A pandemia de covid-19 afetou diretamente os setores do comércio e serviços. No Distrito Federal, a Asa Sul chegou a ter 640 lojas fechadas, em 2021, de acordo com Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista). Entretanto, a vacinação e a flexibilização das restrições sanitárias aqueceu o comércio e reduziu em 23,1% o número de estabelecimentos fechados.
De acordo com o presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, a reabertura das lojas também impacta na redução do desemprego no Distrito Federal. "Lojas abertas significam mais empregos e renda. Hoje, há mais consumidores saindo de casa para ir às compras no comércio de rua e de shoppings. Antes, muitos estavam retraídos temendo a covid-19", aponta.
Segundo o levantamento, na avenida W3 Sul, há 186 imóveis comerciais desocupados e as quadras 503 Sul e 505 Sul lideram o ranking com 24 e 22 lojas, respectivamente, sem funcionar. Já nas quadras 100, o maior número de lojas fechadas — 7 — fica na Comercial Local Sul (CLS) da 113.
Para o Sindivarejista, as causas do fechamento de lojas na Asa Sul passam pelos aluguéis altos e falta de estacionamento. A micro empresária Carolina de Andrade Oliveira, 49 anos, é uma das lojistas que precisou entregar o ponto. Em setembro de 2020, ela fechou a loja de decoração apenas cinco meses depois da inauguração. "O aluguel estava muito caro e ainda recuperando o investimento, sem muito lucro, não deu para manter por muito tempo", explica.
Mesmo com a retomada do comércio, ela afirma que é arriscado tentar investir no mesmo ponto e pretende investir no comércio on-line. "O aluguel ali é muito caro, mesmo em um imóvel não tão favorecido comercialmente. As pessoas se adaptaram ao virtual na pandemia, então acho que seria mais válido investir nesse meio", acrescenta.
Gerente da tradicional Pioneira da Borracha, na 511 Sul, Francisco Fontenele Frota, concorda com a empresária e afirma que a loja só não fechou as portas por não ter que pagar aluguel do imóvel. "O aluguel aqui é muito caro, se tivéssemos que pagar aluguel e não soubesse dosar as despesas, não aguentaríamos. Muitas lojas famosas fechando, pela tradição, estamos tentando manter", aponta.
Fatores externos
Francisco teme que, caso a crise continue, precise fechar as portas. "Não é só por causa da pandemia, é que realmente a crise em geral, o comércio tem sofrido. Com as repercussões lá fora (do Brasil), acaba sobrando pra nós, os impostos estão muito altos, o povo não tem os seus reajustes salariais, as coisas aumentando o preço e o poder aquisitivo do povo vai diminuindo e o comércio vai sofrendo", explica o gerente. Além disso, um outro fator que prejudicou são as vendas virtuais. "Então, o povo hoje compra muito pela internet, isso afetou o mercado negativamente em cerca de 30%. Só vêm às lojas aquelas pessoas que realmente tem a tradição, que gostam de andar, pegar o produto que está comprando", completa.
Apesar das dificuldades, o presidente do Sindivarejista segue otimista e vê um novo comportamento dos clientes. Ele afirma que, com os constantes aumentos dos combustíveis, muitos consumidores passaram a ir às compras perto de suas casas, evitando o uso de carros, economizando gasolina e aumentando o consumo em lojas de rua, próximo às suas casas.
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