Hobby

As figurinhas da Copa estão chegando, para alegria dos colecionadores

Apaixonados por álbuns já programam os orçamentos para pagar R$ 4 no pacotinho de figurinhas da Copa do Mundo 2022. Uma paixão que atravessa gerações e movimenta bancas de jornal do DF, a cada quatro anos

Arthur Ribeiro*
postado em 10/08/2022 06:00
Lucas usa os álbuns também para ver os resultados dos jogos -  (crédito:  Arquivo Pessoal)
Lucas usa os álbuns também para ver os resultados dos jogos - (crédito: Arquivo Pessoal)

A pouco mais de 100 dias para a Copa do Mundo de 2022, começou a contagem regressiva para a abertura do torneio que agita a rotina dos brasileiros. No período que antecede o grande evento  — entre os amistosos, convocação e o pontapé inicial — o que nunca pode faltar são os álbuns de figurinha, hobby marcante em época dos jogos mundiais.

No Distrito Federal não é diferente. Com a chegada do álbum prevista para o dia 15 de agosto, a paixão já toma conta de multidões, que procuram um lugar para comprar as figurinhas, trocar as repetidas e completar o álbum. Um desses pontos é a Banca do Brito, instalada há 38 anos na 106 Norte.

  • Marcelo garantiu o de 2022 no primeiro dia de pré-venda Arquivo Pessoal
  • 02/08/2022. Crédito: Arquivo Pessoal. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Álbum de figurinhas da Copa. Eduardo Santos já está preparado para fazer o quinto álbum da coleção. Arquivo Pessoal
  • Eduardo Santos: pronto para fazer o quinto álbum da coleção Fotos: Arquivo Pessoal
  • 02/08/2022. Crédito: Arquivo Pessoal. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Álbum de figurinhas da Copa. Eduardo Santos já está preparado para fazer o quinto álbum da coleção. Arquivo Pessoal
  • Lucas usa os álbuns também para ver os resultados dos jogos Arquivo Pessoal
  • A banca da 108 Sul, a mais antiga de Brasília, vai receber os álbuns com bandeirolas e muita festa, no clima da Copa Arthur Ribeiro/CB
  • 02/08/2022. Crédito: Arthur Ribeiro/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Álbum de figurinhas da Copa. A banca de Lourivaldo Soares Marques, na 108 Sul, estará no clima de Copa para receber quem for lá trocar figurinhas. Arthur Ribeiro/CB
  • O jornaleiro Lourival Soares reservou 38 álbuns na pré-venda Arthur Ribeiro/CB

O espaço se tornou um point em 1998, a partir de uma brincadeira de pai e filho. José Gonçalves Brito, 58, fez uma competição com seu filho: a primeira pessoa que preenchesse o álbum ganharia um brinde. A brincadeira ganhou fama e de lá para cá já foram seis Copas — agora a sétima — com centenas de colecionadores nos arredores do estabelecimento à procura das figurinhas que faltam.

Mesmo com os altos preços dos álbuns e dos pacotes de figurinhas (veja quadro), o jornaleiro está com boa expectativa para este ano. Além da alta procura, o movimento pode ser maior com as pessoas querendo matar a saudade. "Foi praticamente eu que plantei essa ideia, em 1998. Hoje tem um ponto forte em Águas Claras, na Asa Sul, no Guará, e eu queria que abrissem mais pontos na Asa Norte. Aqui fica muito cheio", sugere.

O jornaleiro se preocupa com o engarrafamento que se forma na entrada da quadra na época de Copa. "O povo reclama demais, fecha o bloco, carro para todo lado, estacionam na frente da garagem, não consigo receber meu caminhão de entregas. O ideal é não virem de carro ou estacionarem nas outras quadras", pede.

Brito coleciona momentos vividos no trabalho. Entre os mais marcantes, em 2014, quando a Copa foi no Brasil, muitos estrangeiros passaram pela banca, o que resultou até em entrevista para televisões do Panamá. Mas o mais especial é ver a fila em volta da loja antes mesmo de abrir e poder reparar na felicidade dos outros em completar o álbum. Para o jornaleiro, a satisfação não tem preço.

