A direção nacional do PT homologou a candidatura do ex-governador Agnelo Queiroz (PT) como deputado federal. Havia um embate interno no partido em função de pendências judiciais que apontam a inelegibilidade do petista. Com esse argumento, a executiva regional do PT havia decidido não inscrever Agnelo na disputa, mesmo com a aprovação do nome dele em encontro regional com cerca de 300 delegados. Mas o comando nacional interveio.
Pendências judiciais
Agnelo tem duas condenações a serem derrubadas para que ele possa concorrer. Uma delas se refere ao Centro Administrativo (Centrad). É uma ação de improbidade administrativa que pode ser derrubada, a depender da posição do STF em 3 de agosto, quando os ministros decidirão a repercussão geral da retroatividade da nova lei. O resultado sobre a data de vencimento das penas interessa a vários políticos, entre os quais o ex-governador José Roberto Arruda (PL) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O TSE diz que vale por oito anos, a contar da data da eleição correspondente ao ato questionado. Mas isso significa 5 de outubro, três dias depois do pleito deste ano.
Substituição em caso de impedimento
O vice-presidente do PT-DF, Wilmar Lacerda, defende que, se for preciso, Agnelo Queiroz será substituído na candidatura em 12 de setembro, como ocorreu com Lula em 2018, quando Fernando Haddad entrou na campanha. Segundo o presidente do PT-DF, Jacy Afonso, a elegibilidade deve ter análise técnica isenta. "Não podemos correr riscos de inscrever candidatos com riscos de inelegibilidade e, como já aconteceu em outras unidades da Federação, ter votos anulados e redução de bancadas", disse. E acrescentou: "Tratamos, neste momento, de uma candidatura de grande potencial, (a) do nosso ex-governador Agnelo, que, todos sabemos, foi vítima de intensa perseguição judicial e que luta, com nosso apoio, para provar sua inocência e eliminar os obstáculos à sua vida pública. Desejamos que isso aconteça. Mas, sem a segurança de que seus votos serão validados, não podemos simplesmente ignorar riscos, por mais delicado que seja o caso". Mesmo com as discordâncias, segundo Jacy Afonso, a decisão nacional será respeitada, e a candidatura de Agnelo será confirmada.
Voos do tucano
Depois de a direção nacional da Federação PSDB-Cidadania ter decidido que terá candidatura própria ao GDF, o senador Izalci Lucas saiu a campo para garantir apoios à pretensão de ocupar o Buriti. Com a certeza de que será ungido o candidato da federação em Brasília, nos últimos dias, Izalci ampliou o leque de conversas com os partidos e os pré-candidatos ao governo e ao Senado. Ele trocou ideias com os presidentes do União Brasil, Avante e PSD — respectivamente, Manoel Arruda, Paco Britto, e Paulo Octávio —, desenhando cenários e possibilidades de coligações. Também entabulou conversas com os colegas no Senado, Reguffe (UB) e Leila Barros (PDT). E, ainda, com o pré-candidato ao Senado Paulo Roque (Novo), além da ex-ministra Damares (Republicanos), que está sem rumo. Também trocou mensagens com o ex-governador Cristovam Buarque (Cidadania), que lhe garantiu que não será candidato em outubro.
Paridade
No documento com as 10 propostas acordadas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) com o ex-governador José Roberto Arruda (PL) para o plano do próximo governo, há um ponto que interessa à Polícia Civil do DF: a paridade dos salários com a Polícia Federal.
Solo
A chance de Rafael Parente (PSB) sair candidato a governador, mesmo sem alianças, é grande. A avaliação no partido é de que ele está no mesmo patamar, em termos de intenções de votos, de outros candidatos do campo progressista e de centro. Então, vale a pena arriscar. Parente deve ter uma mulher como vice e pode concorrer ao GDF sem uma candidatura ao Senado.
À Queima Roupa
Leandro Grass, pré-candidato da federação PT-PV-PCdoB ao governo do Distrito Federal
Existe uma relação ruim entre os candidatos que apoiam o ex-presidente Lula?
