Brasileiro naturalizado, o italiano Álvaro Calzá, 74 anos, vive em Taguatinga desde os 13 anos de idade. Apaixonado pela cidade, decidiu montar dois negócios. E foi de um deles — a loja Taguavídeo — que surgiu a ideia de criar uma invejável coleção objetos superados pelas novidades tecnológicas. “Foi em 1987. Tínhamos os equipamentos para trabalhar e, na hora de fazer as devidas trocas e atualizações, não jogávamos fora os antigos”, conta.
O ponto de partida para a coleção foi uma câmera filmadora utilizada na Taguavídeo. “Atualmente, a que está aqui não é a mesma que tínhamos na época”, ressalta Álvaro. Outro xodó é uma máquina fotográfica que viu funcionando “ao vivo e em cores”, em 1968. “Era do meu tio. Lembro que ele chegou da Itália naquele ano e sacou a câmera para tirar fotos da família na Cantina Alpina, um comércio que eu tinha”, recorda.
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Além de guardar itens do próprio negócio que foram ficando obsoletos com o tempo, a paixão de Álvaro passou a ser alimentada pelas doações de familiares. “Com o passar dos anos, e com o surgimento das tecnologias mais modernas, eu fui ganhando alguns equipamentos, além de comprar e de achar outros”, comenta. “É assim que funciona: compro, ganho, compro, ganho… Parte desses objetos estão num estoque porque não tenho lugar para expor tudo”, lamenta o ítalo-brasileiro.
Raridade
Questionado sobre quais, entre tantos objetos, ele destacaria, Calzá exibe uma calculadora fabricada na Ucrânia e comprada pela internet. “Na época, gastei cerca de US$ 50 e o frete foi mais caro do que a própria máquina. Lembro de ter ficado com muito medo dela não chegar”, admite. “Hoje em dia, ela está avaliada em, no mínimo, US$ 350”, observa o pioneiro.
Mais do que o valor dos itens, Álvaro afirma que nem passa pela sua cabeça se desfazer deles. “Nem penso em vender, porque o valor sentimental é muito maior do que qualquer dinheiro que eu possa receber”, frisa. “Eu teria mais satisfação em pagar para eles ficarem expostas aqui”, brinca, reforçando seu amor pela coleção.
Paixão publicada
O amor por Taguatinga é tão grande, que Álvaro decidiu escrever um livro contando as vivências da família dele durante 40 anos na cidade. “Quando me aposentei, comecei a me cobrar que deveria documentar o que eu e minha família passamos na juventude, em Taguatinga”, conta.
O pontapé foi em 2015 e Calzá passou quase um ano se dedicando a ele. Só que, depois disso, ele afirma que deu uma pausa — também de um ano — porque não sabia como terminar. “Certo dia, no entanto, me deu um estalo e decidi que o último capítulo seria ‘50 anos em um capítulo’, contando a história desde o ano em que me casei, até 2017”, recorda. Segundo Álvaro, alguns amigos cobraram um segundo livro. “Falo ‘de jeito nenhum, tá bom demais!’ Acho que o livro lançado já traduz bem minha vida aqui em Taguatinga”, conclui.
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