Começa hoje a temporada de convenções regionais dos partidos no Distrito Federal. Neste domingo, serão confirmadas duas candidaturas aliadas do ex-presidente Lula ao Palácio do Buriti: a do deputado distrital Leandro Grass (PV) e a da assistente social Keka Bagno (PSol). Até 5 de agosto, todas as legendas deverão fazer a reunião que vale como um compromisso de como deverão seguir nas eleições.
As convenções definem as candidaturas majoritárias, de governador, vice, Senado e suplências, além das nominatas para deputados federais e distritais. Mas é comum que partidos usem um artifício para deixar as decisões para a última hora. Na convenção, os dirigentes delegam o poder para a executiva regional lavrar a ata que será encaminhada para a Justiça Eleitoral, até 15 de agosto.
É o que devem fazer partidos como o Republicanos, o Avante e PSD. Essas legendas ficaram sem espaço na chapa do governador Ibaneis Rocha (MDB) depois que ele acertou o acordo de divisão das candidaturas com o ex-governador José Roberto Arruda (PL).
Do Avante, o atual vice-governador Paco Britto esperava manter o posto num eventual segundo mandato. Trabalhou por isso, mas Ibaneis fechou com a presidente regional do PP, deputada federal Celina Leão. Ela vai ser vice, numa composição abençoada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que comanda o PP nacionalmente. Assim, Ibaneis montará o palanque de Bolsonaro na capital do país.
Com essa mexida no tabuleiro, Paco precisa encontrar um espaço. Na convenção, marcada para amanhã, o vice-governador precisa definir se mantém o apoio a Ibaneis. O mais provável é que aguarde a conclusão de todas as negociações antes de bater o martelo. Justamente pela indefinição, o presidente do PSD, Paulo Octávio, marcou a convenção para o prazo final. Será em 5 de agosto.
Paulo Octávio esperava ser escolhido como vice na chapa de Ibaneis ou candidato ao Senado. Essa possibilidade existia também numa chapa encabeçada por Arruda. Mas o ex-governador optou por concorrer a deputado federal e prestigiar a candidatura da mulher, Flávia Arruda, ao Senado. Os dois estarão na frente de partidos que apoiarão a reeleição de Ibaneis.
A união foi tão fortemente selada que as convenções do MDB de Ibaneis, do PP, de Celina e do PL do casal Arruda ocorrerão conjuntamente no próximo domingo, praticamente sem surpresas. Faltam definir apenas as suplências de Flávia Arruda, um posto cobiçado, considerando-se que, caso seja eleita, ela poderá se licenciar para exercer cargos num eventual segundo mandato de Bolsonaro.
O acordo de Ibaneis e Arruda teve impacto também nos planos do Republicanos. A legenda realiza a convenção quarta-feira. Mas sem decidir nada. A aliança sacramentada por Bolsonaro tirou da ex-ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos Damares Alves a candidatura ao Senado. Ela estava animada com a aliança com Ibaneis e contava com o entusiasmo da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O Republicanos agora avalia o caminho. Os pré-candidatos do partido à Câmara dos Deputados, especialmente o deputado Júlio César Ribeiro, que concorre à reeleição, e o ex-secretário de Ciência e Tecnologia Gilvan Máximo não querem aumentar a concorrência com a entrada de Damares no páreo. Por isso, na semana passada, a assessoria da ex-ministra cogitava até mesmo uma candidatura ao governo.
Dificilmente Damares entrará numa disputa como essa sem o aval de Bolsonaro, tampouco se o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, se acertar com Ibaneis ou com outro candidato ao governo.
No próximo domingo, também haverá a convenção do PSB. A tendência é que o partido lance a candidatura solo de Rafael Parente ao governo. Ele deverá ter uma vice do próprio partido e sair sem candidatura ao Senado. O ex-secretário de Educação tentou uma aliança com a federação PT-PV-PCdoB, mas o grupo será liderado por Leandro Grass.
Também não prosperou até agora uma negociação política para que Parente seja o vice na chapa do senador José Antônio Reguffe (União), que se lançou pré-candidato ao governo. É que a direção do União Brasil não topa uma composição com partidos da base da candidatura de Lula e o PSB tem Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial petista.
A convenção do União Brasil só ocorrerá na semana seguinte, em 3 de agosto. Será a vez de o partido confirmar ou não a candidatura de Reguffe. Um dos partidos que deve estar com o senador na disputa ao Buriti é o Podemos, que fará sua convenção dois dias depois.
Um dos nomes cotados para se aliar ao União Brasil como candidato ao Senado é o advogado Paulo Roque (Novo). O partido dele faz convenção amanhã e deverá deliberar sobre esse direcionamento. Dentro do Novo, dirigentes defendem que Roque concorra ao governo, caso Reguffe não seja candidato.
Enquanto as coligações vão se definindo, há ainda um embate dentro da federação PSDB-Cidadania. A executiva dos dois partidos decidiu que não haverá aliança com apoio a candidatura de outra legenda. Ou seja, a federação terá um nome próprio na disputa ao Executivo.
