entrevista

CB.Saúde recebe Marcelle Domingues para falar sobre cuidados no parto

De acordo com a obstetra e ginecologista, não é comum ou recomendável que uma mulher em trabalho de parto esteja desacompanhada

Ana Luisa Araujo
postado em 14/07/2022 15:38 / atualizado em 14/07/2022 15:39
A médica Marcelle Domingues Thimoti falou sobre procedimentos no momento do parto -  (crédito: Ed Alves/CB)
A médica Marcelle Domingues Thimoti falou sobre procedimentos no momento do parto - (crédito: Ed Alves/CB)

O CB. Saúde desta quinta-feira (14/7) teve a participação da doutora Marcelle Domingues Thimoti, médica obstetra e ginecologista de Brasília. No programa, realizado em parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, a médica falou sobre a tragédia que ocorreu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no Rio de Janeiro, onde uma mulher foi estuprada durante o parto. Cuidados que uma gestante deve ter durante a preparação para a concepção da criança.

Como ginecologista e obstetra, Marcelle conta que o que mais chamou sua atenção foi o fato de a mulher não estar acompanhada. Segundo a médica, a gestante tem direito a um acompanhante durante o parto . “É obrigatório um acompanhante durante todo a sua estada dentro de um hospital. Até em uma consulta essa gestante sempre tem direito a um acompanhante. E a gente vê que, infelizmente, muitas vezes, esse direito não é cumprido, principalmente em hospitais públicos. Esse direito é deixado de lado”, lamenta.

Outro fator que chamou a atenção da ginecologista, no caso do Rio de Janeiro, foi o fato da gestante ter sido sedada. De acordo com ela, não é uma prática recomendável. Primeiramente, porque boa parte da mediação feita na gestante pode passar para o bebê e isso pode causar um sofrimento antes mesmo do nascimento.

Em casos nos quais a mulher está se sentindo muito mal, é costumeiro aplicar uma medicação. No entanto, segundo Marcelli, nunca a ponto de impedi-la de reagir e de amamentar. “Tem algumas gestantes, em raríssimos casos, que não podem fazer um tipo específico de anestesia e que têm que fazer anestesia geral. Mas são raríssimos os casos. Nesses momentos, a gestante não é sedada, ela está sob anestesia geral. Mas não é algo habitual, como falei”, pondera.

Outro fator apontado por Marcelle como preocupante é a falta de cuidados com a gestante. É comum se dar muita atenção para o bebê e a mãe fica até sem identidade sendo chamada apenas de “mãezinha”. “A paciente fica um pouco só. Até no pós-parto ela tem total direito a acompanhante, até mesmo por questões emocionais. É um momento vulnerável para ela. Ela precisa de ajuda para se cuidar”, afirma.

Marcelli fala ainda sobre os procedimentos que não são recomendáveis na hora do parto. Ela cita a manobra onde se empurra a barriga da gestante para que o bebê saia. Segundo a obstetra, realizar esse tipo de procedimento pode não só lesionar o bebê como fraturar a costela da mãe. Outro que não é mais utilizado é o corte para expandir o canal, “com falso intuito de que o bebê sairá mais facilmente”. De acordo com a médica, o músculo vaginal se adapta para a saída do bebê. “Se o bebê for grande, o rasgo será feito naturalmente. Não precisa de intervenção”, alerta.

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