Embora as denúncias de assédio sexual estejam em maior evidência, as universidades ainda enfrentam dificuldades em combater esse crime, tipificado há 21 anos. Essa é a conclusão de especialistas convidados para debater o tema na 74ª reunião anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC).
"As redes sociais influenciaram muito as denúncias de assédio. Normalmente as universidades se sentem agredidas quando se tem uma denúncia dessa e não sabem como lidar. Mas isso está mudando. Os coletivos feministas e os movimentos sociais influenciaram para que isso fosse mudando. A mídia também demandou ações institucionais."
No ambiente universitário, o assédio sexual e moral torna-se mais grave quando a mulher se encontra em uma hierarquia inferior ou caso seja dependente de uma bolsa da instituição.
A professora da Universidade de Brasília Valeska Zanello afirma que a cultura machista dificulta o combate ao assédio. "As universidades ainda são marcadas pelo mandato do patriarcado, poder e hierarquia, funcionamento de duas "leis" simbólicas: a ignorância cultivada e a desculpa do "não-saber" por quem pratica o assédio. Muitas das vezes as consequências que as vítimas sofrem são nefastas e podem atingir tanto seu projeto de vida quanto seu projeto profissional e a saúde mental da pessoa."
Thiago Pierobom afirma que é fundamental que haja educação e campanhas nas universidades. "Nós precisamos mudar a nossa cultura. Se não há mecanismos de controle, o assédio sexual irá acontecer. É necessário mapear o problema, listar as diretrizes éticas do que é permitido e do que não é permitido fazer no relacionamento entre professor e aluna e desenhar soluções para o problema", disse.
*Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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