A presença de Rafael Parente, pré-candidato a governador do Distrito Federal pelo PSB, no mesmo palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sinaliza a possibilidade de surgir uma frente progressista em um eventual segundo turno na capital do país. O encontro dos dois ocorreu na convenção nacional do PSB, nessa sexta-feira (29/7), em Brasília, que oficializou Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula.
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Parente permaneceu no palco durante todo o evento, na segunda fileira de convidados e ao lado de outros nomes do PSB, como o ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg. Ao Correio, o pré-candidato ao Palácio do Buriti confirmou que vinculará a campanha à do ex-presidente, mas sem deixar de citar os demais aliados do petista que também vão concorrer ao governo local: Leandro Grass (PV) e Keka Bagno (PSol).
"Lula provavelmente apoiará as três campanhas. Será uma via de mão dupla", avaliou Rafael Parente, crítico dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Ibaneis Rocha (MDB), de quem foi secretário de Educação. "Temos, tanto nacional quanto localmente, governos autoritários, que priorizam o debate ideológico vazio e não focam na solução dos problemas da população. Precisamos defender o projeto do Alckmin, que evita uma catástrofe, o fim da nossa democracia", completou o educador, que considera o atual cenário como "uma situação limite".
Rafael Parente será oficializado como representante do PSB na corrida eleitoral neste sábado (30/7), na convenção regional da legenda. A chapa será puro-sangue e com um nome feminino para vice a ser definido. O partido avalia não lançar candidatura ao Senado pelo DF. Apesar de ser da mesma sigla do vice de Lula, Parente ainda não havia desfrutado do apoio público do ex-presidente. Como a federação PT-PV-PCdoB não inclui o PSB, o candidato oficial do grupo ao Palácio do Buriti é o deputado distrital Leandro Grass.
A configuração chegou a gerar mal-estar no ato público promovido por Lula em 12 de julho, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, quando a imagem de Lula ficou fortemente vinculada à de Grass. Além disso, o distrital foi o único dos pré-candidatos apoiadores do ex-presidente no DF a discursar como postulante ao Buriti. Keka Bagno e Rafael Parente falaram apenas como representantes locais dos respectivos partidos.
Alianças
No DF, Lula terá, portanto, ampla circulação em três palanques. O terceiro será o da federação PSol-Rede, que também apoiará o ex-presidente. A pré-candidata ao governo local pelo grupo, Keka Bagno, endossou a chapa presidencial PT-PSB, mas não participou da convenção, nessa sexta-feira (29/7). Ela havia encontrado Lula e Alckmin na quinta-feira (28/7), na 74ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade de Brasília (UnB). Grass também não compareceu, evitando desgastes como o de 12 de julho.
Correligionários, Parente e Alckmin se encontraram com Rodrigo Rollemberg na quinta (28/7) e na sexta-feira (29/7), antes da convenção nacional. No entanto, o pré-candidato a governador do DF ainda não teve a oportunidade de conversar pessoalmente com Lula, pois não participou da reunião da SBPC e, no evento dessa sexta-feira (29/7), dirigiu-se diretamente às cadeiras para convidados, no palco.
Candidaturas
Ao menos outras quatro convenções partidárias que definirão o rumo dos partidos nas eleições deste ano estão marcadas para amanhã, em Brasília. Legendas como PSB, Democracia Cristã, Agir e PDT vão se reunir, separadamente, para bater o martelo sobre os caminhos trilhados até outubro. Além delas, integrantes das siglas MDB, PP, PL e Patriota participarão de um evento conjunto, no qual formalizarão as candidaturas da chapa de Ibaneis Rocha, que tem as deputadas federais Celina Leão (PP-DF) como vice e Flávia Arruda (PL-DF) na corrida ao Senado.
O Democracia Cristã vai aprovar os nomes de Lucas Salles como pré-candidato ao governo local e de Suelene Balduino como vice. A legenda ainda não escolheu um nome para concorrer ao Senado. O Agir deve reforçar o apoio à reeleição de Ibaneis Rocha, enquanto o PDT oficializará a senadora Leila Barros (PDT-DF) como postulante ao Buriti, com o correligionário e ex-presidente da Câmara Legislativa Joe Valle (PDT) como vice. Por enquanto, o partido de Ciro Gomes não conseguiu fechar alianças no DF; por isso, tende a lançar um pedetista a senador.
A federação PSDB-Cidadania se reunirá na sexta-feira (29/7) para referendar o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) como candidato ao governo do Distrito Federal. Com a falta de consenso entre o parlamentar e a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) sobre qual dos dois representaria o grupo no pleito deste ano para disputar a vaga do Palácio do Buriti, o nome do tucano foi escolhido após reunião entre dirigentes dos dois partidos na terça-feira (26/7). O encontro terminou de forma tensa, com bate-boca e registro de ocorrência policial.
O plano da deputada federal era se unir ao União Brasil, na chapa encabeçada por José Antônio Reguffe (UB). A candidatura dele a governador será confirmada na quarta-feira (3/8). O presidente regional da legenda, Manoel Arruda, é um dos nomes cotados a vice. Já o PSC, presidido no DF pelo advogado Felipe Belmonte, marido de Paula Belmonte, definirá apoio ao projeto dela no dia seguinte.
Escolhas
Com a parceria fechada entre Ibaneis Rocha e José Roberto Arruda (PL), o presidente do PSD-DF, Paulo Octávio, que pretende disputar o Senado, ficou sem espaço na aliança. Na sexta-feira (5/8), o partido do empresário definirá os rumos a tomar.
A convenção do Podemos também será na sexta-feira (5/8), porém, no DF, o partido está fechado com Reguffe. Depois que Jair Bolsonaro interferiu na pré-candidatura da ex-ministra Damares Alves (Republicanos) ao Senado, a sigla ficou sem rumo. Agora, as candidaturas a deputado federal e distrital, bem como prováveis alianças, serão discutidas no encontro da semana que vem.
O Novo também oficializou, na segunda-feira (25/7), o apoio à candidatura de Reguffe ao governo local, com o advogado Paulo Roque para o Senado. Fora da chapa pela reeleição de Ibaneis Rocha, o Avante, presidido no DF pelo vice-governador Paco Britto, deixou a decisão sobre alianças para a executiva regional. A definição precisa sair até 15 de agosto, data-limite para registro de quem concorrerá no pleito deste ano. A expectativa da legenda é de eleger dois deputados distritais, como em 2018, e lançar um nome para a disputa a cargos majoritários.
Pela esquerda, as federações PT-PV-PCdoB e Psol-Rede confirmaram, no último domingo (24/7), Leandro Grass e Keka Bagno, respectivamente, como postulantes ao Palácio do Buriti. Olgamir Amancia (PCdoB) será vice do representante do PV, na chapa que terá Rosilene Corrêa (PT) para o Senado. O vice da socialista será Toni de Castro (PSol), e Pedro Ivo (Rede) será o candidato a senador do grupo.