O jovem, de 26 anos, preso suspeito de importunar mulher, furtar celulares e agredir policiais militares em um bar da Orla do Lago Paranoá passará por audiência de custódia hoje. O rapaz, que não teve a identidade revelada, teria se recusado a ser abordado por um policial militar negro. Ao Correio, o comandante da operação, o sargento Shemeorerk Apoliano detalhou o caso. A defesa do homem negou as acusações e afirmou que ele sofre de depressão e Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
O caso ocorreu na tarde de sábado, no Marina Nauss. Antes de ser expulso do estabelecimento por seguranças do local, vídeos do circuito interno de segurança registraram o jovem dançando sem camisa no bar. As imagens também mostram o rapaz urinando próximo ao lago. O sargento conta que as equipes da PM passavam pela área para atender a uma outra ocorrência de disparo de arma de fogo na Vila Planalto, quando se depararam com o suspeito caído e desacordado na grama.
Funcionários do estabelecimento relataram à polícia que o homem estaria furtando celulares e bebidas alcoólicas e assediando mulheres. "Aparentemente, ele estava dormindo do lado de fora, quando chegamos e o despertamos. Ele levantou um pouco desorientado sem saber o que estava ocorrendo", detalhou o policial. Ao ser abordado por um militar negro, o rapaz teria reagido. "Primeiro, ele perguntou o porquê da abordagem e explicamos a ele. Quando ele viu que o policial era negro, disse que não era preto para ser abordado e quis nos intimidar", acrescentou o sargento.
Nervoso, o jovem perguntou aos PMs se eles sabiam com quem estavam falando e afirmou ser filho de "uma pessoa importante". Em seguida, voltou a dizer que não era preto e se negava a ser abordado por uma pessoa preta. "Foi dada a voz de prisão e o conduzimos à delegacia, mas lá foi pedido para que o levássemos ao hospital, devido aos ferimentos do linchamento por parte dos clientes. O pai dele chegou em seguida para tentar acalmar a situação, mas ele começou a se exaltar mais ainda e a intimidar os policiais", afirmou o PM.
No Hospital de Base, o jovem também se negou a ser atendido e passou a ofender os profissionais de saúde. Só depois de uma hora os enfermeiros e médicos conseguiram examiná-lo. O homem foi levado de volta à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) e autuado por injúria racial, furto, ato libidinoso, uso e porte de substância entorpecente, ameaça e desacato.
Defesa
O advogado do suspeito, Suenilson Saulnier de Pierrelevée Sá, procurou o Correio e negou que o jovem seja racista. "Esclarecemos que a mãe do nosso cliente é afrodescendente, ele não é racista, e nem tampouco a autoria dos fatos imputados restaram ainda provadas", frisou. Ainda de acordo com ele, não há comprovação sobre a autoria das agressões sofridas pelo jovem. "Envidaremos todos os esforços para apurarmos se realmente partiram de populares, ou até de funcionários do local", pontuou.
O advogado disse, ainda, que o rapaz foi encontrado pela polícia desacordado devido a uma forte pancada na cabeça. "Ele é frequentador do local e não mostrou o órgão sexual, e sim urinou nas proximidades, sem provocar ninguém", afirma.