O senador José Antônio Reguffe (União-DF) confirmou, durante entrevista ao CB.Poder dessa quarta-feira (29/6) — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília — sua candidatura ao Governo do Distrito Federal e destacou que pretende priorizar a saúde pública na capital, caso seja eleito. Reguffe afirmou que deve à população do DF uma candidatura ao governo, como forma de retribuir a confiança pelos mandatos exercidos como deputado distrital, deputado federal e senador. "Não tive uma trajetória fácil, levei três eleições para conseguir ter uma mandato de deputado distrital, justamente para entrar na política da forma mais digna e honesta que uma pessoa pode entrar", afirmou em entrevista à jornalista Ana Maria Campos.
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Reguffe expressou, ainda, sua indignação com o sistema de saúde e disse ser um "absurdo" o grande número de pessoas esperando em uma fila por atendimento na rede pública e se comprometeu a priorizar a saúde caso seja eleito ao Governo do Distrito Federal. "A saúde é hoje o maior problema do DF, na minha opinião. A saúde, eu acho que está muito ruim", disse. O pré-candidato revelou, ainda, que pretende fazer mutirões de cirurgias durante a madrugada nos hospitais. "Governar é escolher prioridades. Você precisa escolher onde gastar o dinheiro público. E a prioridade na minha opinião precisa ser a saúde", destacou.
Na última sexta-feira você fez um anúncio que seu caminho natural seria concorrer agora ao governo, depois do seu mandato de oito anos, que termina em janeiro. Por que você demorou tanto tempo, a três meses das eleições, para tomar essa decisão e fazer esse anúncio?
Quando fui candidato ao Senado, assumi o compromisso de que não largaria o mandato na metade dele, por não considerar correto que uma pessoa largue o mandato na metade e deixe com um suplente que ninguém votou e ninguém sabe quem é. Então, em respeito aos meus eleitores, eu honrei esse compromisso e estou cumprindo o mandato todo. Uma campanha não é fácil. Eu acho que eu devo à população do Distrito Federal uma candidatura ao governo. O DF me deu tudo, me deu todas as oportunidades. Fui deputado distrital, federal, senador, muito bem votado. Acho que foi um reconhecimento dos mandatos que eu fiz. Minha votação para federal foi um reconhecimento ao meu mandato como distrital, a minha votação ao Senado, com mais votos que os outros sete candidatos juntos, foi um reconhecimento ao meu mandato como deputado federal. E uma campanha tem muitas nuances. Eu me lancei candidato a governador. Mas não serei candidato a qualquer custo. Eu não vou transigir nos meus princípios.
O que você chama de transigir nos princípios?
Você precisa ter uma campanha que consiga financiar de forma cem por cento limpa, sem dever nada a ninguém, para que você possa chegar lá e fazer o que é necessário para a população. Aquilo ali é uma cadeira elétrica, quem senta ali sai chamuscado. Então, ou você chega com liberdade total para fazer o que for necessário para a população ou não vale a pena.
Depende então do apoio que seu partido dará? Já que você disse que quer uma campanha totalmente limpa…
Só vale a pena se for para ser como as minhas campanhas que eu tive até hoje, onde eu cheguei no mandato e eu fui eu. Eu defendi o que acredito, fiz o que achei que era certo, pensando na sociedade. Se você chega com alguma amarra, é melhor não chegar, é melhor nem ser candidato. Eu não quero isso para mim, eu tenho um filho de 6 anos. Quero que meu filho tenha orgulho de mim. Se eu não estivesse pensando em ser candidato, não teria me lançado como pré-candidato. Então, eu quero ser candidato, mas precisa que seja uma coisa sem transigir princípios.
Quando você lançou sua pré-candidatura e disse que não será candidato a qualquer custo, deixou uma dúvida. Essa dúvida vai continuar até o dia do registro?
Se eu não conseguir ter uma campanha competitiva sem transigir em princípios, a dúvida continua. Mas eu pretendo ir até o fim. Eu não me lancei candidato pensando em desistir. Eu me lancei candidato para ser candidato. Então eu sou pré-candidato ao Governo do Distrito Federal.
Você lançou sua pré-candidatura pensando em depois negociar ou discutir um outro cargo?
Não tem o que negociar. Eu acho que eu devo à população uma candidatura. Se eu tiver as condições para fazer essa candidatura e puder ser eu ali dentro, puder defender o que eu acredito, puder fazer o que eu acho que é necessário para a população, eu vou. Sem amarras.
Você disse também no seu pronunciamento que talvez fosse mais cômodo concorrer a um outro cargo. Você acha que seria mais tranquilo concorrer ao Senado, por exemplo?
Eu acho que sim, mas não é o que está na minha cabeça. Eu me lancei candidato ao governo e é o que eu pretendo nesse momento. Desde que eu consiga ter uma campanha competitiva sem transigir princípios.
Hoje você conta com uma aliança com quais partidos?
É difícil dizer enquanto ainda não está sacramentado. União Brasil e o Podemos já deram declaração de apoio. O Cidadania também deu declaração de apoio. No Solidariedade, houve um movimento de tirar poder do antigo presidente. Não sei se estará comigo depois dessa mudança. O Novo também tem declarado apoio. Eu tenho uma boa conversa com o PSB. Ainda vou conversar com o PDT também.
