate à violência contra mulheres. Nem algo que eles estivessem fazendo de positivo para a campanha do presidente (Jair Bolsonaro)", argumentou a ex-ministra, que acrescentou não ter voltado "apenas por uma candidatura". "Estamos aqui para eleger uma causa", completou.
A decisão, no entanto, dividiu opiniões. O líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), avaliou que a escolha não foi estratégica e representou um "desserviço à direita". "Tendo uma candidatura do PT no Distrito Federal — e sabido que, no DF, o PT tem uma base importante —, esse anúncio não é uma decisão acertada. O que devemos fazer é unir as candidaturas. E esse anúncio só vai dividir a base", avaliou o parlamentar.
Apoio
Questionada sobre qual das duas pré-candidatas Bolsonaro apoiaria, a ex-ministra respondeu que nenhuma das delas colocaria Bolsonaro contra a parede. "O presidente tem de se preocupar com a própria campanha, não com a campanha local", pontuou. Apesar disso, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, marcou presença no evento de lançamento da candidatura da amiga, ontem, na sede do Republicanos em Brasília, e declarou apoio total a Damares.
Em discurso emocionado, Michelle ressaltou o forte vínculo com a ex-ministra. "Sou muito grata a Deus por esse dia. A Bíblia diz que amigos chegados são mais que irmãos", declarou. A primeira-dama ressaltou, ainda, que Damares poderia contar com "o apoio, o respeito e a admiração" dela: "Você é uma referência".
Sobre o movimento de retorno de Damares à corrida eleitoral, o presidente do Republicanos-DF, Wanderley Tavares, disse que a recebeu com "muita felicidade". "Procuramos (alguém para) ocupar um cargo do tamanho que a ministra merece e viabilizar a candidatura dela na chapa com Ibaneis. Mas, após o anúncio do PL, que começou a pleitear essa vaga, a ministra foi chamada para retirar a candidatura, em nome do PL. Damares foi grata, não pensou dois segundos e se retirou pelo Bolsonaro. Mas, no fundo, o Bolsonaro nunca quis tirar a Damares eleição", acredita o dirigente.
Na convenção, a ex-ministra anunciou, ainda, o nome do primeiro suplente dela. Será Manoel Arruda, presidente do União Brasil.
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