Em menos de um mês, os casos de varíola do macaco aumentaram de forma significativa no Distrito Federal. Com pouco mais de 30 na primeira confirmação, a Secretária de Saúde do DF (SES-DF) já confirmou 38 casos da doença, sendo que, segundo o último boletim divulgado pela pasta, outros 97 estavam sob investigação. André Bon, médico infectologista do Hospital Brasília, prevê que os números podem subir ainda mais.
“Observando o que aconteceu no Brasil nas últimas semanas, começamos com um número de casos muito baixo, em poucas semanas a gente foi de 200 para 400 e agora mais de 1700 casos. No DF também houve um aumento exponencial do número de casos”, disse o especialista em uma entrevista a Carmen Souza, no CB.Saúde desta quinta-feira (4/8) — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília.
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O Laboratório Central de Saúde Pública do DF (Lacen) começou a realizar os testes para detectar o vírus da varíola dos macacos na última segunda-feira (1/8), com a novidade o especialista destacou que pode haver uma impressão de que os casos estão aumentando. “Como hoje esse teste é realizado em outro estado, existe uma diferença grande entre o tempo da coleta e o momento do resultado. Os casos que sabemos hoje no DF são os que aconteceram há uma ou duas semanas. Podemos esperar que a partir de agora a atualização de casos seja com maior rapidez e de uma impressão no aumento do número de casos, porque na verdade hoje estamos olhando para trás”, explicou.
Em termos de letalidade, gravidade e velocidade de transmissão, André Bom esclareceu que a varíola do macaco “não é uma nova covid-19”, no entanto, inspira cuidados. “A gente vai ter um aumento no número de casos e uma necessidade de orientar a população, vai ter que tomar cuidado em relação a transmissão, mas a expectativa de que seja como a covid-19 é irreal”, esclareceu o especialista.
Manifestação contida
Apesar de ser um problema antigo no continente africano, mas a doença que está acometendo outros países é mais contida. “Teoricamente, é a mesma doença. Mas o comportamento é diferente”, apontou o infectologista. Imagens que circulavam quando a Monkeypox começou a se espalhar, eram de lesões grandes pelo corpo. Nesse momento, as lesões estão sutis e não há muitas feridas. “As lesões são como pequenas foliculites. Podem passar até como uma espinha para outras pessoas”, esclareceu. Um objeto de curiosidade dos especialistas é a grande quantidade de manifestações das feridas em órgãos genitais e anu retais, o que na África não era não comum. “É uma apresentação muito diferente da que a gente tem visto da doença endêmica no continente africano.”
Segundo especialistas, o principal tratamento é o manejo da dor, uma vez que não existe nenhum medicamento específico para tratar essa doença no Brasil. “E esse paciente precisa fazer o tratamento dos sintomas enquanto durarem, sempre sob orientação médica, e ficar em isolamento em casa até que todas as crostas tenham caído, mesmo que seja uma feridinha pequena”, orientou. Em média, o tempo de isolamento é de 21 dias.
Transmissão
O infectologista explicou que existem três principais formas de transmissão, sendo a mais eficaz o contato direto com as lesões. Além disso, a doença também pode ser transmitida por gotículas de via aérea e por superfícies contaminadas. “A transmissão por contato leva ao grande problema que temos hoje é a transmissão por relação sexual. Como a doença é transmissível por contato direto com lesões, se a pessoa tem lesão em qualquer parte do corpo, o preservativo não vai proteger contra aquilo”, frisou.
Assista à entrevista completa:
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