Jornal Correio Braziliense

Fraternidade

Dia do amigo: leitores contam histórias de parcerias na alegria e na adversidade

No dia em que se celebra a amizade, o Correio traz histórias de relações que inspiram e revelam a importância que um amigo pode ter na vida do ser humano. Conexões que acontecem em momentos felizes e também na adversidade

Hoje, é comemorado o Dia Internacional da Amizade ou, o Dia do Amigo, como algumas pessoas conhecem a data. A celebração foi estabelecida em 2011, durante uma sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das principais intenções era divulgar a cultura de paz e não violência pela ONU. No encontro, foi criado um documento que estabeleceu a importância de alguns tópicos como: a conscientização de que a amizade entre os povos, países e culturas, bem como as amizades individuais, pode inspirar na criação de pontes entre comunidades, celebrando assim a diversidade cultural.

Brenda Mazochi, 27 anos, e Michelle Vieira, 26, carregam uma história de união inusitada, mas de conexão praticamente instantânea. As duas se conheceram no ensino fundamental, no CEF 312 de Samambaia Sul, há mais de 15 anos. A aproximação aconteceu depois que Brenda, ao sair da escola, sofreu um assalto. Desesperada, a estudante voltou ao colégio para se acalmar. Ao ver o nervosismo da jovem, Michelle sentou-se ao lado dela e a abraçou. O gesto simples aflorou um amor fraterno que ganharia força ao longo do tempo.

Michele conta que a admiração que sentia e as virtudes que enxergava na colega eram tão grandes que o afeto foi inevitável. Histórias em comum, vidas e cicatrizes parecidas. O amor cresceu, em razão de tudo o que cada uma delas viveu. Ao longo da escola a amizade se fortaleceu, mas quando Brenda descobriu que seria mãe aos 17 anos, Michele foi a primeira a saber e, naturalmente, esteve com a amiga em todos os momentos. E, é desse momento a recordação mais carinhosa que Brenda guarda da amiga.

Um ano depois, Michele também descobriu que seria mãe. A conexão entre as duas é tão grande que o filho Rafael nasceu no dia do aniversário de Brenda, em 16 de agosto de 2013. "Quando ela soube da possibilidade de nascer na mesma data, me pediu para segurar um pouco, como se eu pudesse controlar", conta a empreendedora. Hoje, ambos os filhos e maridos têm uma ótima relação. As duas enxergam nas crianças algo tão grande quanto elas construíram. Michele é taurina e Brenda leonina. Apesar de destacarem algumas diferenças pelos signos, elas se amam e não conseguem visualizar uma vida em que não estejam perto uma da outra.

Resgatando o passado

Às vezes um empurrãozinho pode restabelecer laços de amizades do passado. Há 11 anos, o eletricista Jonas Carneiro, 43, resolveu reunir antigos colegas para relembrar os tempos de escola. O reencontro aconteceu na quadra de basquete que fica ao lado do Ginásio Taguaparque e, de lá pra cá, o espaço passou a abrigar noites bem animadas. Jonas lembra que o parque de Taguatinga ainda nem existia quando os antigos amigos foram reaparecendo. "No começo eram cerca de seis ou sete pessoas, jogando 3x3. Fomos resgatando, aos poucos, o pessoal que estava parado e o grupo foi se formando", comenta. Com o crescimento, ele afirma que acabou surgindo a ideia de montar um time. "Isso aconteceu uns três anos depois que começamos a jogar. Vimos que tinha muita habilidade desperdiçada por aqui", brinca.

Um dos integrantes do time é o comerciante Maick da Silva, 30. Ele está na equipe desde a sua criação e fala sobre algumas curiosidades. "Apesar de sermos um time local, nosso costume é jogar campeonatos fora do DF, como Mato Grosso e no entorno também. Na maioria, nós acabamos figurando no pódio", pondera, mostrando algum dos troféus que o Basket Taguaparque ganhou.

A força da união

Maick ressalta que as conquistas passaram por um processo de construção, literalmente. Ele afirma que o grupo teve que correr atrás de apoio para que as condições da quadra fossem melhorando aos poucos. "Acredito que a situação é melhor, atualmente, porque a galera se une bastante em busca de apoio", considera. Opinião compartilhada pelo colega de equipe, Amilton Souza, 49. O autônomo reconhece o esforço que os amigos têm feito pela quadra. "Na minha opinião, essa aqui é a melhor quadra pública de basquete em Taguatinga, muito por conta do cuidado que a gente tem com ela. A melhoria mais significativa foi a iluminação, para que fosse possível jogar durante a noite", destaca.

Além do basquete, Jonas comenta que a quadra também proporciona boas lembranças. "A gente junta o pessoal, faz churrasco e sempre tem alguma resenha", conta. Sem querer "dar nome aos bois", Maick lembra de uma história que acabou ficando marcada no grupo. "Teve um dia que juntou uma galera bacana, o basquete ficou em um bom nível. Passou o tempo e, quando terminou o jogo, um cara foi embora e esqueceu que tinha trazido a esposa para a quadra com ele", recorda, entre risos. "A moça ficou aqui procurando e ele já tinha ido para casa. Só depois de algum tempo que o cara voltou para buscá-la", conta o comerciante. "Acho que, nesse dia, alguém dormiu no sofá", completa o autônomo e também componente da equipe Amilton Souza, 49.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

Eduardo Fernandes/CB/D.A Press - Amizade entre Brenda e Michele começou por causa de um assalto
Eduardo Fernandes/CB/D.A Press - A amizade começou após Brenda ser assaltada perto da escola onde elas estudavam, no ensino fundamental.
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Da amizade entre os jogadores casuais, surgiu um time que já conquistou alguns troféus.
Minervino Júnior/CB/D.A.Press - O Basket Taguaparque conta com moradores da região e até participa de campeonatos fora do DF