O período de estiagem completou, ontem, 80 dias no Distrito Federal. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a capital do país continua com o predomínio da massa de ar seco: isso significa que a umidade também está baixa, entre 20% e 30%. Desta forma, o instituto emitiu alerta amarelo para o período de seca.
De acordo com o meteorologista do Inmet Olívio Bahia, hoje, o DF deve manter a tendência de seca. A temperatura mínima deve ficar na casa dos 12°C, enquanto a máxima pode chegar aos 26ºC, em Brasília, e 28º, em alguns pontos do Distrito Federal. A umidade na capital do país tem mínima prevista de 25%.
Olívio destaca os dias secos são os responsáveis por agredir a saúde e o meio ambiente. "O ar vai ficando seco e, por não ser renovado pelas chuvas, fica sujo também", afirma. Para o especialista, não é necessário ter uma umidade tão baixa para que ela cause impactos. "Cada dia sem chuva, somado às umidades atuais, afeta o corpo humano de forma geral", frisa o meteorologista.
Impactos
De acordo com o doutor em ecologia e professor de biologia do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Stefano Aires, a região do cerrado tem duas estações: seca e chuvosa e, até o início de outubro, nós estaremos com a primeira. "Esse tipo de vegetação é extremamente adaptada para aguentar esse período: as plantas têm folhas e cascas mais grossas, que proporcionam um isolamento térmico maior, evitando a perda de água excessiva", destaca.
No entanto, o grande perigo são as queimadas que, segundo o biólogo, são causadas pelo homem — na grande maioria das vezes — nessa época do ano. "Por estarmos na estação seca, os incêndios vão durar mais tempo, porque não tem chuva para amenizar os estragos", afirma Stefano. "Por isso, a população precisa tomar cuidado com os entulhos descartados, que geralmente são incinerados, que podem acabar causando um desastre ambiental", alerta o especialista.
Doenças
Durante o período de seca, a concentração de poluentes no ar aumenta e o risco de problemas cardíacos chega a 50% em pessoas que já possuam alguma vulnerabilidade, como doença coronária — causada pelo acúmulo de placas de gordura nas artérias — segundo Danilo Avelar Sampaio Ferreira - Doutor em Ciências (Fisiologia e Farmacologia) e professor do Ceub. "Com a secura, perdemos líquidos no corpo e, para manter o equilíbrio hidroeletrolítico (ou seja, de água e sais minerais) nossos vasos sanguíneos, muitas vezes, precisam se dilatar. Para manter a pressão arterial, com os vasos dilatados, o coração precisa trabalhar e bater mais forte", ressalta.
Outro problema decorrente da baixa umidade do ar é a desidratação das células, principalmente na pele e nas mucosas, de acordo com o especialista. "O corpo emite alguns sinais quando faltam água e sais minerais no organismo, como ressecamento das narinas, dos olhos e da pele, cansaço e, até mesmo, dor de cabeça", afirma. "Com o tempo seco, aumenta, portanto, a prevalência de doenças respiratórias, como rinite e conjuntivite alérgicas", conclui o biomédico.
Colaborou Ana Luisa Araujo
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