Suspeito de aplicar um golpe de quase R$ 900 mil ao usar dados de clientes de forma indevida para firmar contratos financeiros, o dono da empresa Omni Ambientes, de 36 anos, enganou, ao menos, 11 pessoas no Distrito Federal. Ao Correio, uma das vítimas, a advogada Júlia Drumond, 27, relatou que o investigado contratou dois financiamentos em mais de R$ 120 mil no nome dela, sem que a mesma soubesse. O empresário do ramo de fabricação de móveis planejados foi alvo de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira (18/7) durante uma operação da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul).
Localizada no Trecho 3 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), a Omni foi inaugurada em setembro de 2018 e é administrada por dois sócios, incluindo o investigado. A empresa tem capital social de R$ 50 mil e é especializada na venda de móveis sob medida. Era no escritório que o golpista atendia os clientes e fechava os contratos.
Júlia conheceu a loja por indicação de um familiar. Moradora do Jardins Mangueiral, a mulher firmou um contrato na Omni para fazer dois cômodos com móveis planejados: a cozinha e o quarto da filha. O valor saiu em um total de R$ 17 mil por transferência via PIX. O dinheiro foi pago em 50% na entrada e o restante após a conclusão da instalação dos móveis.
O golpe
Sem desconfiar de nada, Júlia recebeu uma ligação do dono da Omni, após o término do serviço. No telefonema, o investigado disse que, pelo fato dos pagamentos terem sido em alto valor, o gerente bancário dele teria solicitado uma selfie e uma foto do documento pessoal de Júlia. “Ele marcou comigo aqui em casa e fez foto da minha CNH. Até me pergunto porque fui tão ingênua”, disse.
Com os dados pessoais e a foto da vítima, o empresário enviou os dados a um aplicativo e fez uma solicitação de dois financiamentos em nome de Júlia. Uma, no valor de R$ 55 mil; e outra em R$ 78 mil. “Era como se eu estivesse financiando os móveis. No primeiro momento, não fiquei sabendo, porque as primeiras parcelas ele pagou para que eu não desconfiasse. Demorou cerca de um a dois meses para eu saber do golpe”, contou.
Júlia só se deu conta dos falsos financiamentos depois que começou a receber cerca de 30 ligações de cobrança por dia. “Fui à agência bancária do Santander para descobrir o que tinha acontecido e soube que os contratos eram no nome da empresa dele (investigado)”, relatou. A advogada ficou com o nome sujo no Serasa e entrou com processo cível contra a empresa de financiamentos.
Vítimas
A polícia identificou, ao menos, 11 vítimas só do DF, que tiveram os dados utilizados de maneira fraudulenta nestes financiamentos. Os prejuízos chegam ao total de R$ 897 mil.
Com o cumprimento das ordens judiciais, os investigadores constataram que o empresário utilizou os recursos obtidos de maneira ilícita para construir uma casa de alto padrão em um condomínio de Sobradinho. Posteriormente, o imóvel foi vendido. A PCDF representou, ainda, pelo sequestro de R$ 900 mil no intuito de reparar os danos causados à instituição financeira.
A operação da polícia também contou com o apoio da área de segurança do Banco Santander.
O Correio procurou a defesa do investigado. Segundo o advogado Eduardo Farias, o empresário é inocente. “Ainda não tivemos acesso a todos os elementos informativos colhidos pela investigação, mas apenas à decisão que determinou o sequestro dos bens. Todavia, é possível adiantar que não havia necessidade de tal medida e a constrição patrimonial não seguiu as regras do Código de Processo Penal, motivo que ensejará reação pelos meios jurídicos disponíveis”, finalizou.
O Correio também tentou entrar em contato com o Santander para pegar mais detalhes sobre a ação. Até o momento o jornal não recebeu resposta. Caso ocorra, o texto será atualizado.