O medidor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Cardiômetro, constatou que 206 mil brasileiros morreram no primeiro semestre de 2022 de doenças do tipo. Em entrevista ao CB.Saúde — programa do Correio em parceria com a TV Brasília, com apresentação da jornalista Carmen Souza — o cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor) Thiago Siqueira analisa esse fenômeno.
A chegada do inverno revela alguns motivos pelos quais a atividade cardíaca é maior, como explica o médico. “As pessoas começam a ter uma alimentação mais calórica, com abuso de bebida alcoólica na tentativa de se aquecer um pouco mais. Outra questão é que a temperatura do nosso corpo se mantém constante e para isso o nosso corpo precisa trabalhar um pouco mais. Essa demanda do organismo sobrecarrega o coração. Não quer dizer que pessoas saudáveis vão apresentar doença cardíaca no inverno. São pessoas que já tem predisposição, com fatores de risco associados.”
Para resolver tais problemas não há tanto mistério senão a manutenção de hábitos saudáveis, que pesam mais do que o fator genético durante a vida de uma pessoa com histórico familiar. “Você pode ter uma genética favorável, com infartos próximos, mas com atos de vida saudáveis e prevenção, há grande probabilidade de que você não desenvolva doença cardiovascular.”, declara o especialista.
Thiago esclarece que esse cuidado deve ser tomado desde o princípio da vida, sendo um reforço a mais para a saúde por toda a vida: “Deve começar na infância. Temos que educar os filhos para ter hábitos de vida saudáveis. Evitar obesidade infantil, que é um problema mundial. Ter uma alimentação saudável e praticar atividade física, com 40 ou 50 anos não vai virar tratamento. O que a gente deve fazer é isso: buscar esse hábitos de vida.”
O cardiologista vê as mulheres como um universo à parte na história recente da cardiologia. Ao se adaptarem a triplas jornadas de trabalho, acumulando tarefas domésticas, trabalho e quantidade maior de estresse, passaram a sofrer com maiores fatores de risco. “Elas têm assumido diversos papéis dentro da sociedade e isso é muito bom, mas estão sobrecarregadas com duas ou três jornadas: tem a família, a casa, o trabalho fora. Ela começou a ter os mesmos fatores de risco que o homem: não tem mais tempo para atividade física, não tem mais uma alimentação tão saudável, tem estresse. Temos que ter esse cuidado especial com as mulheres”, analisa.
Durante a pandemia, a preocupação central do médico especialista é em relação à persistente ausência dos pacientes. “As pessoas, sabidamente com medo de ir aos consultórios, se afastaram e perderam seguimento. Isso é algo que estamos vendo agora. A demanda de hospitalizações está muito alta e não só de covid, mas de todas doenças, com as doenças cardiovasculares reprimidas. Hoje a gente já não deve mais temer a covid, mas temer as outras doenças”, relata.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel