Após a graduação em sociologia (UFRJ) e a pós-graduação em antropologia (UnB), Claudia Pereira produziu, dirigiu, roteirizou e atuou em filmes, peças teatrais e shows musicais por meio da Candango Promoções Artísticas, em 1981. Dez anos depois, o espírito de empreendedora falou mais alto e, com a paixão pela área publicitária, criou a Gabinete C.
Estima-se que 10,1 milhões de mulheres lideram um negócio no país. Os dados, apresentados pelo estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), são referentes ao quarto trimestre de 2021. Para Claudia, as mulheres são empreendedoras natas.
"Nosso cérebro multifuncional nos permite executar diversas atividades ao mesmo tempo. Somos mães, cuidamos da casa e trabalhamos dentro das nossas possibilidades. Podemos ser donas de empresas ou costureiras, executivas ou bordadeiras, médicas ou boleiras, enfim, podemos muito", pontua.
Contudo, a empresária acredita que há falta de confiança, roubada especialmente pela ancestral sociedade patriarcal. "Mas, desde os movimentos sufragistas do início do século passado, tivemos muitas conquistas e, hoje, temos uma expressiva participação nas diversas atividades profissionais e na economia", complementa.
Com disciplina, talento e dedicação, é possível chegar ao topo. A empresária defende que o que faz o sucesso profissional é a capacidade de resistir às adversidades e prosseguir naquilo em que se acredita. "Creio que cada um de nós tem algo a oferecer ao mundo e o importante é que seja um trabalho bem feito, uma obra realizada com esmero, um projeto desenvolvido com responsabilidade, uma meta alcançada com respeito", diz.
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Quais as maiores conquistas da Gabinete C nesses 31 anos de atuação no DF?
A primeira e maior conquista é se manter viva e ativa por mais de três décadas quando sabemos que mais de 60% das empresas brasileiras fecham as portas antes dos 5 anos. A segunda conquista foi atravessar os dois anos de pandemia, cortando custos, num exercício de malabarismo, para manter a agência e a equipe em atividade. A terceira grande conquista é ter contribuído para a construção de identidades empresariais e marcas fortes que são referências no mercado de Brasília.
De que forma a área da Comunicação mudou nas últimas três décadas?
A comunicação, assim como a sociedade e o mundo, vive um verdadeiro transe provocado pela tecnologia. Novos meios e novos sistemas surgem a cada minuto, alterando o modo de vida e de produção, com ofertas de facilidades que, ao mesmo tempo que simplificam as coisas, também exigem uma velocidade que muitas vezes prejudica a qualidade final do trabalho. Vivemos uma encruzilhada entre o virtual e o real, entre o digital e o analógico. As empresas têm uma falsa percepção de que a tecnologia resolve tudo, mas o tempo de produção de um spot, de um VT, de um front light ou de um folder, por exemplo, é muito diferente do tempo de produção no mundo virtual. O mundo em pixels, das redes sociais, é, de fato, mais rápido do que o mundo eletrônico dos vídeos para a televisão. Da mesma maneira, o folder impresso exige mais tempo de confecção do que o folder eletrônico. E assim vivemos impactados entre dois mundos que demandam diferentes formas de atuação e que irão conviver por muito tempo.
Quais os maiores desafios encontrados no mercado da comunicação atualmente?
O desafio é se equilibrar entre o digital e o analógico. Portanto, os meios se multiplicaram e as formas de mensagem também. Mas a eficácia da comunicação tem suas manhas. E a pertinência do discurso é o que faz a mensagem chegar ao seu destino. Vivemos uma era hipercomunicativa. A internet e as redes sociais democratizaram a comunicação. Contudo, poucos se comunicam de fato. No caso da propaganda, criar uma mensagem demanda adequação ao momento, ao público a que se destina e ao contexto em que se enquadra. Vale lembrar que a boa mensagem de ontem não se adequa hoje. O mundo é dinâmico e o capitalismo vive de crises desde o início do século passado. Então, as agências de propaganda têm que estar atentas aos humores do mercado e seus impactos na sociedade. Só assim será possível construir mensagens que despertem interesse, curiosidade e conexão. Da mesma maneira, as empresas precisam entender que a comunicação é uma constante. Quem deixa de se comunicar num momento de crise, deixa também de conversar com o seu público e, com isso, perde os elos com o mercado. Não é por acaso que Coca-Cola, em seus 136 anos de sucesso, nunca parou de levar suas mensagens.