Para fugir do alto preço da gasolina e do álcool nos postos do Distrito Federal, cerca de 10 mil brasilienses recorreram ao gás natural veicular (GNV) como forma de amenizar os custos para quem roda muito pela cidade. No entanto, após o Decreto nº 43.521/2022, de 1º de julho, que determinou a redução da alíquota dos combustíveis gasosos para 18%, o consumidor final ainda não viu a queda no valor final. Além disso, os usuários de GNV também questionam a regularização e a falta de incentivos na capital para quem utiliza outra opção de combustível, já que só há um posto para o abastecimento, na Candangolândia.
O presidente da Associação dos Motoristas de Veículos Movidos à GNV, Severino Neto, reclama que o imposto sobre o gás no DF ainda está em 28%. "Se o decreto chegar às bombas, a redução do gás pode ir a 10%. O valor cairia para R$ 5,70", estima. Atualmente, o preço do GNV na capital está em torno de R$ 6,40.
De acordo com levantamento da associação, cerca de 90% dos usuários de GNV são motoristas de aplicativo. Morador do Jardim Botânico, Wesley Moura, 40 anos, é um dos condutores que escolheu o combustível há três anos como fonte alternativa para driblar a alta da gasolina e economizar nas corridas, mas não está vendo vantagens. "Uma coisa que me instiga é que quando tem aumento do preço do combustível, ocorre na hora, a nota já vem faturada com o novo valor, mas quando é para diminuir, falam que a nota tem que vir de São Paulo para ser faturada e não reduzem o de imediato", protesta.
A Rede Cascol, responsável pela pelo posto de venda do GNV no DF, informou que para a redução do preço na bomba é necessário que o repasse feito pela distribuidora venha ajustado na nota. "Não recebemos da Vibra, até o presente momento, qualquer redução referente ao ICMS do GNV."
Por sua vez, a Vibra afirmou que "fez os repasses da redução dos impostos referentes ao GNV para toda sua rede de postos e demais clientes na medida em que adquiria o combustível nas mesmas condições da concessionária local" e que o valor pago pelo consumidor final cabe a cada revendedor.
Custo-benefício
"Nós somos reféns desse posto, porque nós só temos ele para fornecer GNV no DF todo. É incrível que na capital federal, onde tem tantos postos de combustível, só um possui GNV. Se um dia fechar, acabou nosso trabalho, que é onde a gente tem uma condição de ter uma lucratividade melhor", protesta Hélio Geovane Pereira de Araújo, 49. Motorista de aplicativo há três anos, optou pelo gás há um ano para melhorar a renda.
Para o professor de engenharia automotiva da Universidade de Brasília (UnB), Alessandro Oliveira, o uso do gás não está compensando no DF pelos altos valores nas bombas em relação à gasolina, que teve uma redução de preço. "O nosso GNV vem liquefeito para a capital e acaba tendo um preço do metro cúbico fica um pouco mais caro. A gente não tem um gasoduto para abastecer o único posto de gasolina, então o gás chega com o preço maior em relação, por exemplo, ao que pode ser praticado no Rio de Janeiro ou em, São Paulo, onde você tem gasoduto para alimentar os postos", destaca.
No entanto, o professor ressalta que o GNV é uma boa opção quando o valor representa ao menos 80% do preço da gasolina, principalmente para os usuários que rodam muito e que já tem o kit instalado no carro. "Pela relação do custo do gás para que seja viável, você tem que andar bastante, por exemplo um taxista ou o pessoal de aplicativo de transporte, porque você compensa o preço da instalação do kit gás", avalia Alessandro. "Quanto mais avançada a geração do do kit, vai dar um rendimento melhor no motor e com preço mais próximo a gasolina, o gás pode ser favorável", explica o engenheiro.
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