A redução das temperaturas dos termômetros do Distrito Federal aumentou os casos de doenças sazonais. Gripe, síndromes respiratórias, alergia e resfriados são comuns no período, mas, com a nova onda de infecção da covid-19, brasilienses têm corrido às emergências de hospitais em busca da confirmação de um diagnóstico. O aumento nas salas de espera foi registrado por profissionais da saúde nos últimos dias, e chama a atenção de especialistas, que reforçam o cuidado para evitar a exposição ao ambiente hospitalar sem necessidade, ou sobrecarregar as emergências hospitalares.
No Santa Lúcia, localizado na Asa Sul, a procura pela emergência aumentou nas últimas horas. De acordo com o clínico geral e chefe do setor, Luciano Lourenço, "as pessoas que, comumente, não procuram o pronto socorro, estão indo para ter a avaliação de um profissional", cita. Segundo o especialista, a situação se justifica pelo momento endêmico que os brasilienses vivem.
A taxa de transmissão na capital do país chegou, na última sexta, a 1,43. Resultados superiores a 1 apontam que a pandemia está fora de controle.
O descontrole do contágio se reflete na situação vista nas emergências dos hospitais. O Hospital Home também registrou aumento dos atendimentos no Pronto Socorro. Em nota, a instituição informou que casos de gripe, vírus sincicial, covid-19 e dengue estão entre os mais comuns na emergência.
Nos hospitais da rede pública, o caso não é diferente. Pacientes aguardavam por atendimento no pronto socorro do Hospital de Base. A reportagem esteve no local. Em nota, a Secretaria de Saúde confirmou o aumento na demanda hospitalar e clínica, e justificou. "Devido ao período de sazonalidade de doenças respiratórias, além de um aumento expressivo nos casos de dengue e covid-19, o que eventualmente acarreta em superlotação, restrição de atendimento aos casos mais graves e encaminhamentos para outras unidades, em função da longa espera por atendimentos. A pasta ressalta, ainda, que não tem medido esforços para reforçar o atendimento nas unidades de saúde do DF", informou.
Segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde na última sexta, 2.304 infecções foram confirmadas. A capital do país acumula 718.242 casos de covid-19 desde o começo da pandemia, dos quais 690.459 (96,1%) são considerados recuperados. No total, o DF amarga 11.692 vidas perdidas pela doença.
Ajuda médica
Mas, afinal, quando ir para o hospital em busca de atendimento? De acordo com Luciano Lourenço, caso o paciente apresente os sintomas e tenha uma evolução rápida em 24 horas, é importante procurar uma emergência. "Se começar a aparecer coriza, febre, ou dor de cabeça, em 24h, vale a pena procurar o pronto socorro. Mas nos quadros mais leves, como resfriados com espirros ou tosse, precisamos de, no mínimo, três dias, para fazer uma investigação melhor e, inclusive, conseguir identificar a covid-19 no teste", explica.
A infectologista do Hospital Sírio Libanês, Valéria Paes adverte, ainda, quanto à falta de cuidado em caso de sintomas. "Tem casos de pessoas que têm medo de ir ao pronto socorro, com receio de adquirir a covid-19. Mas é importante que o paciente receba avaliação médica", pontua.
Imunização
Durante a participação da Festa do Divino Espírito Santo, ontem, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), reiterou a importância da vacinação. "Aquelas pessoas que têm comorbidades devem evitar ficar sem máscara. Mas como disse, é outro momento, pois temos poucas internações e poucos óbitos. Essa é a prova concreta que a vacinação é o caminho correto e estamos com a quarta dose para pessoas com mais de 50 anos e continuando a imunização dos jovens", acrescenta.
Segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 177 mil brasilienses acima de 12 anos não deram início ao ciclo vacinal contra a covid-19. Além disso, quase 110 mil pessoas com 12 anos ou mais não retornaram às unidades de saúde para receberem a segunda dose. Estima-se, ainda, que 743 mil pessoas que já podem tomar a terceira dose (D3) não buscaram o reforço.
Casos nas escolas
Além das emergências nos hospitais, a quarta onda afetou a rotina das escolas públicas e também particulares. Conforme veiculado no Correio, além de suspender turmas inteiras, instituições de ensino particulares decidiram retomar o ensino a distância e até mesmo adiar a realização de festas juninas, na tentativa de conter a propagação do vírus. Diante da situação, a força-tarefa de enfrentamento à covid do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) requisitou à Casa Civil do Executivo informações sobre as medidas para enfrentamento do atual aumento de casos e da taxa de transmissão à Casa Civil do Distrito Federal.
Os relatos crescentes de casos da doença encaminhados ao Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF) e ao Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) levaram as duas entidades a buscarem orientações e apoio nas secretarias de Saúde e de Educação e também a adotar medidas por conta própria, como a promoção de campanhas de esclarecimento nas escolas. De acordo com diretor jurídico do Sinpro-DF, Rodrigo de Paula, apesar do alerta encaminhado às secretarias de Educação e de Saúde no início da semana, até ontem, nenhuma das pastas havia tomado qualquer tipo de providência.