A presidente do Cidadania, deputada Paula Belmonte, queria construir uma aliança em torno da candidatura de Reguffe. Mas teve de recuar nessa ideia. Agora ela disputa com o senador Izalci Lucas (PSDB) quem será o nome da federação na eleição ao governo. Paula tem maioria na executiva regional da federação, o que lhe garantiria vantagem.
Mas Izalci tem apoio da cúpula da federação e quer vencer o embate na próxima terça-feira quando o assunto deverá ser deliberado. Há tempo suficiente para as definições antes da convenção do PSDB-Cidadania, no próximo domingo.
*Estagiário sob a supervisão
de Malcia Afonso
Federação PT-PV-PCdoB: 24 de julho
LEANDRO GRASS
Confirmada as candidaturas de Leandro Grass (PV) ao governo, Olgamir Amancia (PCdoB) como vice, e Rosilene Corrêa (PT) ao Senado.
Federação PSol-Rede: 24 de julho
KEKA BAGNO
Confirma as candidaturas de Keka Bagno (PSol) ao governo, Toni de Castro (PSol) como vice, e Pedro Ivo (Rede) ao Senado.
PMN: 24 de julho
Vai decidir se apoia o governador Ibaneis Rocha (MDB) ou se seguirá para as eleições sem cabeça de chapa, apenas com candidaturas de deputado federal e distrital. Há possibilidade de lançar um nome para a disputa majoritária.
Novo: 25 de julho
PAULO ROQUE
Não deverá lançar candidato ao governo. O partido deve registrar o advogado Paulo Roque na disputa ao Senado. Ele pretende se aliar ao União Brasil para apoiar a candidatura do senador José Antônio Reguffe ao Palácio do Buriti.
Avante: 25 de julho
PACO BRITTO
O partido do vice-governador Paco Britto deve delegar para a executiva regional a decisão sobre alianças. Como o Republicanos, o Avante ficou sem espaço na chapa de Ibaneis Rocha depois que a deputada Celina Leão (PP) foi definida como vice.
Republicanos: 27 de julho
DAMARES ALVES
Depois que o presidente Jair Bolsonaro interveio na pré-candidatura da ex-ministra Damares Alves ao Senado, o partido está sem rumo. Deve confirmar as candidaturas a deputado federal e distrital e delegar à executiva regional a decisão na última hora, em 15 de agosto, sobre alianças e candidaturas próprias ao governo e Senado.
MDB-PP-PL-Patriota: 31 de julho
IBANEIS ROCHA
Os partidos da base do governador Ibaneis Rocha (MDB) devem realizar as convenções conjuntamente. A intenção é confirmar a candidatura de Ibaneis à reeleição, com a deputada federal Celina Leão (PP) como vice e a deputada Flavia Arruda (PL) na corrida ao Senado. Falta definir as suplências de Flávia.
PSB: 31 de julho
RAFAEL PARENTE
Deve confirmar a candidatura de Rafael Parente ao governo em chapa puro-sangue, com uma mulher ainda a definir como vice. O partido avalia não lançar candidato ao Senado.
Democracia Cristã: 31 de julho
LUCAS SALLES
O partido vai confirmar a candidatura de Lucas Salles ao governo e de Suelene Balduino como vice. Os dois são filiados ao Democracia Cristã. Falta definir a candidatura ao Senado.
Agir: 31 de julho
O partido deve confirmar o apoio à candidatura do governador Ibaneis Rocha à reeleição.
PDT: 31 de julho
LEILA BARROS
O partido deve oficializar a candidatura da senadora Leila Barros (PDT) ao governo, com o ex-presidente da Câmara Legislativa Joe Valle (PDT) como vice. Até o momento, o partido não conseguiu fechar nenhuma aliança partidária para as eleições. Por isso, deve lançar alguém do próprio partido para a corrida ao Senado.
Federação PSDB-Cidadania: 31 de julho
IZALCI
A federação ainda não tem uma definição oficial sobre candidaturas. O presidente do PSDB, senador Izalci Lucas, e a presidente do Cidadania, deputada Paula Belmonte, não se entendem. Izalci quer concorrer ao governo e Paula, ao Senado. Mas a federação decidiu que terá candidatura própria e Paula virou pré-candidata ao Buriti. Por enquanto, não há uma solução para o impasse. A tendência é de que Izalci seja o candidato ao GDF.
União Brasil: 3 de agosto
REGUFFE
O partido deve confirmar a candidatura do senador José Antônio Reguffe (União) ao governo. Falta definir o restante da chapa. O presidente regional do União Brasil, Manoel Arruda, é um dos nomes cotados como vice.
PSC: 4 de agosto
PAULA BELMONTE
Presidido no DF pelo advogado Felipe Belmonte, marido de Paula Belmonte, o partido apoiará o projeto da deputada federal do Cidadania.
PSD: 5 de agosto
PAULO OCTÁVIO)
Com o acordo de Ibaneis Rocha (MDB) e José Roberto Arruda (PL), o empresário Paulo Octávio, que pretende disputar o Senado, ficou sem espaço. Agora o partido precisa definir os rumos.
Podemos: 5 de agosto
O partido está fechado com a candidatura de José Antônio Reguffe ao governo e espera a oficialização do projeto pelo União Brasil.