Rogério Tokarski, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape-DF), defendeu nesta sexta-feira (1/7) a importância da regularização do campo durante o CB.Agro, programa feito em parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília.
O vice-presidente argumentou que a valorização do campo, nos últimos anos, era menos favorável para legalizar terrenos. “Até cinco anos atrás, o homem saiu do campo. Veio para as periferias dos centros urbanos de todo Brasil. Agora precisamos de mão de obra no campo. Não podemos perder tempo e temos a consciência que precisamos alimentar o DF, o Brasil e porque não o mundo, mas precisamos de melhores políticas agrícolas. No DF, a melhor é a regularização fundiária”, afirmou.
A questão fundiária é uma discussão que se arrasta há muito tempo no Distrito Federal. Segundo Tokarski, desde a fundação, na década de 50, há agricultores que não têm a escritura do terreno em que produzem. O documento é um instrumento para o agronegócio, pois possibilita garantias bancárias e possíveis financiamentos públicos e privados.
“Quantos amigos deixaram esse problema para os filhos. É geracional. Claro, a outra geração assumiu e estamos produzindo. Brasília é um dos melhores produtores, tem os maiores índices de produtividade e os grãos que oferecem as melhores sementes. Extremamente competentes em suínos e aves. Temos acesso às tecnologias, só não temos o documento da terra”, relatou Tokarski.
Licenças ambientais
Uma queixa constante da Federação é sobre o alto preço de licenças ambientais. De acordo com Tokarski, o preço de uma licença para uma empresa rural é quase dez vezes maior no DF do que em Goiás ou Minas Gerais — em qualquer atividade. “Para uma granja de suínos é uma fortuna: R$ 120 mil. Para as aves é o mesmo. Nós trabalhamos com receita e despesa e precisamos, sim, saber o que sobra para continuar reinvestir. E ainda muito demorada”.
Tokarski destacou que, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Caprinos e Ovinos, 90% da carne do segmento consumida no Brasil não é fiscalizada. Ele explicou que são animais de pequeno porte, criados muitas vezes fora do cenário industrial — em que as exigências sanitárias são mais rígidas. O problema afetaria com mais força pequenos e médios produtores, que não têm condições de realizar o abate.
“Em Brasília, nenhum frigorífico está abatendo ovinos e caprinos. Daí não tem quem venda, nem quem compre de forma legal. Se ele (pequeno e médio produtor) for fazer o abate, a vigilância sanitária já pede o selo de qualidade. Ao passo que, na Alemanha, as famílias moram em cima e em baixo tem seu abatedouro, sua fábrica de embutidos e com qualidade, vendem e exportam".
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Nova Safra
Em relação à nova safra, Tokarski pontuou que o impacto da guerra na Ucrânia deve ser considerado, já que Rússia e Ucrânia são os principais exportadores de fertilizantes do mundo. “Temos uma dependência acima de 90% de insumos importados. Isso é problemático para nós. Nesses últimos meses, o dólar subiu e o adubo deu uma elevada de preço, mas agora estabilizou. Então, não podemos afirmar quais desafios vamos ter”, ponderou.
A preocupação a respeito da alta dependência antecede a crise no leste europeu: “Antes da guerra já tínhamos um grande número de agricultores com estoque de adubo nos depósitos, mesmo antes da colheita”. Apesar de grande exportador de commodities, citou que o agronegócio nacional também observa resultados estrangeiros para planejar próximos passos. “Estamos na expectativa da safra americana, que está em pleno desenvolvimento, para balizar nosso futuro”, acrescentou Tokarski.
Plano Safra
O vice-presidente da Fape-DF disse que, de forma geral, o Plano Safra 2022/2023, divulgado no dia 29 de junho, atende às demandas da agricultura nacional, apesar de juros maiores em comparação ao ano anterior. Para Rogério, o fator positivo é o volume recorde de recursos disponibilizados: R$ 340,88 bilhões.
Tokarski ainda destacou que o novo plano prioriza pequenos e médios produtores, já que “são a razão do Brasil”. “Para os grandes existem outros players que os financiam. Precisamos, sim, dos pequenos e médios. O maior número de produtores não são das grandes indústrias, mas da base”, ressaltou o vice-presidente da Fape-DF.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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