Pelo contrário. Tenho uma boa relação com Keka Bagno e Rafael Parente. Sempre os tive como aliados e parceiros políticos. Keka desenvolve um papel muito importante na defesa dos direitos de crianças e adolescentes e carrega uma enorme legitimidade no debate de raça e gênero. Rafael tem uma longa trajetória de trabalho na educação. São temas de grande valor para nosso campo político. Suas candidaturas foram aprovadas por seus partidos, que apoiam Lula em nível local. A minha, de Olgamir Amancia (PCdoB), nossa pré-candidata a vice, e de Rosilene Corrêa (PT), ao Senado, é apoiada por Lula e pela direção nacional de nossa federação. Nos atos dos dias 12 e 13, com Lula, isso ficou explícito e pode ter provocado algum descontentamento ou divergência. Mas, da minha parte, há muito respeito e carinho pelos dois, bem como por seus partidos.
Como é possível uma relação amistosa numa eleição, em que todos estão disputando o mesmo espaço, ou seja, mais votos e conseguir chegar ao segundo turno?
Temos adversários principais e comuns, Bolsonaro e Ibaneis, e isso deve determinar nossa estratégia. Vamos disputar os votos sem nos agredirmos e sem esquecer que o essencial é derrotar o bolsonarismo e seus representantes no DF. Precisamos recuperar nossa cidade, que está destruída por esses governos. E vamos lembrar sempre que nosso adversário vai fazer de tudo para criar conflitos entre nós. Nosso papel é trabalhar com a verdade, com muito respeito e colaboração dentro do que for possível. Nossa desunião só favorece os que tentarão nos derrotar.
Acredita ainda na união das candidaturas no primeiro turno?
É difícil, mas não impossível. Gostaria de ter contra Ibaneis a mesma unidade que temos contra Bolsonaro. Na quinta-feira, conversei com a Keka; hoje (ontem), com o Rafael. Nossa federação se reuniu com o PSB na segunda-feira. Infelizmente, apesar de todos os esforços feitos, não foi possível formar uma chapa única para o governo nem para o Senado. Houve inúmeras reuniões partidárias, e eu me dediquei muito: conversei com todos os partidos do nosso campo político, inclusive com seus presidentes nacionais. Conversei também com Leila (Barros), (José Antônio) Reguffe, Izalci (Lucas) e Paula Belmonte, que não participam da nossa frente nacional e estão em outros campos. Houve tentativa de unidade, pelo menos, no apoio à Rosilene para o Senado, mas não foi possível. Como afirmaram (Guilherme) Boulos e outras lideranças do PSol e da Rede, a candidatura da Keka é irreversível. O PSB também segue optando por não compor com nossa federação, o que é legítimo e respeitamos. Mas as portas do diálogo seguem abertas até o último dia possível. Com o Solidariedade, que apoia Lula, também não encerramos as conversas, e espero que estejamos juntos.
E no segundo turno?
No segundo turno, essa unidade é essencial, inclusive, com o apoio de candidatos contra Ibaneis que não estão no nosso campo político. Não acredito que os que veem a incompetência, o descaso, a inoperância, a corrupção e todos os males deste governo não consigam se unir no segundo turno para derrotá-lo. Esperamos que Bolsonaro seja derrotado por Lula no primeiro turno, e Ibaneis, por nós no segundo turno.
Ibaneis com apoio de Arruda pode vencer no primeiro turno?
A oposição seguramente estará no segundo turno, e minha avaliação é de que sou o candidato com mais probabilidade de chegar lá. Trabalharei incansavelmente também pela eleição de Lula e pela de Rosilene, ao Senado. A campanha não começou, e teremos oportunidade de mostrar nosso projeto e debatê-lo. Nossa federação mostrará sua força eleitoral. Ibaneis não vence no primeiro turno, com ou sem apoio de Arruda. Mas, vamos lembrar, Arruda sempre esteve com Ibaneis, inclusive com indicação de secretários e no comando de áreas do governo. A Flávia Arruda já era a candidata ao Senado. Por poucos dias, pareceu que estariam separados, mas a união voltou. Então, nada mudou.