Por definição, clubes são associações de pessoas que buscam dividir interesses em comum, realizando reuniões periódicas de caráter recreativo, cultural, artístico, político ou social. Nas sociedades mais antigas, existia o costume de organizações em grupos, que, por instinto, se uniam a partir de um interesse comum. Atualmente, os clubes, sejam de amantes de livros, sejam de adeptos a certo esporte, são peças fundamentais ao relacionamento social da comunidade. "Os clubes, independentemente de suas finalidades, têm sido promissores do acolhimento psíquico e do desenvolvimento emocional — simplesmente por promoverem um espaço de pertencimento e identificação", explica a psicóloga Natália Magalhães.
Para a engenheira Vanessa Santos, os clubes são ambientes acolhedores que ajudam no combate à timidez. Aos 41 anos, Vanessa faz parte do Clube Poliglota e do Clube Brasília Alumni UnB Toastmasters, conhecido como Brasília TM. Acompanhada de demais membros da comunidade, a engenheira participa, no Clube Poliglota, de diversas conversações que têm como intuito a prática de idiomas estrangeiros.
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Apesar do objetivo central do grupo ser o aprendizado e o aprimoramento no uso de novas línguas, o clube tem um grande papel social para os integrantes. "Além da oportunidade de praticar e desenvolver habilidades, o Clube Poliglota Brasília me trouxe amigos na cidade, assim como nossa colaboração com os interesses comuns em diversos estados", relata Vanessa. Devido ao viés social, o grupo acaba sendo procurado também por estrangeiros que estão no país e querem conhecer brasileiros.
No Toastmasters, criado em 2016 por recém-formados da Universidade de Brasília (UnB), os integrantes buscam melhorar a capacidade de comunicação e oratória, bem como habilidades de liderança. Durante os encontros do clube, os participantes apresentam discursos preparados, além de serem desafiados a fazerem apresentações improvisadas, com temas divulgados na hora.
A atual presidente do Clube Toastmasters, Aletéia Melo, 42 anos, encontrou no grupo a oportunidade ideal de unir o social com o profissional. "No trabalho, eu precisava muito melhorar como líder e ampliar minha rede de amigos com as mesmas afinidades. Vi no Brasília TM pelo menos 30 pessoas querendo ampliar horizontes profissionais", diz Aletéia. "Essa descoberta das habilidades, a chance de praticar e adquirir confiança, a disposição generosa dos membros em contribuir e nos escutar e muitas outras ferramentas, tudo num ambiente extremamente seguro, só poderia ser a união perfeita para a alavancagem concreta dos profissionais membros. Sou imensamente grata e entusiasta dessa iniciativa", complementa.
Fora do âmbito profissional e em busca de divertimento, Luís Clayton Mourão, 23, encontrou nos clubes uma forma de se desconectar e relaxar. Nas noites de terça-feira, o gestor de políticas públicas se reúne com os demais integrantes do clube Joga Guará para um encontro de amantes de jogos de tabuleiro. O grupo, que começou no WhatsApp, surgiu de uma iniciativa do criador Fabrício Cândido, no intuito de promover um espaço onde as pessoas se sentiriam à vontade para usufruir dos jogos de tabuleiro, interagir e fazer novas amizades e laços.
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"Esses eventos me deram a liberdade de saber que eu não preciso ser muito amigo de uma pessoa para poder jogar um jogo de tabuleiro com ela, eu posso ir num evento de jogos e fazer novas amizades", compartilha o participante. Hoje, o Joga Guará reúne de oito a 12 pessoas nos encontros semanais e chega a juntar de 25 a 30 pessoas nos eventos sazonais, realizados aos sábados e domingos.
Por mais que não consiga frequentar os encontros semanalmente, Mourão procura dar prioridade máxima às reuniões. "Toda vez que eu consigo ir a um desses eventos, a minha rotina é muito melhor, porque eu tenho um tempo fixo para desopilar minha cabeça", diz. "Eu gosto muito de manter uma rotina. Então, se toda terça-feira eu for ao jogo de tabuleiro, sinto que minha semana rende melhor. Consigo me desestressar, e é algo que ajuda até na minha jornada de trabalho", afirma.
Além da questão social, a participação em clubes transforma a vida dos participantes em diversos âmbitos e Fernando Gomes, de 42 anos, é um exemplo disso. Integrante do clube de ciclismo Calangos do Pedal, o representante comercial pedala em grupos há sete anos e está no Calangos há pouco mais de um ano. "A vida de quem se torna um ciclista melhora em todos os sentidos", garante.
A maior transformação do atleta foi física. Quando começou a pedalar frequentemente, o ciclista emagreceu 20 quilos. "Eu estava com todos os sintomas de uma pessoa que viveria uns 20 anos a menos. No final de 2016, meu checape de saúde deu de tudo, desde colesterol alto à gordura no fígado", recorda. "Quando retornei [após o emagrecimento], o médico me perguntou qual era a receita. Eu respondi: "Foi a bicicleta, doutor", conta.
Transformação
Relembrando os momentos mais marcantes do clube, Fernando Gomes destaca a ocasião em que o Calangos do Pedal, acompanhado por outros grupos de ciclismo do Distrito Federal, ajudou a comunidade do Distrito Federal. "Na região do Gama, a chuva derrubou a ponte Trilha Mata Coronel, que era utilizada para ir até a escola e a igreja. Essa ponte cruzava o rio de um lado ao outro e, depois que caiu, os alunos precisavam dar uma volta de 30km de ônibus para chegar na escola", lembra o ciclista. Antes do acidente, os moradores gastavam apenas 10 minutos para atravessar o rio. Diante da situação, os clubes decidiram fazer uma vaquinha para a reconstrução da ponte. A empatia dos integrantes com a situação e a união dos grupos resultaram no arrecadamento de mais de R$ 9 mil, possibilitando a reforma.
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» No Brasil, os clubes voltados para a prática de esportes são os mais comuns. Dentro do mundo esportivo, os que mais se destacam são os destinados ao futebol. Nesta área, os clubes mais antigos são o Sport Club Rio Grande, criado em 19 de julho de 1900, e a Associação Atlética Ponte Preta, em 11 de agosto de 1900.
» Apesar da popularidade do futebol, os primeiros clubes esportivos do Brasil foram dedicados a atividades de remo. Um dos pioneiros foi o Clube de Regatas do Flamengo, fundado em 1895.
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