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A cultura de Brasília mais triste

Familiares de Flávia Jardim homenagearam a curadora e organizadora de eventos que faleceu ontem, após seis anos de luta contra um câncer na cabeça. Deixa como legado o amor pela capital, cidade onde nasceu

Thays Martins
postado em 15/07/2022 00:01
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

Morreu em Brasília, a curadora de arte Flávia Gonçalves Jardim. A brasiliense foi enterrada no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, ontem. Flávia tinha 59 anos e há seis lutava contra um câncer na cabeça, descoberto em 2016. A curadora tinha uma forte ligação com a capital. "Não tem como não falar da minha mãe sem falar de Brasília e o que ela fez por essa cidade. Ela lutou muito por essa cidade. Minha mãe participou de vários projetos solidários e voluntários. Ela lutava demais por grandes causas. Ela tinha um amor imenso pela capital, era amigas dos amigos e a melhor mãe que eu poderia ter tido", destaca Ana Carolina Jardim, filha de Flávia.

Entre os trabalhos de Flávia destacados por Carol, como é conhecida, estão o Pão Music, que era na Esplanada nos anos 2000, micaretas, pré-réveillon e vários aniversários de Brasília. Ela ainda foi coordenadora da Fundação Oscar Niemeyer e presidiu a Comissão dos 50 anos do Hospital de Base, onde instalou o jardim da solidariedade, além de ajudar a organizar grandes eventos como a visita do Papa João Paulo II a Brasília, em 1991, quando foi cerimonialista do governo do DF.

Flávia nasceu em 8 de maio de 1963, no Hospital de Base. Filha dos pioneiros de Brasília Neuza Gonçalves de Oliveira, falecida em 2021, e Serafim Jardim, que é presidente da Casa de Juscelino em Diamantina e autor do livro Juscelino Kubitschek: onde está a verdade? Flávia também era enteada de Ildeu, primo de JK.

A organizadora de eventos e curadora de arte descobriu o câncer em 2016 e os médicos deram dois anos de vida para ela. "Ela viveu seis anos e meio. Ela lutou até hoje e, agora, ela descansou", conta o irmão Júlio Jardim. Ele lembra com carinho da irmã, a melhor amiga dele. "Uma pessoa linda que só fazia o bem. Uma mãe e irmã maravilhosa, uma amiga espetacular", destaca.

Quando o diagnóstico de Flávia completou seis anos, a filha usou as redes sociais para fazer um relato sobre os aprendizados da vida, em momentos de desafios: "Para tudo há um propósito que somente lá na frente iremos entender. Hoje já somos capazes de entendermos alguns, outros ainda nos rondam. Deus realiza a obra perfeita e tudo acontece como precisa acontecer. Entreguem! Confiem! A dor também é capaz de transformar. Não deixe que o medo atormente, nem que a angústia tome conta. Busquem ajuda, peçam socorro, ocupem a mente com pensamentos bons. Orem, meditem e cuidemos uns dos outros", disse.

Júlio Jardim ainda destaca o papel da filha de Flávia, Carol, nos cuidados com a mãe. "A Carol foi um exemplo. Cuidou da mãe como ninguém. Ela abriu mão de tudo para cuidar dela com muito amor e dedicação", afirma Júlio. Além da filha, Flávia deixa os irmãos Marco Antônio Jardim, Júlio César Jardim, Fabiana Chaves Jardim e Otávio Augusto Jardim.

Ana Carolina ainda usou as redes sociais para prestar uma homenagem à mãe. "É com uma dor infindável que comunico a todos o descanso eterno da minha vida, minha luz, minha grande e já muito saudosa guerreira e companheira", escreveu.

 

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