A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) segue com as investigações sobre o roubo cometido em uma agência bancária do Paranoá, na madrugada dessa segunda-feira (13/6). Seis pessoas foram presas, e um adolescente apreendido pela Polícia Militar (PMDF). Na delegacia, os suspeitos confessaram que o crime teria sido ordenado por presos de uma penitenciária de Mato Grosso (MT) integrantes do Comando Vermelho (CV). Nos depoimentos, alguns dos envolvidos também disseram que a empreitada foi articulada pelo menor, de 17 anos, que teria oferecido um pagamento de até R$ 2 mil pela participação.
Recém-chegado de MT, Alan Vitor Danelichen, 19, está entre os sete presos e deu detalhes do planejamento do roubo. O jovem chegou à agência bancária por volta das 2h de segunda-feira e, junto aos comparsas, começou a arrombar a grade do telhado do banco usando duas lixadeiras para obter êxito. Com ferramentas em mãos, os criminosos cortaram um dos cofres, quando foram surpreendidos pelas sirenes das viaturas da PMDF.
Os policiais militares chegaram ao local minutos depois de serem acionados para atender um chamado de furto a banco. Nas buscas ao redor da agência bancária, os PMs notaram que um dos vidros estava quebrado e a grade cortada, mas não havia ninguém no interior da instituição. Momentos depois, ouviram um barulho vindo do prédio e perceberam a presença de pessoas no telhado. Segundo a PMDF, os criminosos efetuaram disparos de arma de fogo contra os policiais, que revidaram na mesma direção. Ninguém ficou ferido.
Além de Alan, foram presos em flagrante Vitor Matheus Ferreira, 25, e Kelvin Jordan Costa, 22. Do lado de fora da agência, a polícia encontrou um Gol preto estacionado com outras quatro pessoas, incluindo o adolescente: Cristiano do Amaral, 27, Jackson Ferreira da Conceição, 31, e Alyce Soares Rodrigues. Nos interrogatórios, o grupo também deixou claro a divisão de tarefas no roubo: alguns ficariam na área externa para vigiar, caso alguém aparecesse; outros, permaneceriam no carro para dar fuga e, pelo menos três, arrombariam a instituição financeira e roubariam.
Depoimento revelador
Para a polícia, um dos suspeitos contou que a ordem do furto ao banco partiu de dentro do presídio, do "comando". A suspeita é de que a encomenda tenha partido do CV, facção rival do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Pelo menos outros três carros foram vistos pelos policiais, que seriam de outros supostos envolvidos. A PCDF estima que, ao menos, 15 pessoas tenham envolvimento no crime. O delegado Ricardo Viana, chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), afirmou que investiga a participação de cada um dos suspeitos. "Há indícios de participação de mais pessoas. Quantas eram, não conseguimos determinar. As investigações continuam", frisa.
Estima-se que os foragidos tenham conseguido levar R$ 100 mil dos cofres. A polícia também apreendeu celulares, marreta, dois coletes balísticos, além de outros apetrechos, como alicates, lixas, tesoura e parafusadeira. Os sete presos foram liberados em audiência de custódia realizada terça-feira. Na decisão, o juiz entendeu que as condutas dos autuados “precisam ser delineadas de forma mais aprofundada”, pois, segundo o magistrado, apesar da informação de que os disparos de arma de fogo teriam sido disparados por algum dos suspeitos, nenhum armamento foi apreendido com o grupo. “Assim, não restou demonstrada periculosidade exacerbada a ponto de justificar qualquer segregação antes do momento constitucional próprio [...]”, frisou.
O magistrado impôs medidas cautelares aos presos, como a instalação da tornozeleira eletrônica, a proibição de mudar de endereço, de se ausentar do DF sem autorização da Justiça e o recolhimento domiciliar todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos e feriados, das 20h às 6h. Para a mulher, o juiz encaminhou um ofício à Polícia Federal para que a acusada não deixe o país.