Aliás, o pré-candidato ao governo do DF pelo PSB, Rafael Parente, esteve no CB.Poder e fez uma grande sinalização de que tem conversado com você e que aceitaria inclusive integrar sua chapa como vice. Como estão essas conversas?
A chapa vai ser decidida mais para frente. Nesse arco de alianças, têm várias pessoas muito boas e com toda capacidade para isso. Uma delas é o Rafael. Ele tem toda a capacidade. É um educador, um gestor, uma pessoa que tem muito conteúdo e tem muito a acrescentar na cidade. Uma pessoa que conheço desde minha época de UnB (Universidade de Brasília).
No seu pronunciamento, você falou muito sobre saúde e disse que é um absurdo que exista uma fila grande de pessoas esperando por uma cirurgia ou consulta na rede pública. E falou de mutirões de cirurgias na madrugada e nos fins de semana. Como seria isso?
A saúde é hoje o maior problema do DF. Eu não sou aquela pessoa que vê tudo de errado em um governo, pelo contrário, acho que tem muitas coisas positivas no governo. Eu sou justo, não deixo de reconhecer. Agora na saúde, considero que está muito ruim. Inclusive, acho que as mudanças de secretário mostram que a saúde está indo por um caminho muito ruim. Hoje nós temos hospitais, como o Base, que tem 16 centros cirúrgicos e você sabe quantos funcionam na madrugada? Só dois para urgência. Ficam 14 ociosos, vazios. Você sabe quantos funcionam no final de semana? Só dois, para urgência. Ficam 14 ociosos, vazios. Tinha que fazer mutirão para cirurgias. Tinha que marcar cirurgia, 1h, 2h, 3h, 4h, 5h e 6h da manhã. Resolver os problemas da vida das pessoas. Hoje temos pessoas no DF que estão há mais de um ano esperando uma consulta na rede pública. Nós temos pessoas que estão há mais de três anos esperando uma cirurgia na rede pública. Não dá.
Mas tem médico, enfermeiro e anestesista para fazer esse trabalho de madrugada
e no fim de semana?
Hoje, temos 24 mil pessoas esperando uma cirurgia na rede pública. Nós precisamos avançar nisso. Vamos pagar por cirurgia, por procedimento. Precisa ter prioridade. Governar é escolher prioridades, você precisa escolher onde gastar o dinheiro público. E a prioridade na minha opinião precisa ser a saúde. Você precisa resolver o problema. Outra coisa, na rede pública hoje a pessoa demora para conseguir uma consulta, aí consegue a consulta e o médico pede um exame, a pessoa demora para conseguir o exame. É a vida das pessoas, respeito ao ser humano. Poderíamos criar clínicas populares de consultas e exames, poderíamos transformar as UBS e centros de saúde em grandes clínicas populares. Dotar cada UBS, colocar em cada uma um aparelho de raio-x e um aparelho de imagem, não comprar porque se comprar quebra o aparelho e a população fica sem. Então, fazer tipo um "leasing" de um aparelho por UBS, descentraliza.
E esse modelo que foi adotado no Iges-DF, que dá mais liberdade para a contratação? Começou com o Hospital de Base no governo Rollemberg e foi ampliado para o Hospital de Santa Maria e para as UPAs no governo atual. Você acha que esse modelo dá certo?
Fui autor do requerimento que fez uma audiência pública sobre a questão da saúde pública no Senado Federal e lá estava uma pessoa da Secretaria de Saúde, que disse que hoje as compras no Iges são mais lentas que as compras na própria Secretaria de Saúde. Está tudo tão errado que as compras no Iges são mais lentas que as compras na Secretaria de Saúde! Então, esse é um modelo que não deu certo. Eu acho que a gente deveria voltar ao que era lá atrás a Fundação Hospitalar. Precisa ter agilidade na compra. Um governo tem que ser ágil, principalmente na saúde. Não pode faltar um fio em um hospital, assim como tem que ter controle de estoque. Há uma série de desvios de medicamentos e precisa ter uma fiscalização. O sistema que você não consegue auditar não é um bom sistema. Você precisa informatizar isso. Outra coisa, cada cidadão acima de 50 anos tem que ter direito a um check-up por ano na rede pública.
Nós vemos muitas denúncias envolvendo superfaturamento e desvio de recursos, principalmente na saúde, que é uma área tão estratégica, tão importante. O que pode ser feito para que esses contratos sejam realmente fiscalizados corretamente?
Eu acho que a saúde tem que ser a grande prioridade de um governo. É o maior problema hoje da sociedade. Eu acho que na sala do governador poderia ter uma tela de cada emergência de todos os hospitais. Para ele controlar como está a emergência de cada hospital.
Você se comprometeu, caso seja eleito, a não disputar uma reeleição. Por que fez esse compromisso?
Eu acho que a gente precisa ter um governo que dê certo e una a cidade. Quando a pessoa é candidata e já é candidata à reeleição, fica todo mundo já disputando a próxima. Precisa de uma pessoa que já chegue e fale: "Não serei candidato. Quero unir a cidade, quero um pacto. Quero um governo que dê certo".
Tem alguma coisa do governo Ibaneis que você manteria?
Eu quero ver um governo que seja marcado, principalmente, por cuidar das pessoas, pela melhoria dos serviços públicos, pela melhoria da saúde, da educação e da segurança. Por exemplo, na segurança, acho que tínhamos que voltar a Rocam, o policiamento ostensivo, com ele o policiamento inteligente de segurança comunitária.