O maior evento da América Latina e o terceiro do mundo voltado a motociclistas e aos que amam o veículo de duas rodas movimenta a capital federal até dia 30 de julho.
A cidade do motociclista — como é chamado o Capital Moto Week — conta com 210 expositores distribuídos em 250 mil metros quadrados de área. O gigantesco complexo apresenta programação para todos os gostos e faixas etárias — há opções de entretenimento, shows e gastronomia. Entre os destaques, a maior tirolesa do DF, globo da morte e bungee jump, que permite aos corajosos a oportunidade de se jogar em queda livre de uma altura de 40 metros.
Para quem curte um bom show de rock nacional, a semana que marca o encerramento do festival conta com nomes consagrados. Em 28 de julho, a banda Detonautas comanda o palco principal. No dia seguinte, é a vez dos Paralamas do Sucesso agitarem o público. Em 30 de julho, o grupo Capital Inicial fecha o evento.
Em suas 17 edições, o Capital Moto Week já atraiu mais de 4 milhões de pessoas do Brasil e de mais de dez países, especialmente da América do Sul e Europa, de acordo com os organizadores. Neste ano, são aguardados 800 mil visitantes no Parque de Exposições da Granja do Torto. Essa diversidade é, sem dúvida, uma das grandes atrações. O Correio ouviu histórias de motoqueiros que estão vivendo a emoção de participar do festival.
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O vice-presidente do motoclube Caveira Preta, do DF, Johnny Neves, 43 anos, costuma ficar acampado nas dependências do evento e dá uma dica àqueles que ainda não tiveram essa experiência. "Para quem nunca acampou aqui, faça isso pelo menos uma vez na vida. Você vai criar histórias para contar no futuro", destaca. "Eu vivo isso aqui há anos. Durante o período que fico na tenda, consigo presenciar a felicidade das pessoas que vêm de todos os cantos do Brasil prestigiar o festival", afirma. Glaydson Ribeiro, 52, um dos diretores do Caveira Preta, conta que o Capital Moto Week é uma prioridade para o clube. "Quem trabalha se programa para tirar férias durante o período em que ocorre o evento", ressalta. "Quem vive do motoclubismo, sabe que esse é um dos melhores eventos do mundo", conclui.
Morador de Belém, no Pará, Thimóteo Egito, 39, prestigia o Capital Moto Week desde 2013. "De lá para cá, virou uma tradição: sempre viajo cerca de 2 mil km, de moto, e fico acampado todos os dias." Sobre o longo caminho até chegar ao DF, ele prefere destacar o lado positivo. "A gente acaba fazendo muitas amizades na estrada. Já conheci pessoas de vários lugares do Brasil", conta o integrante do motoclube Exodus Brasil. Para ele, o mais marcante é rever os amigos que conheceu em outras edições. O morador do norte do país afirma que ficou angustiado nos anos em que o festival não ocorreu. "Por ser uma tradição, quando chegava o período do evento, sentia falta de pegar a estrada e vir para cá. Assim que confirmou para 2022, a expectativa era de que ele fosse melhor que nos outros anos e, pelo menos por enquanto, está sendo", garante.
O aposentado Pedro Santos, 58, vem de São Luís, no Maranhão, para Brasília desde 1994, sempre pilotando os 2,2 mil km de distância. Seu apelido — Lobzomem — é o nome do motoclube presidido por ele. Entre risadas, relembra como o título surgiu. "Fazia parte de um clube em que todos os integrantes eram identificados com o nome de um animal. Quando me viram sem camisa, cheio de pelos no corpo, passaram a me chamar assim", brinca. Uma das memórias mais marcantes de Lobzomem aconteceu em 2012, quando se casou no festival. "Depois de muitos anos vivendo como companheiros, decidimos fazer uma cerimônia em um local que os dois gostam e se sentem bem, foi uma grande felicidade. Infelizmente, nesse ano, ela não pôde comparecer, devido a um problema de saúde."
O Capital Moto Week se mostra um evento tão plural, que há espaço também para a fé. Jeferson Cassali, 48, é diretor da Adventist Motorcycle Ministry (AMM) Brasil, um motoclube internacional, que está no Brasil há quase 10 anos, em mais de 20 estados. "Nossa principal missão é levar esperança e a mensagem de Cristo para os nossos irmãos motociclistas", diz Jeferson, que veio de Indaiatuba, em São Paulo. O diretor da AMM Brasil relembra que um dos membros do grupo ajudou muito uma pessoa, na edição de 2017. "Estávamos entregando um livro sobre saúde emocional. Nosso colega conversou com um rapaz e deixou uma cópia com ele. Mais tarde, esse cara veio até nossa base e contou que aquela conversa e as palavras do livro fizeram ele mudar o rumo que pretendia dar à sua vida", rememora.
Ela começou a gostar de motos quando tinha apenas 13 anos de idade. Juvania Torres, 62, vem do Nordeste, há 12 anos, prestigiar o Capital Moto Week. "Na adolescência, namorei escondido um rapaz de 18 anos que tinha uma moto. Foi por influência dele", brinca a pernambucana. A aposentada fez parte do motoclube Guerreiras — exclusivo para mulheres — durante oito anos, desde a sua fundação, em 2014. Emocionada, Juvania lembra que o convite surgiu de uma das presidentes do clube, Claudia Iani, que morreu esse ano. "O clube, atualmente, está em nove estados, com mais de 40 mulheres e tem um trabalho muito bonito, deixado por ela, e que está sendo continuado pelas meninas. Saí agora, depois que me casei, para fazer parte do clube em que meu marido é vice-presidente", ressalta. "Minha paixão por motos é grande. Só quem realmente participa de eventos como esse sabe como é."
Mas nem só de motoclubes vive o Capital Moto Week. Há, ainda, aqueles que são apenas aficionados pelas duas rodas. São os casos do empresário Rafael Ribeiro, 35, e do seu filho, João Gabriel, 8. "Não participamos de nenhum clube. A gente vem mais pela paixão que temos pelas máquinas que sempre aparecem por aqui", confidencia Rafael. "A primeira vez que ele me mostrou uma moto, já gostei logo de cara e quis uma", diz João. E o pedido foi atendido no aniversário de dois anos do garoto. "A festa foi com a temática de moto e, nesse mesmo ano, comprei uma mini moto para ele. Tinha a idade do meu filho quando me tornei amante de motos, velocidade e adrenalina. Aqui no evento, nós dois podemos andar juntos", celebra o empresário.
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