Quando se fala em rock, aqui no Distrito Federal, é comum que uma das primeiras imagens que venham à cabeça do brasiliense seja de shows no centro da cidade, na Concha Acústica, por exemplo. Contudo, existe uma festa tradicional — que acontece em Ceilândia — e tem a mesma idade do Rock in Rio. Trata-se do festival Fé, Revolução Cultural e Rock (Ferrock), que começou em 1985, e teve como um dos fundadores Ari de Barros, 64 anos.
Morador do P Sul, ele conta que o movimento Ferrock teve início antes mesmo da data oficial de criação do evento. "Nos anos 1970, algumas pessoas vinham de vários locais do DF, como Sobradinho e Guará, e se encontravam no local, onde atualmente é a praça, e iniciaram algumas atividades para movimentar a comunidade, que era recém chegada", relembra.
Segundo Ari, o movimento foi seguindo desta forma até 1986, quando decidiram colocar um nome definitivo no movimento. "Com muita fé e acreditando em uma Revolução cultural, por meio do rock, acabou juntando essas três palavras para criar o Ferrock", conta. "Continuamos, até hoje, com os mesmos princípios. Desde criança, aprendi que o rock é o transformador da nossa sociedade e acredito muito nisso", observa o pioneiro do festival.
Só que, além do rock, o evento tem outra missão: oferecer ao público atividades socioculturais, lazer, diversão e informação, como destaca Ari de Barros. "O festival resiste até hoje porque a questão social está sempre à frente. Não costumamos realizar o Ferrock se não tiver algo para comunidade inserido", destaca.
Homenagem aos fundadores
Em uma espécie de passagem de bastão, Fernando Benicio, 47, está à frente do festival Ferrock atualmente. Assim como Barros, ele tem amor pelo gênero musical e gosta de ajudar a comunidade. Tanto que o gestor do evento lembra que, durante os shows realizados no dia 10 de julho, a organização estará recebendo alimentos não perecíveis para doação. "Essa iniciativa acontece porque a pandemia veio e destruiu a vida de muita gente, que acabou ficando, principalmente, sem alimentação. Sabemos que o povo rockeiro é muito solidário. Por isso, contamos com a colaboração deles", acredita.
Benicio considera que a expectativa para a 37ª edição é muito grande. "Em 2019, nós tivemos a presença da banda Sepultura, então, o público sempre espera mais do festival", pondera, afirmando que a ideia para 2022 é homenagear os fundadores do movimento. "Vamos trazer bandas com música dos anos 60 e 70, para homenagear aqueles que iniciaram, lá atrás, esse movimento que é tão importante para a cultura do DF", frisa Fernando.
Blues Delas
Participando pela segunda vez do Ferrock, Mariana Camelo, 30, está muito animada. Para a roqueira, estar no Ferrock sempre será uma honra. "Estou muito ansiosa para a chegada do evento, não só pela minha participação, mas também por querer curtir as bandas que fizeram história tanto no DF quanto no Brasil", ressalta. A artista já esteve presente no projeto Música nas Escolas, que aconteceu no dia 8 de março, representando as mulheres no rock.
Falando do evento em si, Camelo também vai estar presente em 10 de julho, quando acontece o Lendas do Rock. "Farei discotecagem para homenagear os grandes nomes do rock. Vou trazer um set recheado de clássicos, junto à produtora Eliane Castro", comenta. "Além disso, em 14 de agosto, dia do encerramento, vou estar com o Blues Delas, um projeto que reúne mulheres cantoras do DF e que faz homenagem às divas do blues e do jazz", aponta Mariana.
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Oficinas
O pontapé inicial do festival será hoje, no Sol Nascente, quando acontecem apresentações de cultura popular e uma série de atividades voltadas para as crianças. Às 9h, serão realizadas oficinas de pássaros do cerrado em argila, com John Du Francis, brinquedos populares, com Rene Bomfim, pintura de rosto, com Ana Paula Moraes, e brinquedos e brincadeiras, com o grupo Curumim. Em seguida, às 11h30, é a vez do grupo de Capoeira Ginga Ativa.
No período da tarde, a partir das 14h, o grupo Mamulengo Fuzuê apresentará um teatro de bonecos. Às 15h, o público contemplará uma série de atividades circenses, com a Cia de Circo Boneco e Riso. Na sequência, às 16h, será a vez do grupo de catira Irmãos Vieira. Fechando o dia, às 17h, apresentação do grupo de quadrilha junina Mala Véia.
Em 10 de julho, será a vez do Lendas do Rock. Serão seis atrações, locais e nacionais, que vão se apresentar na Praça do Trabalhador, em Ceilândia Sul. A programação está prevista para começar às 14h, com as DJs Mariana Camelo e Elaine de Castro. Em seguida, às 16h40, será a vez da banda Elson 7 (DF), seguida pela Mel da Terra (DF), às 17h20. Na parte noturna, às 18h, o grupo Matuskela (DF) subirá no palco. A partir das 18h40, o grupo Patrulha do Espaço (SP) vai tocar hard rock. Às 19h40, Pholhas (SP), e para encerrar, às 20h40, Made in Brazil (SP).
Para o encerramento, em 14 de agosto, acontecerá uma feira de economia criativa, oficinas de brincadeiras infantis, discotecagem, uma praça gastronômica e rock anos 60. As atrações do dia ainda serão confirmadas.