O mercado imobiliário do Distrito Federal está aquecido. Em maio deste ano, Brasília alcançou o maior volume de unidades ofertadas para o mês em oito anos, com 5.026 apartamentos novos colocados à venda — número que é cerca de 20% maior do que o registrado no mesmo período de 2015. Os dados são da pesquisa do Índice de Velocidade de Vendas (IVV), feita pela Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF).
O levantamento mostra expansão na comercialização, com a venda de 425 unidades residenciais em maio deste ano: 12,4% a mais do que o registrado no mesmo mês em 2021. A região de Samambaia teve maior volume de vendas, com 90 unidades; seguida por Águas Claras, com 89; e o Noroeste, com 84 imóveis.
Vice-presidente da Ademi-DF, Celestino Fracon Júnior destaca que o setor é muito resiliente e tem dois pontos que podem ser considerados muito fortes. "Os imóveis sempre foram um porto seguro. Com a pandemia, ele foi ressignificado, por conta do home office. Isso se reflete nas vendas. Pessoas passaram a procurar locais com características mais atuais, que se adequam a essa nova realidade", pondera.
Em relação ao ranking de vendas, Fracon ressalta que alguns fatores levaram Samambaia a estar no topo, com valor médio do metro quadrado na região: R$ 6 mil. "Também há a qualidade da própria cidade. O projeto urbanístico conta com acessos variados, metrô, etc. Nesse quesito, é uma das melhores, se não a melhor região para se morar. Isso faz com que o comprador procure mais imóveis na área", argumenta o vice-presidente da Ademi-DF.
Sonho realizado
É o caso da corretora Kerolyn Jennifer Gontijo Alves, 19 anos, que comprou — junto ao marido, o militar Gabriel de Souza Valotto, 19 — uma unidade em Samambaia Sul, após dois anos de espera pelo sonho do imóvel próprio. "Já morei na região há um tempo e, por ser bem localizada, além ter muita opção de comércio e acesso, pesou na hora da escolha. Demoramos cerca de seis meses para encontrar um local que nos agradasse", revela a corretora.
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Para a aquisição do apartamento, Kerolyn vendeu um dos dois veículos de casal. "Na época, somente o valor do carro foi o suficiente para cobrir a entrada. Sem contar que a taxa de juros do financiamento ficou muito boa", conta. A jovem comenta que a previsão de entrega do apartamento é para o próximo mês e não esconde a ansiedade. "Estamos a mil, querendo mudar logo. Depois disso, pretendemos nos estabilizar para, no futuro, pensar em crescer a família", finaliza.
Investimento
Há quem adquira um imóvel novo pela oportunidade. Foi o que aconteceu com a fisioterapeuta Luzia Ferreira, 40. Ela e seu marido, Wilmar Borges, compraram uma unidade em Águas Claras, há dois meses. "Não era nada que estivesse nos nossos planos por agora. Estávamos passeando com o nosso filho, quando vimos o pré-lançamento de um empreendimento e decidimos conhecê-lo. Acabou que, após ouvir a ideia do projeto por meio dos corretores, gostamos de tudo e resolvemos comprar", lembra Luzia.
A fisioterapeuta garante que não está nem um pouco arrependida. "Investimento em imóvel, hoje em dia, é a melhor opção. Dificilmente, é uma péssima escolha. Foi uma grande oportunidade. Como chegamos na época do pré-lançamento, os valores ficaram bastante em conta, depois da negociação com os corretores", comenta. Luzia conclui afirmando que pretende morar no apartamento comprado, assim que ele estiver pronto. "Águas Claras é uma região muito boa. Além disso, tenho uma criança de 4 anos e, daqui a três anos — quando as obras terminarem —, ela vai estar em uma idade boa para aproveitar os espaços que o condomínio terá", considera.
Boom
O vice-presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Júnior, observa a queda em relação ao número de empreendimentos e unidades (confira Para saber mais) lançados. No entanto, o representante do sindicato faz uma ressalva. "A gente analisa das duas formas, pois, se utilizarmos uma só, pode gerar alguma distorção. Porque tem empreendimentos pequenos, com cerca de 40 unidades, mas existem também aqueles que são muito grandes, especialmente os de baixa renda, que podem chegar a 2 mil unidades", detalha.
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"Na nossa interpretação, continua com bastante lançamentos: 14 empreendimentos e 1,8 mil unidades nesses primeiros cinco meses do ano, não é pouca coisa. Historicamente, é um número muito bom. Acontece que esse 'número muito bom' está sendo comparado a um índice que, dentro da nossa série, foi o melhor ano (2021)", avalia Adalberto.
A explicação para os números do ano passado, segundo o especialista, está na pandemia. "A partir de 2020, as pessoas tiveram que ficar muito mais tempo em casa, e isso criou uma certa percepção da importância da moradia. Esse fator, juntamente às taxas de juros — que ficaram muito baixas naquele período — criou uma grande movimentação no mercado imobiliário", analisa o vice-presidente, destacando que a procura grande por imóveis, acabou resultando em uma oferta maior. "Os empresários, ao verem que a procura estava havia crescido, tinham uma série de lançamentos imobiliários preparados, esperando o momento mais adequado, e 2021 foi exatamente o ano em que eles estavam preparados para fazer esses lançamentos, e a gente viu um boom de lançamentos", conclui.
Índice de Velocidade de Venda (IVV)
Maio de 2015: 4,5%
Maio de 2021: 8,1%
Maio de 2022: 8,5%
Unidades ofertadas
Maio de 2015: 4.016
Maio de 2021: 4.690
Maio de 2022: 5.026
Venda mensal
Maio de 2015: 178
Maio de 2021: 378
Maio de 2022: 425
Empreendimentos lançados
Maio de 2015: 12
Maio de 2021: 20
Maio de 2022: 14
Unidades lançadas
Maio de 2015: 594
Maio de 2021: 2.895
Maio de 2022: 1.786
Fonte: Ademi e Sinduscon