Presidente do PSD-DF, o empresário Paulo Octávio reuniu ontem seu grupo político para discutir os rumos do partido nas eleições. A maioria dos pré-candidatos a deputado distrital e federal defende candidatura própria ao governo com Paulo Octávio como cabeça de chapa.
O PSD foi excluído do acordo fechado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) com o ex-governador José Roberto Arruda (PL) e as deputadas Flávia Arruda (PL-DF) e Celina Leão (PP-DF). O acerto ocorreu em torno da chapa à reeleição de Ibaneis, com Celina de vice e Flávia como candidata ao Senado.
Mas a união deixou muitos descontentes entre partidos da base de Ibaneis. Paulo Octávio quer concorrer ao Senado. O vice-governador Paco Britto (Avante) desejava permanecer na chapa com a mesma função. O Republicanos chegou a fechar uma composição com Ibaneis para que a candidata ao Senado fosse a ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves.
Até no PP houve descontentamentos com a escolha de Celina Leão para a vaga de vice. O empresário Fernando Marques, dono da União Química, indústria farmacêutica que produz a vacina russa Sputnik V contra covid-19, afirma que tinha um acordo com o PP para que fosse candidato ao Senado.
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Acordo não cumprido
Também filiado ao PP, o ex-deputado Rogério Rosso, executivo da União Química e aliado político de Marques, diz que não será candidato a deputado federal, como pretendia, se o acordo não for cumprido. Sem Celina e Rosso na nominata para a Câmara dos Deputados, o PP corre o risco de não eleger nenhum deputado.
Com tantas insatisfações, cresce a chance de surgimento de uma candidatura ao Palácio do Buriti dos partidos de centro e direita alternativa à de Ibaneis. Além dos partidos sem espaço na chapa da reeleição, há também a confirmação da candidatura do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) ao governo, ainda sem alianças.
A senadora Leila Barros (PDT-DF) também está em voo solo. Não à toa todos têm conversado. Desde que voltou da Suíça para onde viajou para acompanhar o casamento religioso do filho Felipe Kubitschek Pereira com Lara Lemann, Paulo Octávio tem feito reuniões com pré-candidatos e políticos.
Esteve com Izalci, Leila e na noite de terça-feira recebeu Reguffe em sua casa no Lago Sul. Izalci, Leila e Reguffe são pré-candidatos ao governo, ainda sem vice e candidato ao Senado. Ontem, em reuniões com aliados do PSD, Paulo Octávio ouviu o apelo para que o partido assuma protagonismo no processo. "Fiquei muito sensibilizado com o apelo dos pré-candidatos do meu partido para que eu seja candidato ao governo", disse Paulo Octávio. Agora ele tem o prazo até 5 de agosto para reunir uma aliança e tomar uma decisão.
Ibaneis volta a enfrentar um problema, como quando havia um risco de Arruda lançar a candidatura ao Palácio do Buriti e rachar o grupo político. Com uma possível candidatura de Paulo Octávio, o governador correrá o risco de perder votos da base de Arruda que não aceitam o acordo com Ibaneis.
Paulo Octávio foi vice de Arruda no governo eleito em primeiro turno em 2006. Os dois eram líderes nas pesquisas de intenção de votos e decidiram se unir contra a então candidata apoiada por Joaquim Roriz, a governadora à época, Maria de Lourdes Abadia.
O próprio Arruda tem sido muito pressionado nas ruas a voltar atrás no acordo com Ibaneis. Querem que o ex-governador seja o candidato ao governo. Mas ele disse ontem ao Correio que mantém a prioridade na candidatura de Flávia Arruda ao Senado. Para Paulo Octávio, há muitas possibilidades de alianças.