A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) confirmou, ontem, que vai criar um comitê específico para o combate à monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos, a partir da próxima semana. Denominado de Comitê Operacional de Emergências (COE) Monkeypox, a pasta ressalta que o governo local trabalha no aperfeiçoamento do plano de contingência, além de definir a destinação de leitos para casos mais graves no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Até o momento, Brasília registrou 21 casos confirmados e 70 em investigação. A maioria dos pacientes diagnosticados com a doença são do sexo masculino, com idade entre 20 e 39 anos. Na segunda-feira, será detalhado o perfil dos infectados.
Nesta semana, a Secretaria de Saúde anunciou que pretende realizar em breve os testes para a doença, por meio do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF). A capacidade inicial é de fazer até 96 exames por semana. A expectativa da pasta é de que, a partir de segunda-feira, os serviços de análise dos materiais coletados de pacientes suspeitos comecem.
Morte
O Brasil registrou, na quinta-feira, a primeira morte por varíola dos macacos, conforme confirmado pelo Ministério da Saúde. O homem tinha 41 anos e era natural de Uberlândia (MG). Ele apresentava imunidade baixa e comorbidades como linfoma, câncer que afeta as células do corpo. A vítima estava internado em um hospital de Belo Horizonte, e a causa da morte foi choque séptico, agravada pela monkeypox.
No país, até o momento, foram registrados 1.066 casos da doença. No último sábado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a varíola dos macacos como emergência global de saúde pública.
Segundo o Ministério da Saúde, qualquer pessoa pode se contaminar. A doença é transmissível por superfícies, por contato direto com lesões de pacientes, com fluidos corporais ou gotículas respiratórias e por proximidade com indivíduos infectados, ainda que não apresentem feridas. O período médio para que uma pessoa curada deixe de transmitir a varíola dos macacos é de três a quatro semanas após a cicatrização completa das lesões na pele.
Para o infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB) Dalcy Albuquerque, o cenário da varíola dos macacos no DF se mostra como um início de epidemia. "É o momento que nós, população e profissionais de saúde, temos que ficar atentos para os casos novos e procurar bloqueá-los, além de muita atenção às medidas preventivas e a forma de transmissão", ressalta o especialista.
O médico comenta que, embora o Ministério da Saúde tenha notificado um óbito, é uma enfermidade que, até o momento, tem letalidade baixa. "Como para todas as outras viroses, as pessoas com comorbidades, principalmente doenças que comprometam a imunidade, são mais suscetíveis a um agravamento e morte", alerta o infectologista.
Dalcy destaca que a monkeypox é uma doença que apresenta os sintomas muito parecidos com outras viroses. "Começa com febre, sensação de mal-estar e dor no corpo. Depois, vão surgindo lesões na pele, que evoluem desde uma mancha vermelha e aumenta formando uma vesícula que acaba rompendo", detalha o médico. A recomendação é de que a pessoa com suspeita e, principalmente, diagnosticada se isole. "Por, pelo menos, três ou quatro semanas", completa Dalcy, destacando a necessidade de procurar um médico para o diagnóstico.
Trabalhos
O comitê, de acordo com o presidente Fabiano dos Anjos, surge como uma iniciativa de contingência, a fim de evitar o avanço da doença. "Vamos analisar os padrões de distribuição das ocorrências e a confirmação dos diagnósticos", diz. Para dar início ao combate da doença, as testagens começam na segunda-feira. O prazo para a confirmação dos diagnósticos será de, no mínimo, uma semana, segundo Fabiano. No entanto, essa data pode variar, a depender da demanda da população e da quantidade de amostras disponíveis.
De acordo com o presidente do COE, os exames serão feitos por meio de teste PCR e sequenciamento genômico — que serve para descobrir de onde vem o vírus e qual está circulando pela capital federal. "Essas análises serão realizadas a partir da coleta da secreção dessas lesões que as pessoas têm no corpo. Perfura o ferimento, passa um cotonete e acondiciona essa amostra em um tubo. Em seguida, manda para o laboratório", explica.
*Estagiário sob a supervisão
de Guilherme Marinho