Outro dono de estabelecimento tradicional é Lourivaldo Soares Marques, 84, da banca da 108 Sul, inaugurada em 13 de fevereiro de 1960. Além de vender figurinhas, o local se tornou ponto turístico por ser a banca mais antiga de Brasília. Com 38 álbuns já reservados na pré-venda, a esperança também é de melhores vendas.

Aos que passarem entre duas grandes árvores — dois fícus italianos  — que ornamentam os arredores da loja, senhor Lourivaldo planeja uma recepção de pompa. "Vou receber esse álbum de agora com bandeirolas e muita festa. Aqui vai estar tudo enfeitado para os fregueses ficarem motivados para sentar e trocar a figurinha", declara.

Mais um para coleção

Do outro lado, os fanáticos já estão ansiosos pela chegada do álbum do Catar. O estudante Marcelo Henrique Ponte, 21, reservou tudo na pré-venda e está contando as horas para completar o novo item, que será o quinto da coleção. O mais especial deles é o de 2010, quando o jovem passou dias precisando de apenas uma figurinha para completar, mas não achava, até que seu professor de judô encontrou a que faltava e o presenteou.

O daquele ano, inclusive, foi especial para a paixão de Marcelo virar amor, pois foi o primeiro que ele colecionou sozinho, já que antes era ajudado pelo pai, o principal influenciador. Outro marcante foi o de 2014, que completou duas vezes, uma delas só com figurinhas que ganhou "batendo bafo".

Para preencher todas as 670 figurinhas, o jovem já sabe qual será o primeiro passo. "A troca será ainda mais necessária nesse ano, considerando o alto valor dos pacotes. Fiquei triste  com o valor, mas a paixão para completar é maior. Já havia um dinheiro que reservo para compras e com certeza utilizarei para comprar os pacotes", compartilha.

Opinião compartilhada pelo analista de dados Eduardo Santos, 25, morador do Gama, que começou a colecionar em 2006 com o tio e o irmão. Ansioso pela chegada do álbum, o jovem não quis adquirir o novo item pela pré-venda porque se diz nostálgico e prefere ir à banca comprar.

Por mais que o favorito dele seja o de 2014, por ter sido no Brasil, a história mais marcante foi no de 2010, na Copa da África do Sul. "Eu colecionava junto do meu irmão e fui para a direção da escola por estar trocando figurinha em sala de aula. Achei que ia ser advertido ou suspenso, mas o diretor só queria trocar figurinhas também. Trocar é a parte que mais gosto. O processo de colecionar, comprar, colar, abrir pacotinho, tudo para mim é uma experiência e tanto", conta.

Outro apaixonado por álbuns é o publicitário Lucas Fermon, 26, que começou a colecionar em 2002, mas não chegou a completar. Depois disso, de quatro em quatro anos ele fica vidrado na Copa, acompanha todos os jogos possíveis e sempre aproveita para ter mais um álbum na coleção, que inclusive serve de fonte para pesquisar os resultados e jogadores que participaram do campeonato. Entre os que já tem, o mais especial é sempre o próximo, porque dá ainda mais valor para os outros.

O morador da Asa Norte diz que ficou assustado com o preço dos pacotes de figurinhas. "Em 2006 custava em torno de R$ 0,50, passou para R$ 0,75 em 2010, R$ 1 em 2014, R$ 2 em 2018 e agora está R$ 4", lamenta, mas afirma que vai fazer os esforços possíveis para completar. "Sei que para gastar R$ 40 por dez pacotes vou ter que abrir mão de outras coisas da vida para economizar", programa.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 

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PENDURICALHO

Valores do álbum

Pacote com 5 figurinhas: R$ 4,00
Álbum normal: R$ 12,00
Álbum de capa dura: R$ 44,90

Total de figurinhas: 670

Valor mínimo gasto para completar: R$ 548,00

O álbum oficial da Copa do Mundo de 2022 já está disponível para pré-venda no site oficial da Panini — fabricante do material — e em breve estará nas bancas

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