OBITUÁRIO

Amigos e colegas prestam homenagens ao fotógrafo Sérgio Amaral

Aos 67 anos, o repórter fotográfico Sérgio Amaral deixa a mulher, a jornalista Elizabeth Almeida, 57, com quem era casado há 21 anos, e o filho, Gabriel, 19

Amigos e colegas de profissão prestaram homenagens, nas redes sociais, ao repórter fotográfico Sérgio Amaral, que morreu na madrugada desta quarta-feira (8/6), após uma longa luta contra o câncer de pulmão. Aos 67 anos, ele deixa a mulhwe, a jornalista Elizabeth Almeida, 57, com quem era casado há 21 anos, e o filho, Gabriel, 19.

Sérgio morreu enquanto dormia, nas primeiras horas desta quarta-feira (8/6). De acordo com a mulher, a jornalista Elizabeth Almeida, ele estava recebendo cuidados paliativos em casa. “Achei que ele estava sofrendo demais internado no hospital, e decidi trazê-lo para receber oxigênio em casa”, cita. Abalada com a morte do companheiro, com quem partilhou a vida ao longo de belos 21 anos, Beth — como é conhecida por amigos e colegas — ressaltou a falta que o repórter fotográfico vai fazer.

Para além da profissão, Sérgio foi uma figura marcante na vida daqueles que o conheciam. “Ele foi uma pessoa muito honesta, com seus princípios. Isso era algo basilar. Ele sempre foi muito coerente com as coisas que defendia e foi um traço marcante de sua vida”, explica Elizabeth. De acordo com a jornalista, Sérgio sempre defendeu que a boa fotografia precisava trazer sentimento. “Mais do que fotografar uma pessoa, era importante, para ele, captar o sentimento dela. Ele sempre foi uma pessoa muito sentimental”, diz.

Reprodução/Redes Sociais - Aos 67 anos, o repórter fotográfico Sérgio Amaral deixa a esposa, a jornalista Elizabeth Almeida, 57, com quem era casado há 21 anos, e o filho, Gabriel, 19

Homenagens

O repórter Marcelo Abreu publicou, em suas redes, uma homenagem ao fotojornalista e amigo. “Eu e Sérgio fomos contar a vida no Lixão de Brasília. E foi ali que nos conhecemos. No meio do horror, da miséria, da disputa de gente e urubu pelo caminhão do Carrefour, que chegava no fim da tarde, com os produtos vencidos”, recorda. No post, Abreu recordou a luta de Sérgio contra o câncer e deu um último adeus ao repórter fotográfico. “Vai, garoto paulistano! Arrebenta de luz lá em cima. Os bons partem antes. Sempre”.

O jornalista Renato Ferraz também prestou homenagem a Sérgio. “O bom de ter rodado tanto pelas redações do Recife, Belo Horizonte e Brasília foi ter conhecido figuras como o fotógrafo Sérgio Amaral. Mas não é só de humor que se faz um cara. Ele era phoda”, cita. Renato ressaltou o caminho trilhado pelo jornalista. “Siga em paz, camarada”.

O fotojornalista Sérgio Moraes também recordou os tempos de Sérgio nas redações, com uma foto dos tempos em que o repórter fotográfico trabalhava no pré Olímpico de futebol no Paraguai, em 1991. “Ano em que conheci essa figura espetacular que acaba de nos deixar. Uma perda enorme. Deixo aqui meus sentimentos para toda a família e amigos”, disse, no post.

Reprodução/Redes Sociais - O fotojornalista Sérgio Moraes também recordou os tempos de Sérgio nas redações, com uma foto dos tempos em que o repórter fotográfico trabalhava no pré Olímpico de futebol no Paraguai, em 1991
Reprodução/Redes Sociais - O fotojornalista Sérgio Moraes também recordou os tempos de Sérgio nas redações, com uma foto dos tempos em que o repórter fotográfico trabalhava no pré Olímpico de futebol no Paraguai, em 1991

Nas redes sociais, ainda, a jornalista Vanda Célia lamentou a morte de Sérgio. "Depois de Orlando Brito e Dida Sampaio, é o terceiro grande profissional da fotografia que nos deixa teve atuação brilhante em Brasília. Amaral enfrentava um câncer. Lamento profundamente a morte deste amigo querido", disse.

Tratamento do câncer

Em fevereiro deste ano, o repórter fotográfico lançou um site de venda de fotografias com trabalhos feitos há mais de 20 anos. A iniciativa tinha como intuito o custeio de tratamento de saúde dele. Mesmo o tratamento sendo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as despesas ainda são altas, e Sérgio encontrou na venda de algumas das suas imagens, uma forma de custear os gastos.

À época, ele explicou ao Correio que o projeto teve início em dezembro do ano passado, quando ofereceu oito fotografias feitas na Amazônia entre 1990 a 1999 e que retratavam o cotidiano local. Em fevereiro, o repórter colocou à venda 41 fotos retiradas das prediletas. Feitas com viés geográfico e humanista, os trabalhos foram realizados há 20 anos ou mais, em filmes Kodak, Ilford e Fuji.

"As fotografias deste site são recortes de viagens maravilhosas em que aprendi muito, fiz amigos e trouxe belos registros", destaca. "Eu sempre cuidei muito dos meus arquivos, são fotos de interesse humanístico e geográfico, sem trair a essência do meu trabalho. Eu procurei o belo", explicou, em entrevista ao Correio. O site pode ser acessado aqui.

Saiba Mais

Carreira

O repórter fotográfico Sérgio Amaral já passou por inúmeros jornais, inclusive o Correio Braziliense, em que atuou de 1996 a 2004. Com mais de 40 anos dedicados ao fotojornalismo, iniciou a carreira em 1977 e acumula prêmios como o Esso de Fotografia de 1992, o grande prêmio do Salão Finep de Fotojornalismo de 1996, a medalha de excelência gráfica da Society for News Design, na categoria ‘editor de fotografia’ pelo CB e o prêmio ONU Habitat de 2014. Ainda não há informações sobre o funeral e enterro.