Quem conhece bem José Roberto Arruda (PL) aposta que o desejo do ex-governador neste momento é concorrer novamente ao Palácio do Buriti, de onde saiu em fevereiro de 2010. Doze anos depois, com condenações criminais anuladas e com os direitos políticos recuperados, por decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, Arruda pode planejar um retorno. Mas esse projeto depende de muitos fatores políticos que extrapolam a condição de elegibilidade.
Para começar, há uma discussão familiar. A mulher de Arruda, a deputada Flávia Arruda (PL), é pré-candidata ao Senado e tem um acordo de aliança com o governador Ibaneis Rocha (MDB). Esse projeto a coloca com grandes chances de se eleger para um mandato de oito anos. As pesquisas indicam que, no momento, ela é a favorita. A candidatura de Arruda ao governo abala esses planos porque é muito difícil construir duas candidaturas majoritárias num mesmo partido, dentro de uma mesma família, embora não seja impossível.
Arruda não quer atrapalhar a mulher. Flávia Peres assumiu o sobrenome Arruda e herdou o projeto político do marido, interrompido há 12 anos. Quando ele não pôde concorrer, ela o substituiu. Foi a vice na chapa de Jofran Frejat, em 2014, na disputa que foi para o segundo turno com Rodrigo Rollemberg (PSB), quando Arruda ficou impedido pela Justiça de concorrer ao governo por conta da condenação por improbidade administrativa que provocou a sua inelegibilidade. A campanha estava avançada. Quatro anos depois, Flávia se candidatou a uma vaga de deputada federal e se elegeu como a mais votada no Distrito Federal.
Flávia Arruda mantém favoritismo em parte pelo eleitorado fiel a Arruda e pela condução política dele. Mas a deputada cresceu e se sobressaiu. Foi a primeira deputada a presidir a Comissão Mista de Orçamento do Congresso e durante um ano foi ministra da Secretaria de Governo de Bolsonaro. Adquiriu personalidade própria. Mas durante todo esse tempo os dois mantiveram as trajetórias políticas umbilicalmente ligadas.
Outro fator é a construção de uma candidatura ao governo rachando a base de Ibaneis. Muitos dos aliados vão ter de optar por um lado. É o caso, por exemplo, do secretário de Governo, José Humberto Pires, homem forte da atual gestão e também do governo Arruda. Na Comunicação, o secretário também é o mesmo, o jornalista Weligton Moraes. Ambos são leais a Ibaneis, mas estiveram no passado com Arruda.
Presidente do PSD-DF, o empresário Paulo Octávio, vice do governo de Arruda, também tem diálogo com os dois grupos. Teria de fazer uma opção.
Essa divisão não interessa a esse grupo que teme uma guerra fratricida. Mas Arruda tem sido incentivado por muitos outros que o aconselham a seguir em frente. Eles dizem que Flávia Arruda, aos 42 anos, é jovem e tem um futuro pela frente. Esses conselheiros dizem também que é um erro para Arruda adiar uma candidatura que com o tempo pode perder força.
A decisão será avaliada nas próximas semanas. O prazo é 15 de agosto, data final para registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. Antes disso, até 5 de agosto, os partidos terão de realizar suas convenções e definir suas candidaturas e coligações para as disputas majoritárias. Serão dias de muitas conversas e avaliação do pulso da eleição.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.