Um professor da Universidade de Brasília (UnB) é acusado de agredir e manter a namorada trancada no apartamento dele por cerca de oito horas, em Taguatinga. A vítima, de 45 anos, contou que o agressor usava uma faca e que foi mantida confinada das 9h às 17h, quando conseguiu ir embora para a casa de uma amiga. Os crimes aconteceram em 21 de julho.
O Correio conversou com a vítima das agressões, que preferiu não se identificar. Ela relata que os dois se conhecem há cerca de 25 anos e namoravam há dois anos. "Na mesma semana dessa tragédia, ele me pediu em casamento", revela. Segundo a mulher, tudo aconteceu após chegarem no condomínio do professor. "Ele ficou com ciúmes depois que cumprimentei um vizinho e se alterou, falando que não gostou de eu ter feito isso", lembra.
A partir desse momento as agressões verbais e xingamentos começaram. "Pedi para que ele parasse e fui em direção ao quarto. Foi quando ele me jogou na cama e se ajoelhou em cima dos meus braços, por isso que eles estão roxos", detalha. "Fiquei oito horas presa no quarto, porque ele me trancou. Quando tentei pegar o braço dele, para tirar a chave, fui mordida. Foram momentos de terror", lamenta a vítima.
O professor teria utilizado uma faca para ameaçar a mulher e chegou a golpear a cama. "Ele ia me furar, ia conseguir me machucar de alguma forma, mas desviei e ele acabou furando o colchão", detalha. A vítima relatou que, em determinado momento, o agressor disse que iria matar ela e as filhas, caso houvesse alguma denúncia à polícia.
"No momento em que saí, já não estava mais aguentando todo aquele sofrimento. Cheguei a cogitar cortar a tela da janela e pular. Ainda está tudo muito vivo e dói muito. O homem que estava pensando em viver uma vida, quase acabou com a minha. Não tenho comido, nem dormido direito. Passei por tudo isso com um homem que conheço há tanto tempo. Sempre estive presente em todas as conquistas dele, comemorando. A gente sempre foi muito amigo, e queria muito saber onde está essa pessoa", indaga. Ela garante que não quer ter mais nenhum contato com o agressor.
Justiça
No dia seguinte às agressões, em 22 de julho, a juíza de direito substituta do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Taguatinga Nadia Vieira de Mello Ladosky deferiu uma medida protetiva de urgência, impedindo a aproximação e o contato do agressor com a vítima e as duas filhas dela. A magistrada considerou que a mulher sofre risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica, devido a violência doméstica e familiar.
A vítima prestou depoimento na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia, no mesmo dia das agressões. O caso, no entanto, é investigado pela 17ª DP (Taguatinga Norte). A reportagem entrou em contato com o professor. Ele respondeu que prestou depoimento ontem, junto aos advogados, "rechaçando tudo que foi apresentado pela suposta vítima". O acusado afirmou que, em breve, todos os esclarecimentos serão disponibilizados à imprensa.