Assim como os humanos, os animais precisam de atenção e cuidados com os dentes. É comum as pessoas tratarem os tártaros nos pets, mas os animais selvagens, desde os pequenos aos de grande porte da Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB), também recebem tratamentos dentários. Na última sexta-feira, a lobo-guará Gisely e o bugio-preto Bingo receberam os cuidados da equipe de odontologia parceira do instituto, a Odontozoo, para solucionar problemas dentários.
Pesando 26kg, Gisely já é uma idosa, forte e guerreira. Resgatada em Minas Gerais, a mamífera chegou ao Zoo em 2010 e estima-se que ela tenha pouco mais de 12 anos. Em um exame de rotina, os veterinários observaram que ela estava com problemas na raiz de alguns dentes e, para o bem-estar da veterana, Gisely foi atendida pela equipe especializada e teve alguns dentes extraídos. "A gente viu no manejo preventivo que ela tem um aumento de volume na gengiva, e fizemos a avaliação por raio-x", comentou a gerente da Clínica Médica do Zoológico, Mariana Mattioli, destacando que a prioridade é sempre preservar o dente, mas que, em alguns casos, é necessária a extração.
A espécie, chamada de "lobo", se assemelha mais às raposas. O lobo-guará tem uma cabeça pequena em relação ao corpo, com orelhas grandes e focinho longo. Outra característica é o pelo longo e preto, formando uma crina, na região anterior do dorso. Esses mamíferos sofrem com a ameaça de destruição do habitat natural, além de enfrentarem a caça ilegal e as doenças infecciosas transmitidas por cães domésticos. Segundo o zoológico, há cinco lobos morando no local e a expectativa de vida desses mamíferos em cativeiro é de 15 anos.
Bingo, um bugio adulto de 10 anos, também teve que passar pelo procedimento para a retirada de um dente. Mariana explica que o bugio-preto passou por uma castração para se juntar com as fêmeas e, aproveitando que o animal estava anestesiado, os veterinários viram o dente fraturado. "A equipe fez o raio-x e tem uma fratura bem na raiz mesmo, então vai ter que extrair esse dente. Não vai conseguir salvar", destacou a especialista.
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Além do bugio-preto, há o bugio-ruivo e o bugio-de-mãos-ruivas. Ao todo, são 15 animais vivendo no zoológico. Para ajudar na digestão das folhas e eliminação de toxinas destas, os bugios têm um hábito peculiar similar às araras e aos papagaios. A espécie faz "geofagia", que consiste em ingerir argila rica em minerais.
Trabalho com amor
Para a veterinária Mariana Mattioli, trabalhar no zoológico é sinônimo de amor e cuidado, isso inclui a atenção com a higiene bucal dos bichos, considerada fator importante na saúde dos animais. "A cavidade oral é a base de tudo. Sem a boca saudável, a gente não come bem e fica doente. Tudo vai se deteriorando a partir da boca", destaca a médica. "Tem toda uma questão sistêmica mesmo e, quando um dente está infeccionado, cai bactéria na circulação sanguínea e normalmente o primeiro órgão afetado é o rim. A prevenção é fundamental", ressalta Mariana, pontuando que problemas cardíacos também podem ser resultado da má higiene bucal.
Para as avaliações, o Zoológico faz, ao menos, um manejo preventivo ao ano nas espécies. Nesse procedimento, os especialistas aproveitam que o animal está sedado e fazem uma avaliação completa com coleta de sangue e análise da cavidade oral, tentando associar com um ultrassom abdominal e ecodoppler cardíaco. "A gente olha se tem placa, tártaro, dente fraturado, crescimento excessivo da gengiva. Se tiver, anotamos na ficha e marcamos com o pessoal da odontologia", explica Mariana.
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Os bichanos do Zoo recebem limpeza dental, tratamento de canal e extração, quando necessário. Para os animais de maior porte, é montada a estrutura da sala de cirurgia no recinto do bicho para garantir a segurança de todos. A veterinária comenta que os tratadores acompanham os animais para notar alguma anormalidade, como quando param de comer, pois pode indicar algum problema dental. Outras formas de identificar são por meio dos exames preventivos e no manejo dos recintos, quando se aproveita para avaliar a boca dos animais.
Os procedimentos mais comuns são em mamíferos, mas em alguns casos répteis também precisam de atendimento odontológico. Fundado em dezembro de 1957, o Zoológico de Brasília conta com mais de 600 animais e cerca de 185 espécies diferentes. Atualmente, a instituição ambiental desenvolve ações com foco na educação, conservação e preservação da fauna brasileira, priorizando animais da região. O espaço é aberto ao público de terça-feira a domingo, além de feriados.
Curiosidades
Lobo-Guará
» É o maior canídeo da América do Sul
» Mede até 1,15m e pesa entre 20 e 30kg
» Encontrado, principalmente, nos estados do Sul, Centro-Oeste e Sudeste
» Também pode ser visto na Argentina, Bolívia, Paraguai e Peru
» No Uruguai, o lobo-guará é considerado extinto
» Apesar de ser chamado de "lobo", é um parente mais próximo das raposas
Bugio-Preto
» Mede entre 50 a 67cm, com a cauda podendo atingir até 79cm.
» Pesa de 4 a 10kg
» Os machos são maiores do que as fêmeas
» Outra diferença entre os sexos está na coloração da pelagem, sendo preta nos machos e amarelada nas fêmeas
» Encontrado, principalmente, nos estados do Sul, do Centro-Oeste e do Sudeste
» Pode ser encontrado também na Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai.
» Possuem um osso na garganta que os possibilita dar "gritos", que são usados para demarcação territorial e
união do grupo
» Formam grupos de 3 a 20 indivíduos
Serviço
» Funcionamento: Terça-feira a domingo e feriados, das 8h30 às 17h.
» Valor do Ingresso: 3ª, 4ª e 5ª Feira (exceto feriados): R$ 5 (preço promocional) para todos.
» Sexta-feira, sábado, domingo e feriado:
R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada).
» Gratuidade: 1. Crianças de até 5 anos de idade; 2. Portadores de necessidades. especiais (PNE) e acompanhante, quando necessário.
Fonte: Fundação Jardim Zoológico de Brasília
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